O Benefício de Prestação Continuada (BPC) concede inclusão e a garantia de uma vida minimamente digna para pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social, incluindo aquelas com Transtorno do Espectro do Autismo.
Apesar de sua importância, o BPC esteve em sério risco de ser restringido aos pacientes com TEA nível 1 de suporte. Não fosse a mobilização da comunidade e de ativistas engajados, o direito ao benefício seria retirado.
Por lei, o TEA é reconhecido como uma deficiência, e isso inclui todos os níveis de suporte. A realidade enfrentada por uma pessoa com TEA nível 1, com desafios muitas vezes invisíveis, é tão legítima quanto a de outros níveis.
Dificuldades sociais, sensoriais e emocionais, que impactam diretamente a qualidade de vida, não podem ser desconsideradas. Negar ou dificultar o acesso ao BPC seria ignorar essas necessidades e abrir um perigoso precedente: o enfraquecimento de outros direitos indispensáveis às pessoas com deficiência.
A tentativa de modificar os critérios para concessão do BPC excluindo os pacientes TEA com nível 1 de suporte inserida no pacote fiscal, gerou grande preocupação e, embora essas mudanças não tenham sido aprovadas, é crucial refletir sobre o assunto.
Se essas alterações tivessem avançado, o impacto iria muito além do BPC. Outros direitos, como o acesso à educação inclusiva e a terapias multidisciplinares, poderiam ser comprometidos.
- Educação inclusiva: Garantida pela Lei Berenice Piana, ela assegura que pessoas com TEA tenham o suporte necessário para frequentar escolas regulares e as alterações em direitos como o BPC poderiam servir de justificativa para questionar a obrigação de oferecer acompanhamento especializado a pacientes com autismo nível 1 de suporte.
- Terapias fundamentais: Tratamentos como ABA, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicopedagogia, já tão difíceis de serem acessados, ficariam ainda mais distantes para famílias sem apoio financeiro.
- Atendimento prioritário: Um direito básico, mas frequentemente desrespeitado, ficaria ainda mais invisível em um cenário onde a vulnerabilidade fosse questionada.
Foi a união da comunidade TEA que fez toda a diferença. Grupos de apoio, redes sociais e ativistas trabalharam incansavelmente para que as vozes das famílias fossem ouvidas. Mensagens, relatos e campanhas mostraram às autoridades o impacto devastador que a aprovação dessas mudanças teria na vida real.
Essa pressão coletiva não apenas preservou o BPC como também reafirmou a importância de todos os direitos garantidos às pessoas com autismo, independentemente do nível de suporte do transtorno.
No entanto, essa vitória deve servir como um lembrete. A batalha contra a burocracia e interpretações restritivas da lei continua.
Mais do que nunca, precisamos estar atentos e unidos. A luta pela preservação do BPC mostrou que, juntos, somos capazes de resistir a retrocessos e proteger aquilo que é essencial. Não se trata apenas de defender o presente, mas de construir um futuro mais inclusivo e respeitoso para todas as pessoas com deficiência.
Se você tem dúvidas sobre o BPC ou enfrenta dificuldades com outros direitos, saiba que há caminhos. Procure orientação, conecte-se com a comunidade e fortaleça essa rede de apoio. A sua voz importa e faz diferença.
E lembre-se: aqui é um lugar para você se sentir acolhida! Me escreva sobre suas dúvidas ou compartilhe algum desafio se desejar. Será uma honra caminhar com você nessa jornada de acolhimento e amor.
Um beijo e até a próxima quarta-feira,
Juçara Baleki
Fontes:
Lula sanciona com dois vetos projeto de lei de pacote fiscal sobre BPC
Lula sanciona projeto de lei do pacote fiscal sobre BPC, com dois vetos