Roberta de Moraes: Afeto entre linhas em “O POETA VIVE!”

Edição 01 – Fernando Pessoa

Nota sobre o autor:

Fernando António Nogueira Pessoa, nascido em 13 de junho de 1888, em Lisboa, Portugal, o “Fernando Pessoa” começou a escrever poemas ainda criança. Seu primeiro texto foi escrito em 1895, quando tinha sete anos.

De vida social bem restrita e reservada, o poeta português considerado modernista, foi também filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político. É conhecido como o “poeta dos heterônimos”

Os quatro heterônimos de Pessoa, Álvaro de Campos, Bernardo Soares, Ricardo Reis e Alberto Caeiro apresentavam personalidades próprias: características físicas, atividades literárias específicas, visões políticas e religiosas particulares.

Sua obra mais conhecida é “O livro do desassossego”.

O poeta morreu em Lisboa, no dia 30 de novembro de 1935, aos 47 anos, vítima de cirrose hepática.

A seguir, duas das poesias de Fernando Pessoa que mais gosto.

“Autopsicografia”

O poeta é um fingidor. 

Finge tão completamente 

Que chega a fingir que é dor 

A dor que deveras sente. 

E os que lêem o que escreve, 

Na dor lida sentem bem, 

Não as duas que ele teve, 

Mas só a que eles não têm. 

E assim nas calhas de roda 

Gira, a entreter a razão, 

Esse comboio de corda 

Que se chama coração. 

Fernando Pessoa

 

“Colhe o Dia, porque És Ele”

Uns, com os olhos postos no passado, 

Veem o que não veem: outros, fitos 

Os mesmos olhos no futuro, veem 

O que não pode ver-se. 

Por que tão longe ir pôr o que está perto — 

A segurança nossa? Este é o dia, 

Esta é a hora, este o momento, isto 

É quem somos, e é tudo. 

Perene flui a interminável hora 

Que nos confessa nulos. No mesmo hausto 

Em que vivemos, morreremos. Colhe 

O dia, porque és ele. 

Ricardo Reis

Veja Também  Rupturas

 

E com “Colhe o dia porque és ele” termino a matéria desta coluna de hoje. Que a gente possa viver o presente, Sejamos tudo que somos, aqui e agora. O presente é o nosso presente!

Salve Ricardo Reis, salve Fernando Pessoa!

O Poeta vive!

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Imagem: Registo Fernando Pessoa em Lisboa

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