Crítica: Body at Brighton Rock (2019)

Body at Brighton Rock

Se existe uma coisa que os filmes de horror americanos tentam nos ensinar há anos, é a não viajar para o interior. Sempre que um personagem em um destes filmes decide juntar a galera e embarcar para uma cabana na floresta ou um passeio ao ar livre, pode esperar que vem desgraça pelo caminho. A bola da vez do subgênero “Vais morrer no mato” é este Body at Brighton Rock (EUA, 2019), thriller que fez sua estreia no Festival South by Southwest no início do ano antes de ganhar um lançamento modesto em algumas salas americanas.

Dirigido por um dos nomes promissores do gênero, Roxanne Benjamin, de créditos em segmentos das antologias de horror Southbound e XX (cuja crítica está disponível aqui no Portal do Andreoli), Body at Brighton Rock não exala a energia dos trabalhos anteriores da diretora, que parece ter sentido a diferença ao dirigir aqui seu primeiro longa-metragem, um filme que nunca justifica seu escasso tempo de duração ou encontra seu tom. Benjamin falha em replicar aquela arrepiante sensação de encontrar-se sozinho em um lugar perigoso, resultando em um filme que nunca consegue realmente deixar seu público tenso. Não há nada mais desanimador do que um thriller sem tensão.

A eficiente Karina Fontes interpreta Wendy, a funcionária menos experiente e responsável de um parque nacional chamado Brighton Rock. Wendy não tem lá muita preocupação com horários ou mesmo em cumprir as tarefas que lhe são demandadas, e para que sua amiga possa ficar com um bonitão, ela troca de lugar com a garota e assume suas funções, que naquele dia consistem em adentrar a mata e verificar as placas de sinalização do parque. Wendy tem um mapa, uma lanterna e outros equipamentos, e o dia está ensolarado e bonito. Oras, o que poderia dar errado?

Lembrem-se que estamos falando de um filme de terror, então obviamente, TUDO vai dar errado para nossa protagonista. Primeiro, ela se perde completamente na mata após utilizar o mapa errado. Segundo, seu telefone vai pra cucuia e ela começa a ficar um tanto assustada. E então, o medo se transforma em pânico completo quando ela encontra um cadáver no local. O homem poderia até ter sofrido uma queda, porém, algo parece suspeito. Os ferimentos no corpo não parecem ferimentos causados por uma queda, e depois de passar um rádio e ouvir que o socorro só poderá ser enviado na manhã seguinte, cabe a Wendy cumprir as diretrizes e ficar ao lado do corpo, principalmente por se tratar de uma possível cena de crime. E como o cinema de horror americano já mostrou em outras ocasiões, uma pessoa sozinha e assustada pode experimentar uma boa quantidade de terror durante uma noite no meio do mato, especialmente quando se acampa ao lado de um cadáver.

O problema é que o público raramente experimenta do mesmo terror que Wendy. Não é por culpa da eficiente Fontes, que aparece em todas as cenas da produção, que o filme não funciona; ele simplesmente não é assustador como deveria. É claro que o filme tenta transmitir um registro simbólico sobre um indivíduo superando seus próprios medos para realizar algo desafiador que nunca conseguiu antes, mas mesmo este senso de triunfo não se traduz com eficiência, e ainda acaba sendo traído por um final surpresa um tanto imbecil.

Body at Brighton Rock é o tipo de filme que deveria fazer o espectador sentir o frio da noite, os sons à distância, o estalar das folhas secas no chão e o arranhar dos galhos das árvores, entretanto, não é o que acontece. Eu nunca estive na mata com Wendy, apenas a observei de longe, sentindo a completa segurança de estar dentro de casa.

Body at Brighton Rock não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros, e deve chegar ao país diretamente através de sistemas de streaming e VOD.

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