Crítica: Beyond Skyline (2017)

Existem várias maneiras com as quais eu poderia começar este texto, porém, prefiro começar dizendo que esta sci-fi de ação Beyond Skyline (EUA/IND/SIN/CHI/UK/CAN, 2017), traz como protagonistas dois dos melhores “action men” do momento: Frank Grillo e Iko Uwais. Quem leu aqui mesmo no Portal do Andreoli as minhas críticas de Wheelman, Operação Invasão 2 e Headshot, sabe do meu apreço por estes dois sensacionais e injustamente sub-utilizados intérpretes. Curiosamente, e saindo um pouco do foco, Uwais é o protagonista da franquia Operação Invasão, cujo primeiro filme está ganhando um remake americano, protagonizado por… Frank Grillo! É ou não é o máximo!

E eis que do nada, surge este Beyond Skyline para juntar os dois em cena, numa sequência do modesto filme Skyline: A Invasão, lançado em 2010, e dirigido pela dupla Colin e Greg Strause (Alien Vs. Predador 2), especialistas em efeitos-visuais. De fato, o melhor do filme original são mesmo seus efeitos-especiais, que retratam de maneira eficiente uma invasão e uma posterior abdução alienígena em massa. Apesar da enorme quantidade de problemas do filme original, a produção tem lá seus admiradores (eu mesmo não acho o filme tão ruim assim), o que acabou justificando esta sequência.

No filme, Grillo interpreta Mark, um detetive que deve lutar para salvar a vida de seu filho e a sua própria, após uma invasão alienígena que sequestra a maior parte da população e a aprisiona em suas naves. E basicamente é isso. Não espere nenhum desenrolar mirabolante ou mesmo algum desenvolvimento maior da porção científica da história. Beyond Skyline é puro entretenimento pipoca, o que não necessariamente precisa ser uma coisa ruim.

Beyond Skyline é inclusive uma sequência bem decente, que aprimora os eventos do primeiro filme e os reconta de modo mais eficiente. Ao invés de focar em um irritante grupo de amigos como fez o primeiro filme, Beyond Skyline acertadamente se concentra na relação entre pai e filho, o que dificilmente costuma dar errado. Em alguns momentos é bastante piegas e previsível, mas os eventos que circundam esta relação e montam a trama da produção são excitantes, repletos de ação e divertidos, o que acaba compensando a pieguice.

Se o filme original compensava sua fraquíssima narrativa com uma overdose de (bons) efeitos-especiais, Beyond Skyline não comete o mesmo erro. O filme tem sua cota de CGI, mas não a utiliza para disfarçar a falta de roteiro ou outros defeitos. As cenas de ação têm um propósito e adicionam uma intensidade genuína, gerando uma boa dose de suspense. É claro que o filme não é perfeito, e em muitos momentos o espectador precisa deixar a verossimilhança de lado – um momento em particular, onde Mark usa um prego fincado em sua perna para escalar e subir em uma nave é no mínimo absurdo – mas é o tipo de coisa que o espectador pode não só deixar de lado, como ainda pode se divertir com isso.

Grillo mais uma vez mostra sua tendência natural para interpretar o papel do líder, e ele o faz com a competência de sempre. O astro das artes-marciais Iko Uwais adiciona uma camada interessante ao filme, ou seja, prepare-se para cenas de luta coreografadas com excelência envolvendo Uwais e Grillo. Isso até eles perceberem que é melhor os dois juntarem forças para enfrentar os verdadeiros inimigos: Os aliens! Isso só aumenta o fator diversão do filme, afinal, quem não gostaria de ver Uwais saindo na porrada com um alien três vezes maior do que ele? Quer mais um motivo para ver o filme? Yayan Ruhian, companheiro de Uwais nos filmes da franquia Operação Invasão, também está em cena descendo o pau nos extraterrestres invasores. A mistura de ficção-científica e artes-marciais incrivelmente funciona, injeta no filme uma boa dose de criatividade e prova que o diretor Liam O’Donnell (um dos roteiristas do primeiro filme), quer surpreender sua audiência.

Beyond Skyline entrega tudo o que o público procura em um blockbuster: bastante marmelada, ação desenfreada e um plot exagerado, mas que não compromete. A produção também recicla várias ideias de outras sci-fi existentes, e não oferece nada realmente novo ao gênero. O filme flerta um pouco com Prometheus, do mestre Ridley Scott, mas prefere evitar os questionamentos mais profundos. Beyond Skyline, ao menos, não é uma aventura de ficção completamente descerebrada.

No fim das contas, Beyond Skyline é surpreendentemente impressionante. Se você encarar o filme com as expectativas baixas então, é bem capaz de terminar o filme com um sorriso no rosto, até porque o filme é exatamente o que um filme como esse deve ser: um excitante e surpreendente entretenimento de ação que com certeza vale uma espiada.

Beyond Skyline não tem previsão de estreia no Brasil, e deve chegar ao país diretamente em serviços de streaming e VOD.