Lilian Schiavo: O retorno

Aos poucos, algumas portas se abrem, timidamente e com cautela.

Tapetes desinfetantes, medição de temperatura, álcool gel e a obrigação do uso de máscaras.

Os estabelecimentos estão adequando os espaços para seguir as normas de segurança e distanciamento social.

Os profissionais da beleza voltarão paramentados como os profissionais da saúde, com aventais, máscaras e luvas.

Os cinemas se transformaram em drive-in e muitos shoppings e lojas operam em drive-thru.

As reuniões continuam virtuais e pelo visto permanecerão assim por um bom tempo, afinal, se antes um atraso de 15 minutos era aceitável numa reunião presencial agora é inadmissível deixar uma pessoa parada na frente de uma tela de computador aguardando 15 minutos para o início da transmissão.

Também nos tornamos mais objetivos e diretos, sabemos de antemão o horário de início e término da reunião e por isso não há tempo a perder, pausas para café também foram abolidas.

Temos muitas Lives disponíveis e simultâneas e às vezes fica difícil escolher, você vai navegando, ouvindo um pouco de cada, buscando quem tem mais conteúdo e conhecimento.

Este distanciamento provocou efeitos colaterais… eu por exemplo, ganhei quilos extras e me sinto robusta como um quadro de Botero, testei novas receitas, converso com os pets e tenho certeza que me entendem, eles até respondem com meneios de cabeça.

Os cabelos cresceram e os branquinhos apareceram, as unhas que antes estavam manchadas de tanto esmalte agora estão curtas e saudáveis.

Os abraços e beijos fazem muita falta e ouço depoimentos de avós que já não se contentam a acenar da janela e começaram a encurtar distâncias, contam as peripécias em voz baixa como se fosse um segredo, uma infração cometida.

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Conversar com outros países ficou fácil e se antes você nem sabia o que era uma conference call agora já pensa em internacionalizar sua empresa.

Os escritórios de arquitetura estão criando soluções inovadoras para as novas demandas, as mesas de reuniões estão mudando de formato para facilitar a conversa com a tela de vídeo. Lembra dos filmes de ficção científica onde o chefe aparecia gigante numa tela que ocupava quase toda a parede?

Uma amiga artista plástica criou uma série de obras de arte para que suas paredes possam agregar valor às suas transmissões, já reparou que nossas casas foram devassadas? Com tantos webinar, a esta altura, todos conhecem o seu escritório, o quarto, a sala e em alguns casos a cozinha que é onde a internet pega melhor… sem contar o número de pessoas que pintaram suas casas e perceberam que as paredes estão peladas. Esta amiga faz arterapia que é a cura através da arte, ela usa as cores do arco-íris para transmitir alegria e tranquilidade em telas que retratam paisagens, jardins e árvores. Em época de crise ela usou a criatividade e se reinventou, está com preços acessíveis e parcelados.

Quantos de nós passou o distanciamento realmente distante de casa? Buscaram refúgio nas praias ou montanhas e trabalharam em home office tranquilamente ouvindo o som de pássaros? E descobriram uma vida impensável, sem passar horas no carro em meio a congestionamentos, agora dá tempo até para ler aquele livro esquecido.

Dizem que continuaremos a trabalhar em home office e será possível morar longe dos centros urbanos,  tem gente que aposta num esvaziamento das metrópoles e dos imponentes prédios comerciais.

Por enquanto, tudo não passa de especulação e até ouvi um grupo de céticos dizendo que essa história de “novo normal” é uma bobagem, que na hora em que tudo for liberado voltaremos a ser exatamente como éramos. Será?

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Uma coisa é certa, o espírito de empatia e solidariedade tomou conta do mundo, participamos de movimentos para angariar doações de cestas básicas, máscaras, produtos de limpeza e higiene.

O sentimento de pertencimento cresceu, a pandemia criou um problema mundial que resultou numa consciência global. O que faço aqui pode refletir na vida de quem mora no outro lado do mundo.

E como diz uma amiga minha, descobrimos que no fundo somos iguais e enfrentamos o mesmo problema, cada um com sua cultura, idioma, condição socioeconômica e crença. Somos humanos e nossos sentimentos são iguais, sentimos medo, dor, esperança e amor… ficamos indignados, paralisados, reagimos e nos reerguemos.

Aos poucos estamos voltando! Com força, coragem e muita fé!

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