Andrea Ignatti: Deixar passar

automobilismo

O apressado no automóvel atrás do seu. O pedestre, aguardando na faixa de segurança; o cachorro, mesmo fora dela. O cliente preferencial na outra fila. O tempo.

As ruas de Monte Carlo, no Principado de Mônaco, formam o circuito mais estreito da Fórmula 1 — e não permitem que um carro deixe outro passar com facilidade. (Deixa, deixa passar, vai? Não!!!)

Não é à toa que Ayrton Senna não deixou passar praticamente nenhuma das oportunidades que teve para ratificar a nobre qualificação que recebeu da imprensa mundial, como Rei de Mônaco, por todos os recordes que conquistou naquela pista. O mundo não esquece. O mundo do automobilismo não esquece. Nós não esquecemos. Mônaco não deixa passar.

Monte Carlo também não deixa passar Niki Lauda. Deixa passar, sim, um minuto de silêncio — e é incomensurável observar como tantas máquinas e tantos motores do porte do automobilismo moderno sejam capazes de silenciar concomitantemente. Pela Lenda Lauda, é algo realmente lindo.

O tempo. A saudade, se for triste. A mágoa. A lembrança, se não for alegre. Aquilo que te incomoda. O passado. Bola pra tiro de meta? Teu jogador foi embora? O jogo que o teu time perdeu? Deixa passar.

A chance clara de gol. O fair play. O afeto positivo, a melhor lembrança, o que te faz bem, quem te faz bem. O tempo em vão. O brilho nos olhos. Coisa boa que apareceu na tua vida? Não, isso não deixa passar!

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