Aproveitando que estamos na semana do aniversário de São Paulo, resolvi falar sobre um de seus símbolos mais representativos. O MASP – Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, e com estruturas a cargo do famoso engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz.
Tive meu início de carreira na sua empresa, a renomada Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia de Projetos Ltda, como engenheiro calculista, onde tive a oportunidade de conviver alguns anos ao lado do mestre. Olhos vivos e curiosos sobre todos os projetos em andamento era uma de suas marcas sempre presentes, além de calçar, invariavelmente, seu par de tênis alvos e calças claras. Admiração pelos seus trabalhos arrojados e inusitados sempre me motivaram a observá-lo, como a assimilar sua altivez profissional.
Quando o MASP começou a sair do papel era o início dos anos 60. Nasceu como uma proposta que atendia os requisitos das autoridades municipais, que, em troca da doação do Belvedere Trianon, impuseram que o projeto não obstruísse seu visual que atingia até o Vale do Anhangabaú. Foi assim que surgiu o monumental vão de 74m, que até hoje nos fascina e nos cativa pela sua beleza e inquietude estrutural.
A arquiteta Lina Bo Bardi contava com uma mesa no local das obras, onde acompanhava tudo de muito perto.
Porém, com uma relevância ainda maior, o sistema estrutural idealizado por J.C de Figueiredo Ferraz viabilizou o que parecia impossível na época.
A simplicidade do esquema é sua objetividade.
Apenas dois pórticos sustentam todo o complexo. Sendo cada pórtico composto por um par de colunas e duas vigas. A viga superior suporta a cobertura formada por laje estruturada com elementos em “V” para escoamento das águas. A outra viga inferior suporta o piso intermediário, por apoio direto nas vigas de seção celular e também a laje inferior, por meio de tirantes, dando a leveza que se contrapõe à enorme magnitude dos esforços atuantes.
Contava-nos o professor, que mesmo com todo acompanhamento do projeto, o qual elaborou sem nada receber, ao final, alguns operários, temerosos, não queriam retirar as escoras. Então ele e outro professor, Dr. Castanho, iniciaram a retirada dos pontaletes, para demonstrar a confiança no seu método executivo e sistema estrutural.
Fato é, que superou todas as dificuldades, inclusive de situar-se logo acima dos túneis da Avenida 9 de julho, situação que obrigou a um profundo estudo para solucionar suas fundações.
Orgulho de todos os paulistanos, o MASP entrou em 1968 para a história, inaugurado em 7 de Novembro, com a presença da Rainha Elizabeth II.
Mais uma prova irrefutável da capacidade de criação e de soluções brilhantes, quando se unem a arquitetura e a engenharia.
Mais informações rogerio.romanek@gmail.com