Crítica: Boneco do Mal 2 (Brahms: The Boy II) | 2020

Você percebe que o gênero horror está sofrendo para encontrar novas maneiras de assustar o público quanto até um filme cujo sucesso na bilheteria foi apenas modesto, como foi o caso de O Boneco do Mal (The Boy) em 2016, ganha uma sequência. Apesar do meu leve criticismo neste parágrafo inicial, esta sequência Boneco do Mal 2 (Brahms: The Boy II, EUA, 2020) não é particularmente ruim. Ela apenas… Não justifica muito sua existência.

De qualquer modo o suspense funciona, como no caso do filme original, que para quem não se recorda, trazia a história de Greta (a bela Lauren Cohan, a Maggie da série The Walking Dead), uma baby-sitter americana que é contratada para trabalhar em um antigo casarão no Reino Unido, cuidando de um boneco de porcelana que o casal que a contratou trata como um filho. A história em torno do boneco é que o velho casal perdeu seu filho, Brahms, em um incêndio na própria mansão, hoje remodelada. Como forma de lidar com o luto, o casal “adotou” o tal boneco como filho, ao qual eles também chamam de Brahms. É lógico que não demora para Greta começar a perceber coisas cada vez mais estranhas acontecendo na casa, sempre tendo o boneco como gatilho.

Em Boneco do Mal 2, uma nova família se muda para a casa de hóspedes da mansão Heelshire. Sem saber nada em torno dos eventos ocorridos no passado da mansão ou mesmo dos eventos do primeiro filme, o casal, Sean (Owain Yeoman) e Liza (Katie Holmes), já começam a sentir que há alguma coisa errada com a propriedade logo de cara, quando seu filho, o problemático Jude (Christopher Convery), descobre a existência do sinistro boneco, ao qual ele imediatamente passa a chamar de Brahms. Daí em diante, as coisas vão ficando cada vez mais inexplicáveis e perigosas para a família, e Liza assume a frente de uma investigação solitária em busca de explicações sobre as origens da propriedade e do boneco, antes que seja tarde demais.

Há alguns fatores bastante à favor da produção, sendo o principal deles o retorno do mesmo diretor do primeiro filme, William Brent Bell, o que faz com que Boneco do Mal 2 tenha aquela mesma vibe macabra do filme original. A produção também meio que “troca” uma protagonista de peso por outra. Sai Lauren Cohan, entra Katie Holmes. Duas boas atrizes que também agregam valor graças à beleza. O design de produção e cenários mais uma vez valorizam a impecabilidade clássica da mansão, e garantem aquele clima dos antigos filmes da produtora Hammer, protagonizados por Christopher Lee ou Donald Pleasence ou Peter Cushing (um dos três sempre aparecia, rs).

Porém, no que diz respeito à trama, Boneco do Mal 2 agrega muito pouco ao universo construído no primeiro filme. A sensação que fica é que esta continuação trata-se apenas de uma reciclagem do filme anterior, apesar de conter algumas sequências de bastante suspense e alguns sustos bem aplicados, além de uma reviravolta que até surpreende, mas não convence totalmente. O elenco também segura bem as pontas, especialmente Holmes, cujo carisma ainda mostra-se forte o suficiente para carregar um filme nas costas. O ótimo Ralph Ineson (A Bruxa), também aparece na produção em um papel secundário.

Boneco do Mal 2 aproveita-se também do recente lançamento do remake de Brinquedo Assassino, já que algumas particularidades do boneco Brahms remetem à nova versão do nosso velho conhecido Chucky. Ao mesmo tempo, a dinâmica em torno do boneco apoia-se na mesma vibe dos filmes da boneca Annabelle, onde Bell usa e abusa de longos close-ups em Brahms em que o público segura a respiração esperando por algum movimento, por mais sutil que seja. Um dos melhores sustos do filme acontece justamente num destes momentos. De qualquer modo, seja qual for a vertente do “horror com bonecos” que prevalece neste Boneco do Mal 2, a lição que fica é: Nunca leve para casa o boneco sinistro que seu filho achou enterrado na floresta.

Boneco do Mal 2 estreia nos cinemas brasileiros no dia 05 de março.

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