Roberta de Moraes: A entrega

Num frame capturo a vida que há naquele sorriso.

Ilumino-me, recorro às sutilezas dele, que se esparrama em mim tal como o acorde primeiro da orquestra a inundar a plateia.

Nossas linhas convergem. Conversa de abraços desejados, há tanto esperados no silêncio de nós dois.

Seus cabelos dançam em frenesi. Apropriam-se da brisa suave que entra pela janela. Sua boca, lábios carnudos magenta.

Seus pelos decorram o caminho e eu me perco… Entre vilarejos e olhares.

Pausa.

O toque leve dos dedos por sobre os morros… pequenas curvas encaixam-se nas minhas.

Cálice que recebe o liquido… Enfastio-me.

Palavras trêmulas reverberam o entrelace e o poder da nossa soma invade-me.

Deito-me nas tuas ruas. Nua.

Aposso-me de tuas avenidas.

A cada passo.

A cada som.

Cada um.

Olhos noturnos, castanhos quase verdes me lambem.

Teu cheiro me estremece.

Quase prece.

Quase tudo.

Quase tanto.

Sorris largo que me entontece…

De ti, tudo a desvendar. Um mar para sentir. Um universo para navegar.

Sem medo.

Porque amar trata-se de coragem.

 

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagem: Portal Cantu

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