Silene Silva – Pet: O resgate de uma vida

Abandonada dentro de uma caixa de papelão, Bebel, na época com cerca de três meses, foi deixada à própria sorte em frente ao abrigo Ong Anjos Protetores, localizado em Macapá, capital do Estado do Amapá. Além do abandono, o animalzinho era portador de uma doença rara chamada síndrome do cão nadador (anormalidade de desenvolvimento de filhotes) que ocasionou a perda dos movimentos das patas traseiras e provocou feridas por todo o corpo. Com toda dificuldade na locomoção — se tratando de um cachorro — teria sido uma trajetória pior não fossem os voluntários que se dispuseram a cuidar da filhotinha até que ela encontrasse uma família para oferecer um lar temporário e depois ser finalmente adotada. 

Maitê Duarte, de 25 anos, viu a foto da cadelinha em uma página de adoção e decidiu oferecer um lar que, inicialmente, seria apenas temporário. A internacionalista estava comemorando mais um ano de casada com Tiago Luedy e aproveitou para realizar um sonho antigo do casal que era adotar um cão. “Quando tomamos conhecimento do abandono da Bebel, logo entramos em contato com a Ong e fomos visitá-la”, contou Maitê. 

Um amor à primeira vista, definiu a adotante! Toda a limitação que Bebel carregava, tornou-a muito mais apaixonante aos olhos de quem só esperava encontrar o amor. Maitê contou que Bebel era tão pequenininha e linda que não pensaram duas vezes e levaram o animalzinho pra casa. 

Era 25 de novembro de 2016, Tiago e Maitê embarcaram na dor e delícia de se adotar um cachorro em circunstâncias tão críticas, como as que estava Bebel. A cachorrinha não conseguia andar e se arrastava pelo chão. Tinha dificuldades para fazer as necessidades fisiológicas, por isso Maitê teve de se dedicar integralmente a ela. Os cuidados eram muitos e intensos, 24 horas por dia. O casal sabia, desde o primeiro momento, que não seria fácil, mas estava disposto a encarar juntos a luta da pequena. 

Além de todo o sofrimento que Bebel carregava por conta da síndrome, ela ainda contraiu a doença erliquiose canina, mais conhecida como a doença do carrapato, porque é transmitida pelo acarídeo. A bebê dog estava anêmica, tinha escoriações por todo corpo, possivelmente por maus-tratos nas ruas.

Com todos os obstáculos, havia uma boa notícia: Bebel não possua nenhuma fratura, e não foi necessário passar por cirurgia. Então, o tratamento partiu diretamente para as sessões de fisioterapia!

Com a ajuda de voluntários da Ong, o casal conseguiu custear todo o tratamento, incluindo os vários medicamentos que Bebel teve de fazer uso. Já na terceira sessão da fisioterapia, Bebel conseguiu ficar alguns segundos de pé e até bebeu água sozinha – ação que a cadelinha dependia de Maitê para realizar. Foi um trabalho de formiguinha, árduo e trabalhoso. Mas, a cada evolução, o casal pode sentir a emoção de ver Bebel progredir. “Foi uma alegria tão grande, que fico comovida só de lembrar”, diz Maitê.

O casal sentiu que o esforço era mútuo. Bebel também estava lutando, demonstrando estar disposta a vencer para compensar todo o esforço que seus novos “pais” adotivos estavam fazendo para que ela vencesse a batalha no qual a doença travou logo nos primeiros meses de sua vida.

Atualmente, Bebel praticamente não se arrasta mais. Ela caminha, pula e até sobe no sofá (antes impossível por conta de suas limitações). A cadela não chegou aos 100% ainda, mas Maitê afirma que é apenas uma questão de tempo. Paciência e zêlo o casal já provou que têm. Força e determinação Bebel mostrou ter de sobra. A luta desse bichinho mostrou que não há barreiras para as ações realizadas com amor.

A história de Bebel já emocionou Mundo afora. O vídeo que mostra a cadelinha em diversas etapas de seu tratamento, divulgado em uma página criada para ela, nomeada de Bebel – Guerreira de 4 Patas, já foi visto mais de 1 milhão de vezes e tem cerca de dez mil seguidores. Isso prova que as pessoas estão cada vez mais sensíveis e humanizadas. Maitê e Tiago não imaginavam o quanto Bebel mudaria suas vidas e embarcaram na aventura. “Hoje, quando olhamos para ela e recordamos a mudança de rotina que tivemos de fazer, a adaptação da casa somadas a dedicação exclusiva, vemos que tudo valeu a pena”, conta emocionada. Servir de incentivo e inspiração pra que outras pessoas tenham consciência de que adotar é um ato de amor, tornou-se motivo de orgulho para o casal. A responsabilidade é grande, mas a recompensa que se recebe é impagável.