A adolescência é um período crucial para o desenvolvimento e manutenção de hábitos sociais e emocionais importantes para o bem-estar mental. Estes incluem: a adoção de padrões de sono saudáveis; exercícios regulares; desenvolvimento de enfrentamento, resolução de problemas e habilidades interpessoais; e aprender a administrar emoções. Ambientes de apoio na família, na escola e na comunidade em geral também são importantes.
Múltiplos fatores determinam a saúde mental de um adolescente. Quanto mais expostos aos fatores de risco, maior o potencial impacto na saúde mental de adolescentes. Entre os fatores que contribuem para o estresse durante esse momento da vida, estão o desejo de uma maior autonomia, pressão para se conformar com pares, exploração da identidade sexual e maior acesso e uso de tecnologias.
A influência da mídia e as normas de gênero podem exacerbar a disparidade entre a realidade vivida por um adolescente e suas percepções ou aspirações para o futuro. Outros determinantes importantes para a saúde mental dos adolescentes são a qualidade de vida em casa e suas relações com seus pares. Violência (incluindo pais severos e bullying) e problemas socioeconômicos são reconhecidos riscos à saúde mental. Crianças e adolescentes são especialmente vulneráveis à violência sexual, que tem uma associação clara com a saúde mental prejudicada.
Alguns adolescentes estão em maior risco de problemas de saúde mental devido às suas condições de vida, estigma, discriminação ou exclusão, além de falta de acesso a serviços e apoio de qualidade. Estes incluem adolescentes que vivem em ambientes frágeis e com crises humanitárias; adolescentes com doenças crônicas, transtorno do espectro autista, incapacidade intelectual ou outra condição neurológica; adolescentes grávidas, pais adolescentes ou aqueles em casamentos precoces e/ou forçados; órfãos; e adolescentes que fazem parte de minorias étnicas ou sexuais ou outros grupos discriminados.
Alguns fatores que podem afetar a saúde mental dos adolescentes são:
●Mudanças físicas
●Alterações sociais e emocionais
●Experiências adversas, como abusos
●Falta de amigos e suporte familiar
●Exposição à violência e discriminação
●Pressão para se destacar
●Comparação com os outros
Como está a saúde mental do adolescente?
No Brasil, segundo o relatório Situação Mundial da Infância , estima-se que quase um em cada seis meninas e meninos entre 10 e 19 anos de idade no Brasil viva com algum transtorno mental, parcela mais exposta ao risco de automutilações, depressão e suicídio.
A saúde mental nunca esteve tão em pauta como agora, e os números mostram um cenário preocupante no Brasil. O país ocupa o quarto lugar entre os piores índices de saúde mental em um ranking global, divulgado em março de 2024, que analisou as emoções das pessoas em 71 países.
No ano passado, pela primeira vez no Brasil, os registros de ansiedade entre crianças e jovens superaram os de adultos, conforme análise de dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS.
A falta de suporte familiar, social e de saúde pode agravar ainda mais a situação, deixando, muitas vezes, o adolescente sem recursos para enfrentar possíveis crises, o que, em alguns casos, pode resultar em atitudes extremas. De acordo com a OPAS, o suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos.
A minha orientação para os pais e responsáveis por um adolescente em conflito é clara: não minimize ou compare o sofrimento dele. Lembre-se de que ele está em uma fase vulnerável do desenvolvimento e com recursos limitados para enfrentar questões complexas.
É importante estar atento aos sinais de alerta, como:
●Alterações de comportamento
●Dificuldade para dormir
●Alterações no apetite
●Irritabilidade
●Desinteresse por atividades que antes desfrutava
●Isolamento social
Se o adolescente estiver passando por problemas emocionais mais sérios, é importante buscar ajuda especializada, como um psicólogo ou psiquiatra.
Adolescentes que passam muitas horas em frente a dispositivos, como redes sociais ou jogos têm menos tempo disponível para a prática de exercícios.
Por outro lado, a atividade física oferece um escape saudável do mundo digital.
Como podemos incentivar a atividade física?
Integrar a atividade física na rotina dos jovens é essencial para promover um desenvolvimento saudável. Aqui estão algumas dicas simples para ajudar a tornar isso possível:
- Incentive brincadeiras ao ar livre: atividades lúdicas são uma excelente forma de exercício para os pequenos.
- Participe: atividades em família, como caminhadas ou jogos, podem tornar a atividade física mais divertida.
- Limite o tempo de tela: estabeleça horários para o uso de dispositivos eletrônicos, equilibrando com momentos de exercícios.
Incentivar a prática de atividade física desde a infância é um investimento valioso para o bem-estar emocional e a saúde dos jovens. Com pequenos ajustes na rotina, dá para contribuir para um futuro mais equilibrado e saudável para as crianças.