Às vezes pareço uma lunática, gosto de dizer que sou uma colecionadora de nuvens, uma arquiteta que derruba muros para abrir portas e janelas de oportunidades, proprietária de uma fábrica de sonhos, especialista em criar conexões e formar redes.
Vão dizer que criei um mundo paralelo, totalmente fora da realidade, mas não é bem assim.
Desde a primeira vez que viajei de avião guardei as imagens das nuvens no meu arquivo mental, posso mostrar o diploma da faculdade de arquitetura e urbanismo, os projetos para abertura de oportunidades, as histórias reais de sonhos que se transformaram em realidade e cases de sucesso.
Meu primeiro CNPJ foi em 1978 com 20 anos de idade e desde então fui acumulando aprendizado e experiências, conhecendo gente e vivendo como todo mundo, um dia lá em cima e outro lá embaixo, noites sem dormir, muito trabalho e pouco glamour.
Muitas mulheres se tornam empreendedoras para sobreviver, para conseguir pagar os boletos, não é uma opção romântica nem fácil, é a única escolha possível.
Segundo o dicionário de Oxford, empreender é um verbo transitivo direto e significa decidir, realizar (tarefa difícil e trabalhosa); tentar; pôr em execução.
Empreendedorismo é a capacidade que uma pessoa tem de identificar problemas e oportunidades, desenvolver soluções e investir recursos na criação de algo positivo para a sociedade. Pode ser um negócio, um projeto ou mesmo um movimento que gere mudanças reais e impacto no cotidiano das pessoas.
Numa reunião de mulheres para prospecção de negócios uma delas disse que havia plantado sementes em terra árida que não prosperaram, mas que agora sentia que estava em terra fértil.
Levei um susto, afinal, tinha acabado de ouvir sua trajetória de sucesso, uma história de superação e coragem… pedi licença para dar minha opinião, na verdade ela havia plantado bambu.
Você já plantou bambu?
O bambu representa a paciência, ao plantar a semente são necessários 5 anos para criar raízes profundas, por isso é tão flexível, capaz de se curvar sem quebrar, numa lição de humildade, lembrando que não nos curvarmos diante das dificuldades, mas só diante de Deus.
Tente arrancar um bambu, suas raízes tornam a tarefa muito difícil, da mesma forma que acontece se alguém tentar arrancar seus sonhos.
Um bambu nunca é encontrado sozinho, ele vive em grupo, num bambuzal, como nós em nossa rede de mulheres, todas grudadas, fortes e unidas.
Imagine se os bambus tivessem galhos… não conseguiriam estar tão próximos uns dos outros e não teriam todo o tempo e energia para crescer exclusivamente para cima, para o alto, para o céu.
O bambu é oco assim como nós deveríamos ser, esvaziados por dentro, com espaço para novos aprendizados, novas amizades, novas experiências.
Menos eu, mais nós! O bambu é cheio de nós!
A reunião terminou com muita esperança no futuro, com a constatação que cada uma de nós chegou onde está justamente por causa da colcha de retalhos que fomos costurando ao longo da vida. Cada pedaço de um jeito, uns coloridos com momentos felizes, outros desbotados com dores e lágrimas derramadas, mas uma coisa é certa, ninguém imagina o preço que pagamos para estar onde estamos.
Deve ser por isso que a fábrica de sonhos está a todo vapor, em pleno funcionamento!
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