Crítica: Dupla Explosiva (The Hitman’s Bodyguard)

Nos anos oitenta e noventa, período em que ocorreu o auge do gênero ação, outro subgênero também viu o seu ápice acontecer: os chamados “Buddy Movies“. Como a própria expressão caracteriza – Traduzindo livremente o termo buddy significa amigão ou companheiro – os Buddy Movies traziam sempre uma dupla de antagonistas que aos poucos se tornavam amigos inseparáveis, e acabavam sempre combatendo o mesmo mal, em cenários repletos de ação banhada com bastante humor.

Foi assim com filmes como Máquina Mortífera (Richard Donner, 1987), filme que gerou mais três sequências e uma série de TV; O Último Boy Scout (Tony Scott, 1991); e os mais recentes Dose Dupla (Baltasar Kormákur, 2013), estrelado por Denzel Washington e Mark Wahlberg, e o divertido Dois Caras Legais (Shane Black, 2016), produção em que Russell Crowe e Ryan Gosling interpretam os buddies em questão. Vale lembrar que com exceção de Dois Caras Legais, o citado Shane Black tem seu nome envolvido em todos os filme citados. Black é uma espécie de “fundador não-oficial” do subgênero.

Agora em 2017, surge mais um novo exemplar do referido subgênero neste irregular e movimentado Dupla Explosiva (The Hitman’s Bodyguard, EUA/CHI/BUL/HOL, 2017), que também traz dois nomes de peso e carisma como protagonistas: o “DeadpoolRyan Reynolds e o “Nick FurySamuel L. Jackson, aqui sob a direção de Patrick Hughes, responsável pelo bobo porém divertido Os Mercenários 3, filme que de certa forma, é nada mais nada menos do que um Buddy Movie com a fórmula elevada à enésima potência.

Em Dupla Explosiva, Reynolds interpreta Michael, um agente de segurança de elite que vê sua carreira ir para o vinagre, após um de seus clientes mais valiosos ser assassinado sob sua guarda. Dois anos depois, Michael recebe a chance de reerguer seu nome e sua reputação, quando acaba incumbido (à contra-gosto), de escoltar e proteger o matador profissional Darius Kincaid (Jackson), para que este possa ser julgado no tribunal por seus crimes, antes que um grupo de criminosos liderados pelo facínora russo Dukhovich (Gary Oldman, pagando as contas), consiga capturá-lo. É claro que aos poucos o matador interpretado por Jackson vai revelando não ter um coração tão mau assim, e a relação entre os dois protagonistas, que à princípio se odeiam, aos poucos evolui para uma colaboração e logo se transforma em parceria, como não poderia deixar de ser em uma produção do gênero.

Não há muito o que discorrer sobre este Dupla Explosiva. O filme segue à risca todos os bullets da cartilha dos Buddy Movies, e por isso mesmo, é previsível do início ao fim. Contudo, a produção tem qualidades. A ação é bem executada e permeia todo o filme, assim como o humor que é utilizado na medida certa. O filme ainda conta com a presença sempre atraente da ainda bela atriz latina Salma Hayek (Um Drink no Inferno, A Balada do Pistoleiro), mas é mesmo a excelente dupla de intérpretes centrais que faz valer cada centavo do ingresso. Enquanto Jackson destila com louvor a expressão “Motherf…” por toda a produção, Reynolds repete com maestria seu papel do cara legal que parece sempre se meter em encrencas maiores do que ele imagina.

Mesmo repetindo todos os clichês possíveis e imagináveis de um subgênero que faz sucesso há mais de três décadas justamente por entregar exatamente o que o público espera, este Dupla Explosiva é boa diversão despretensiosa, valorizada por sua sensacional e carismática dupla de protagonistas, cuja química é nítida e garante pontos extras ao filme. E mesmo que ambos resolvam aparecer em uma possível sequência tão previsível quanto o filme de origem, podem apostar que eu pagaria o ingresso para vê-los juntos em cena novamente.

Dupla Explosiva estreia nos cinemas brasileiros neste final de semana.

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