Nossas criaturas

Quantas vozes hei de ouvir 

No lugar da que calas?

Para o lugar do amante, que como sinfonia, dedilha o corpo nu de sua amada, só caberão poesias tuas. Notas simples ou arrojadas, mas tuas.

E a vida, que de espanto te permite deixar o chão que demarcastes, sorri para mim, através do espelho, em que reflito o gosto do ontem. Pela sala de estar, e espalhadas pelo chão do leito, nossas criaturas. Os sorrisos que pontuam vivências de outrora. As falas intermináveis regadas a vinho nobre. 

A luz da lua, te esparramas que nem percebes o quanto. E cantas. Livre, das amarras do que vivestes, braços envolvendo meu corpo que resiste. Em riste.

Aqui, da janela que dá para o mundo, entre afazeres e solitude, me percebo revisitando cada movimento. Cada franzir e fechar dos olhos, cada palavra rouca, cada reza de nós dois, posto que é riso. 

E amanhã, mesmo que entre nuvens, que o sabor do encontro nos traga de volta ao início. Sem data para o fim. Repleta apenas de recomeços.

Imagem de Capa: Carlos Sales

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