Brasilidades

Céu de azul anil

Pintado de fim de outono

Algumas árvores trocam suas vestes

E esparramam folhas pelas alamedas

A noite cai sem que tenha chegado

O frio cortante sopra na cidade que não para

O entra e sai dos metrôs me lembra um formigueiro humano

Pessoas apressam-se, o tempo corre e escoa nos pára-brisas junto com a garoa fina

É junho e o povo festeja seus santos

A alegria se espalha Brasil adentro e impregna o ar com quentão, pipoca e vinho quente

Fogueiras e festas iluminam as noites do quase inverno

Nasci neste mês em que o país comemora sua fé.

Ô povo de fé esse tal de brasileiro!

A gente vive de altos e baixos,

Ganha e perde batalhas diárias,

Luta por cargo, melhores condições de vida, pela igualdade social, pelo não ao racismo, a misoginia, pelo não ao preconceito, mas tá lá, ao fim do dia, repletos de fé.

Fé em dias mais azuis e menos cinzentos

Em mesas mais fartas,

Em irmandade para além do politicamente correto,

Em igualdade de gênero, de cor, de raça e credo.

Somos guerreiros:

Milhões de almas coloridas a navegar muitas vezes sem rumo

A dançar no vai da valsa

A buscar o nosso encaixe na grande engrenagem

Em unanimidade ansiamos por um governo mais justo

Mais democrático

Por um tempo de soberania popular

Para muito além das festas

Das paradas, dos comícios

E passeatas

Santo Antônio nos traga a fartura e a proteção que almejamos

São João nos abençoe em cada casa

Em cada tenda

Em cada ponte

E seque as lágrimas dos que têm fome

Tem sede

Tem pranto

São Pedro,

Abra os corações dos poucos que tem tanto

E opere com justiça dias de glória, para nossa gente

Num só gesto

Num só canto

Porque afinal somos feitos de coragem e persistência

De negros, índios e multi colores

E embora haja muita gente que tenha partido em desesperança

Há muitos de sangue bom querendo fazer dar certo esse chão

Olhando pro mesmo lugar

Andando na mesma direção

Então, “pula a fogueira Iaiá”

Amanhã, calor ou frio, será um novo dia!

Amanhã, “mesmo que uns não queriam será de outros que esperam ver o dia raiar”, e eu, do alto deste mês em que nasci junto minhas mãos antes de dormir e agradeço a oportunidade de escolher.

Escolher ter fé e não desistir.

 

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagem: Senac

 

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