Lilian Schiavo: Coragem

Era um sábado ensolarado e resolvi dar uma caminhada pelos arredores da minha casa, acostumada com o comércio local levei um susto ao me deparar com lojas fechadas, não uma, mas várias…

Numa delas vi a proprietária sentada na porta, do lado de fora, provavelmente conversando com uma ex-funcionária, as duas pareciam desoladas diante da porta cerrada.

No prédio da frente, um galpão funcionava como espaço multiuso, com um café de chefs especiais portadores de síndrome de Down, no local também havia um restaurante que oferecia almoço a um preço excelente e uma deliciosa comida caseira, era comum encontrar filas na hora do almoço. Para completar lojas com produtos sustentáveis, um exemplo de economia criativa e uma oportunidade de espaço para artesãos. Deu uma tristeza ver as portas fechadas e sem vida.

Inúmeros estabelecimentos comerciais seguiram o mesmo caminho e farmácias, confecções, restaurantes, lojas de acessórios e livrarias desapareceram, ficaram numa curta memória que logo vai cair no esquecimento total.

Ser empresária é um desafio diário, temos que conhecer as exigências do corpo de bombeiros, da vigilância sanitária, os alvarás, a ABNT, a contabilidade, as leis trabalhistas, a constituição, as taxas de juros, entender organogramas e por aí vai.

É preciso saber se equilibrar na corda bamba, é sentir a solidão na hora de decisões, é se manter firme e forte para dar o exemplo, é cuidar do funcionário como se fosse alguém da família, é entender os limites dos outros, é acostumar os ouvidos a ouvir sonoros nãos.

Se você escolheu ter seu próprio negócio não imagine que vai ser fácil, pode se preparar para grandes desafios, treine sua mente para não se deixar esmorecer com as pessoas que querem te desanimar e te tirar do foco. A maior parte dos amigos vai dizer que você enlouqueceu, que está com mania de grandeza, voando muito alto, sonhando demais… vão pedir para você colocar os pés nos chão mas você vai insistir em flutuar.

Pois é, a luta foi dura mas você venceu! E agora, depois de tudo as portas estão sendo fechadas… o sonho acabou?

Hoje quero falar com quem já subiu e desceu, com quem ganhou e perdeu, com quem tem uma história de vida.

Por experiência própria e observação diária, aprendi que tudo passa menos a nossa capacidade de resiliência, esta aumenta a cada tombo e sobrevive a cada queda.

Ao invés de chorar pelo leite derramado levante e ande, prossiga caminhando, se reinventando, sem vergonha de ter caído mas aprendendo com os erros cometidos, olhe no espelho e diga bem alto: da próxima vez vou fazer diferente! Afinal, para obter o mesmo resultado catastrófico é só continuar fazendo do mesmo jeito.

Sei o quanto é duro pensar em todo o investimento perdido, no tempo dedicado, nos finais de semana sacrificados, fica um gosto amargo de derrota, um desespero ao acordar de manhã e não ter para onde ir ou o que fazer. Se você está assim, mergulhe na sua dor, você tem o direito de ficar um pouco quieto para depois renascer como fênix. Dê um tempo para seu luto, afinal, foi um sonho que morreu.

E agora?

Tome uma boa dose de coragem, misture inovação e ânimo para vencer, vista sua armadura e se torne forte novamente, os vencedores também se machucam durante as lutas, têm escoriações e levam tombos, mas nada que os impeça de continuar.

Uma porta se fechou, mas outras podem ser abertas ou escancaradas. Se não der, entre pela janela mesmo ou enfie o pé e derrube a porta, o importante é encontrar outro espaço, uma nova solução.

Vale continuar lutando, só não vale parar e ficar com dó de si mesmo.

” Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.” Thomas Edison