Relações Afetivas nos Tempos Atuais: Desejos, Contradições e Possibilidades. Vamos falar sobre isso?

Créditos: Mario Bressan

Vivemos em um tempo curioso, em que o desejo por relações saudáveis e significativas coexiste com uma profunda indisponibilidade emocional. Muitas pessoas anseiam pelo amor, pelo companheiro (a) da vida, mas, na contramão disso carregam dificuldades em abrir espaço real para a conexão. As redes sociais prometem proximidade, mas o contato se dilui na superficialidade das telas; o desejo de companhia esbarra no medo de se entregar; e o anseio por estabilidade emocional se choca com o receio de enfrentar a própria vulnerabilidade.

 

O problema não está apenas em querer, mas em estar disponível – não apenas fisicamente, mas de corpo, mente e coração. Tem se tornado comum ouvir alguém dizer que deseja um relacionamento sério, mas, ao mesmo tempo, evita diálogos profundos, não demonstra afeto ou prefere manter um pé na porta de saída, como se a conexão humana fosse uma negociação de mercado ou um check na lista de tarefas.

É uma contradição dolorosa: buscamos o que não sabemos como sustentar.

Essa indisponibilidade pode ter raízes em feridas emocionais, traumas não resolvidos e, muitas vezes, no ritmo acelerado da vida moderna, que transforma os relacionamentos em mais uma tarefa a ser “cumprida”. Mas como será que podemos reverter esse ciclo? Como transformar o desejo embutido no discurso  em disponibilidade real?

 

No meu entendimento, a disponibilidade, a vulnerabilidade como força, o tempo e a intenção, a comunicação clara e empática podem fazer toda a diferença, se estes componentes estiverem atrelados ao amor e a vontade de ambos de fazer dar certo.  Relação afetiva exige presença verdadeira. Isso significa foco sem distrações, se comprometer a resolver conflitos em vez de fugir deles e estar aberto à troca de experiências e emoções.

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Mostrar-se vulnerável não é fraqueza, mas um ato de coragem. É dizer ao outro: “Eu confio em você para cuidar do que sou, mesmo nas minhas imperfeições.” Isso cria um espaço de confiança mútua.

Construir uma relação exige tempo e dedicação. Não basta querer, é preciso investir energia no outro, assim como em si mesmo. Equilibrar prioridades e criar espaço para o relacionamento é indispensável.

Muitas relações naufragam por falta de comunicação. Eu mesma já vivi uma em que o diálogo era cheio de ruídos. Disfuncional. Péssimo. Na verdade era quase um monólogo e embora estivesse sempre pronta a ouvir, a outra parte quase nunca era capaz de manifestar-se. Falar sobre desejos, expectativas, medos e frustrações de forma honesta e respeitosa é uma ponte para fortalecer os laços afetivos. Sem diálogo não há nada além de dois estranhos convivendo em suas ilusões particulares.

Um relacionamento saudável deve ir muito além de preencher vazios; ele deve agregar valor à vida de ambos, ser um espaço de crescimento mútuo e de construção de algo maior do que a soma de dois. Mãos dadas, confiança, lealdade!

Estamos todos vivendo em tempos desafiadores, mas também repletos de possibilidades.

Que a gente possa se conhecer cada vez mais e melhor e, a partir disso, oferecer disposição para caminhar ao lado de alguém. Amor não é uma utopia, mas um ato cotidiano de entrega e escolha. No fundo, estar emocionalmente disponível talvez seja compreender que, para encontrar o amor que desejamos, é necessário ser o tipo de pessoa que também desejamos ter ao nosso lado.

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