Querida leitora,
Já faz tempo que temos a celebração do Dia do Orgulho Autista. Comemorado em 18 de junho, foi lançado pelo grupo “Aspies for Freedom”, no Reino Unido e pretende celebrar a neurodiversidade, promovendo a aceitação e a valorização das pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
O objetivo desse movimento é reforçar que o autismo não é algo a ser curado ou corrigido, mas uma forma única de existir e experimentar o mundo.
Hoje, me preparando para escrever aqui, pensei sobre como é importante termos esse dia! Lembrei que lá no início da minha jornada pelo autismo, havia pouca informação e aquilo que eu encontrava, se referia de forma muito depreciativa e negativa, indicando uma necessidade de consertar o paciente.
Pouco se dizia sobre as capacidades das pessoas com autismo e as possibilidades ilimitadas de o ser humano superar desafios quando são disponibilizadas as ferramentas necessárias.
Após essa reflexão, percebi que o conceito dessa celebração é exatamente o que acredito: temos que reconhecer e respeitar as características neurológicas naturais de cada ser humano. A forma como a pessoa com autismo sente e vê o mundo é única.
Diferente, não menos: Temple Grandin, professora, palestrante, tem um livro com esse título: “DIFFERENT, NOT LESS”, onde descreve seus desafios e superações estando no espectro do autismo. Vale a pena a leitura. Aliás, foi feito um filme sobre a vida dela.
Se focarmos apenas nas dificuldades e desafios da pessoa com autismo, estamos deixando de apreciar aquilo que ela tem de belo, de único e dos potenciais que ela pode desenvolver.
Devemos sempre nos questionar: qual potencial desse indivíduo posso ajudar a explorar? Como dar suporte para aprimorar essa habilidade?
Entendo que haja muitos desafios a serem superados, déficits no desenvolvimento que precisam ser adquiridos ou melhorados, mas quer saber? Eu prefiro focar em comemorar aquilo que meu filho já superou e nos talentos que ele tem. Eu penso em como posso descobrir mais interesses dele e em dar suporte necessário para que ele desenvolva.
Acredito que o aprendizado é muito mais motivador e estimulante quando temos interesse no assunto, tornando mais fácil a construção de pontes para a aquisição das habilidades de nossos filhos.
Futebol, judô, corrida, natação, academia, música, números, história, dinossauros. Quais os interesses do seu filho? Tente descobrir e estimular que ele se desenvolva mais através disto.
O apoio incondicional da família e a empatia dos demais (professores, terapeutas, colegas, vizinhos) são fundamentais para que as pessoas com autismo possam florescer e alcançar seu pleno potencial.
Devemos fortalecer a autoestima e a confiança das pessoas com TEA, mostrando que não estão sozinhas em suas jornadas e assim, celebrar todos os dias, sem esperar pelo dia 18 de junho.
Não é difícil: Basta aceitar e respeitar plenamente as diferenças, estimular pacientemente as habilidades e dar espaço para o desenvolvimento pleno.
É só adubar o terreno e espalhar a semente. Com certeza teremos colheita.
Todas as pessoas com autismo devem ter seus direitos respeitados e seus talentos reconhecidos. Se você tem um familiar com autismo, sinta-se acolhida aqui! Me escreva sobre suas dúvidas ou compartilhe algum desafio se desejar. Será uma honra conhecer você melhor!
Um beijo e até a próxima quarta-feira.
Juçara Baleki,
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Imagem: Fatima News