Religião, Ciência e Deus

Não sei como está a sua vida espiritual hoje, talvez você já tenha acreditado em algo e hoje parece que as coisas não fazem mais sentido. Ou o contrário a tudo isso, talvez já tenha perdido em algum momento a tua fé e hoje está sentido que te falta algo. A nossa espiritualidade é tão importante ou mais que qualquer outra área das nossas vidas. Temos que cuidar do espírito da mesma maneira que treinamos fisicamente nosso corpo e buscamos intensamente conhecimento para nossa mente. As coisas mais importantes das nossas vidas não se constroem sozinhas, são sementes que plantamos e cuidamos todos os dias, precisamos alimentar corpo, mente e espírito para que estejam fortes o suficiente para suportar as adversidades da vida e serem unidos para construir nosso dia a dia com proposito.

Muito jovem, seguindo a cultura familiar fui fazer a primeira comunhão, inserido no contexto católico, em alguns domingos íamos a igreja e como todos os irmãos e primos chegou a minha vez de fazer a tal primeira comunhão. O interessante é que tenho a lembrança de cada hora ir a uma igreja diferente e nessa etapa fui a uma igreja que nunca tinha colocados os pés e não conheci ninguém, vai entender. Naquele momento o que eu não podia esperar é que começaria o inferno da culpa na mente de um menino de 9 anos. Vivi de forma intensa a culpa do pecado, foi me insano um Deus unipresente, uniciente e unipotente que via tudo, sabia de tudo e eu não podia fazer nada errado se não eu estaria rompendo com essa divindade e estaria em pecado, não entraria no reino do céu. Essa problemática me trouxe um dos períodos mais difíceis da minha infância e o que resultado no início da minha separação com Deus.

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Seguido a primeira comunhão, dado um momento mais delicado de saúde da minha mãe, caímos para o lado espírita da vida, e mais uma vez uma experiencia bizarra com a religião. Não posso generalizar que a religião espírita é isso ou aquilo, porque não tenho base de conhecimento para tal julgamento, mas posso dizer que a minha experiência foi terrível, quando queimaram uma galinha viva na minha frente como um ato de adoração e sacrifício para que um negócio comercial do pai de santo desce certo, decidi que aquilo ali além de não fazer sentido, definitivamente não era pra mim.

Talvez vocês já possam imaginar o quanto desse momento para frente fui me afastando de qualquer tipo de crença e religião. Minha razão começou a imperar o início da fase adulta me trouxe um empoderamento de que através do meu raciocínio logico e pensamento rápido eu poderia dar conta de tudo sozinho. Uma fase prospera e cheia de conquistas foram me trazendo cada vez mais a certeza que eu daria conta de qualquer coisa, até a minha primeira falência e decadência emocional. Voltei ao reduto do espiritismo, onde minha sempre esteve apoiada, agora num local mais brando pelo menos, lá estava e buscando aconselhamento com kardecismo. Novamente, com todo cuidado e respeito as religiões, mas também não me ajudou em nada. Saiu do buraco que me enfiei através do trabalho e a busca incansável por uma nova vida. A razão volta a imperar.

No meio de tudo isso começo a estudar psicologia, caio na tentadora teoria do inconsciente de Freud e surfo uma onda encantadora com a psicanálise. Meu cérebro nunca esteve tão ativo e decidido. Conheci professores incríveis, nunca estudei tanto. Realizamos congressos dentro e fora do Brasil, comecei a clinicar e me posicionai como um cientista da mente, estava orgulhoso de mim mesmo. Foi um período incrível e cheio de realizações. Nada podia deter a minha mente logica e veloz. Trabalho fluindo, casamento pela frente e quando eu menos podia esperar me tornei pai. Que sensação ambígua, umas das maiores alegrias da minha vida também trazia consigo uma das maiores preocupações da minha, a responsabilidade de cuidar e educar alguém. Os primeiros meses tudo flui bem até que veio a pior e mais desafiadora fase da minha vida. Meu corpo estava exausto, minha mente não dava conta de lidar com tudo que estava vivendo e numa noite em claro me rendi e aceitei a ajuda de Deus. A razão e conhecimento deram espaço ao abraço e direcionamento de Deus. Claro que no início não foi fácil a razão e o inferno não queriam que eu vivesse essa relação e tentaram a todo custo me tirar dali. Mas a cada palavra, a cada culto e cada ação de obediência que eu tinha com Deus a minha vida melhorava, em todos os sentidos.

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Por isso, eu sei o que é ser viver uma vida a mercê de uma cultura familiar que te leva para lá e para cá, com toda a boa intensão é claro, mas que começa a não fazer sentido. Eu sei o que viver apenas com os recursos da mente e do corpo e até onde eles podem me ajudar e onde eles não são suficientes. E também sei que quando encontrei com Deus e comecei a seguir seus direcionamentos, mesmo falhando e muito nessa trajetória, minha vida encontrou sentido e trilhos.

 

 

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Imagem: Uneser

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