Que o mundo parece estar de ponta cabeça eu concordo em grau, gênero e número. O culpado virou vítima e o certo virou culpado. Tudo aquilo que sustentava bons costumes virou careta e a liberdade a qualquer custo virou modus operante. A conquista virou crime contra quem não conquistou e a falha virou condenação.
O mundo está muito louco mesmo, quem faz dieta não recebe apoio e sim um incentivo reverso: “agora vai ser um magro depressivo”. Se alguém diz que voltou a frequentar uma igreja para se sentir melhor, logo vem “agora não pode fazer mais nada então”. O apoio é só pelas minhas causas e não pela causa do outro. Se não faz sentido para mim, então não presta! Mas, fique tranquilo, está tudo bem, desde que você não esteja melhor que eu.
Assim estamos vivendo, numa cultura quase esquizofrênica em mentes histéricas que vivem dando chilique quando algo não está ao seu agrado, independente de qualquer valor moral. Mas o que é moral mesmo? Exatamente assim, a moral e todo o resto passaram a não valer e ser questionado como se tudo, realmente tudo, fosse um ato de preconceito.
Vivemos um momento que, para mim, vai além de defender algo que se acredita, mas descontruir tudo que já se acreditou. Estamos abrindo precedentes incalculáveis de esvaziamento de almas. Uma perda imensurável para as causas justas, porque até elas perderam suas forças.
O mundo precisa de regras, a vida social precisa de regras, dentro das nossas casas vivemos de regras, nós mesmos temos regras que seguimos, porque as pessoas acreditam que as regras têm que cair?
Será que tudo está realmente errado? Entendo que num primeiro momento, depois de décadas de sofrimento por conta de preconceitos, as pessoas precisam se manifestar e lutar sim pelos seus direitos, a hora da virada vem na mesma intensidade de emoções negativas que foram se acumulando ao longo dos anos.
Do mesmo jeito que erramos quando temos razão no que temos a dizer, porém dizemos da forma errada, gritamos com as pessoas, usamos palavras que ofendem, eu entendo que muitas manifestações pecam pela forma, mesmo estando certos.
Vivemos o momento dos dois pesos e duas medidas. Dependendo de para quem for os atos são interpretados de forma diferente e julgados de maneiras diferentes. Um equívoco imenso que sabemos a muito tempo, desde quando éramos crianças sabemos que abrir exceções em virtude de interesses pessoais e não coletivos vela a insustentável administração de critérios. Não há critério numa relação social se a referência for individual. Se continuarmos conduzindo nossas decisões e reinvindicações numa direção que privilegia o que cada um quer voltaremos aos tempos de anarquia e barbárie, onde cada um defende o seu, por interesse próprio e com o álibi legal que este é o seu jeito de ser, viver e se relacionar com tudo e todos, e que qualquer um que tentar contradizer estará na posição de réu, acusado de preconceito e discriminação, seja lá qual for.
Eu, verdadeiramente, acredito que as pessoas têm direitos e precisam ser respeitadas. Ralmente acredito que toda forma de descriminação e preconceito precisa ser repreendida e entendo sim as necessidades e desejos das pessoas viverem suas vidas da forma como escolherem viver. Agora, ao mesmo tempo, as outras formas mais tradicionais também precisam ser respeitadas tanto quanto, se não, poderemos entender como desrespeito e preconceito do mesmo jeito. Outro ponto importante de alerta é sobre uma mente vazia de valores e limites. Uma mente que pode tudo ao mesmo tempo não tem nada.
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