De tempos em tempos os fantasmas do futebol me divertem.
Multidões acreditam neles.
São estampados em manchetes:
“Sapo enterrado no Parque São Jorge emperra Corinthians”
Essa crença chegou a tal ponto que trouxeram um pai de santo do Recife, em 1973, para procurar o tal sapo.
O dito cujo não achou.
No ano seguinte, o Corinthians foi derrotado pelo Palmeiras na final do Campeonato Paulista, completando duas décadas sem títulos. Sina que duraria ainda mais três anos.
O fantasma do Maracanã passou a assombrar a Seleção Brasileira em 1950.
Falava castelhano. Atendia por vários nomes: Ghiggia, Schiaffino, Obdulio Varela.
Vestia azul e mudou a sorte do futebol brasileiro no dia 16 de julho, data da final da Copa do Mundo, em que o Uruguai venceu o Brasil, de virada, por 2 a 1, deixando um país inteiro incrédulo.
De lá para cá ele é invocado em todo encontro envolvendo uruguaios e brasileiros.
Por via das dúvidas, a CBF daquela época (que se chamava CBD) aposentou o uniforme branco fantasma e adotou o amarelão. Ironia?
Certo mesmo é que com a canarinho veio o período de ouro do futebol brasileiro e o fantasma celeste foi perdendo força. Hoje nem assusta tanto.
Acabou substituído por uma assombração que apareceu com força em Minas Gerais, em 2014.
Para muitos, o destino tinha sido escrito no dia em que houve a confirmação que o Brasil seria sede daquela Copa.
Justificam a tese pela soma dos números de 2014. Sete….
Em diversas religiões o sete está presente como número místico, indicando o processo de passagem do conhecido para o desconhecido.
O Brasil conhecia a força da Alemanha. Mas resolveu apostar na mística do futebol cinco vezes campeão mundial.
Crença destruída impiedosamente no Mineirão, pela seleção que resolveu homenagear o nosso futebol, vestindo-se de Flamengo. Que ironia…
A diferença de qualidade foi e continua sendo assustadora.
Nem a conquista da inédita medalha de ouro diante da Seleção sub-23 da Alemanha serviu para mudar esse sentimento.
Qualquer menção à tragédia do 8 de julho é capaz de despertar medo em muita gente.
Não é à toa que paira um espírito diferente no Brasil e Argentina de quinta-feira.
A volta ao palco da maior vergonha do futebol brasileiro deixa muita gente de cabelo em pé, com medo de que, numa eventual derrota para os argentinos, a CBF resolva mandar um pai de santo “cavocar” o campo do Mineirão para achar o sapo que estava enterrado no Parque São Jorge.
Que ironia….