Márcia Sakumoto: Boutique de frutas do Japão 

frutas

Em Tóquio não existem feiras como no Brasil. A gente encontra frutas em supermercados ou em verdadeiras boutiques de frutas. Por aqui, nem banana você encontra a preço de banana.

No luxuoso centro comercial encontramos a vitrine impecável do maior fruticultor do Japão que busca produzir e encontrar as melhores e mais perfeitas frutas do mundo para vendê-las como joias.

Em 1834, através do ancestral samurai, o negócio nasceu como uma quitanda de frutas modesta que foi se expandindo. Os frutos são comprados devido à cultura de presentear as pessoas com frutas em ocasiões especiais, além de serem consideradas afirmação de status.

As frutas receberam técnicas avançadas a laser, onde produtores podem avaliar acidez, teor de açúcar, peso e controlar totalmente o desenvolvimento das mesmas. Ushio Oshima pertence a sexta geração da família, é gestor de desenvolvimento da empresa e garante que as frutas são tratadas como joias, recebendo até massagens com luvas por funcionários minuciosamente treinados, formando o fruto perfeito com documentos e certificados atestando ausência de radioatividade.

As frutas são organizadas e vendidas em caixas especiais com protetores fofinhos e embalagens cuidadosamente desenvolvidas, tudo para manter o negócio seguindo até os dias de hoje com sucesso e muito luxo.

Impossível não ficar boquiaberta com a qualidade e preços das frutas, como das mini maçãs fuji vendidas por 11 mil ienes ($100 dólares), um único cacho de uva ruby roman pode custar 36 mil ienes ($330 dólares), morangos bijin hime (bela princesa) com tamanho similar a uma bola de tênis podem custar 50 mil ienes ($460 dólares).

Mas o queridinho dos japoneses é o Musk Melon com uma história de 100 anos. O seu cultivo iniciou em 1887 com mudas trazidas do Reino Unido. Seu preço é bastante variável, mas o luxuoso queridinho só sai da vitrine por no mínimo 10 mil ienes ($100 dólares), mas já foram leiloados a valores equivalentes a de carros.

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A loja principal da boutique está distribuída em quatro espaços: loja principal, café, salão de frutas e deméter, além das filiais na região de Kanto em Tóquio, Chiba, Saitama e Kanagawa. O ambiente é refinado, agradável, com delícias fascinantes. Todo o cardápio é com frutas e o chef garante: uma vez em sua boca, você vai sentir a felicidade.

As frutas não leiloadas vão para as vitrines. 

Porém, no mercado das frutas tradicionais do dia a dia, pequenos agricultores abrem uma oportunidade de honestidade, confiança, além do combate ao desperdício e perdas, pois no Japão somente 15% do solo é apto à agricultura, devido seu relevo montanhoso. É bem comum nos depararmos com plantações de pequenos agricultores em áreas residenciais e com essa curiosidade: Mujin Hanbai (vendas sem acompanhamento), barracas de vendas solitárias, sem atendentes, onde normalmente deixam expostas frutas e verduras fresquinhas colhidas toda manhã.

O comprador paga um preço barato fazendo tudo sozinho: escolhe, embala e deposita o dinheiro em uma caixa que será aberta pelo agricultor no final do dia, retirando o valor das vendas. 

 Os preços das frutas fora das boutiques é bastante razoável, além da quantidade quase individual. 

Realmente, fruta é um produto caríssimo no Japão, mas muito bem selecionado no controle de qualidade, desperdício e perdas, mesmo fora do mundo das boutiques.

Esse assunto me fez lembrar do CEAGESP, o maior entreposto de alimentos da América Latina em São Paulo – Brasil. Quanta fartura!!

Em 2003 foi criado o BCA (Banco CEAGESP de Alimentos). Tem como objetivo coletar, selecionar e distribuir alimentos fornecidos por produtores e comerciantes atacadistas (permissionários) para entidades sociais do Estado de São Paulo, favorecendo creches, asilos, abrigos e várias outras entidades.

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Para receber as doações, as entidades precisam estar cadastradas no BCA.

E-mail: bancodealimentos@ceagesp.gov.br 

 

Nos vemos semana que vem, até lá! 

Sayonara!

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Uma resposta

  1. Adorei a reportagem Marcinha. Bom saber que está melhorando a qualidade das frutas aqui em Nihon. Amo frutas e sinto muita falta. Apesar do valor ser um pouco mais. Mas eu pagaria só para saborear???

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