Crítica: Gifted (2017)

Gosto muito do ator Chris Evans. Mais do que famoso por interpretar o Capitão América no megalomaníaco universo Marvel nos cinemas, Evans já provou ser bom ator (no drama Código de Honra, onde interpreta um talentoso advogado viciado em drogas), e até um promissor diretor (em sua estreia na direção, com o romance Before We Go).

Neste sensível Gifted (EUA, 2017), Evans volta a mostrar suas habilidades interpretativas, em um papel interessante, situado em uma produção bonita e de alma verdadeira e delicada.

Novo filme do competente diretor Marc Webb (do neo-cult (500) Dias com Ela, e dos dois filmes da franquia/reboot O Espetacular Homem-Aranha), Gifted retrata a relação entre o fechadão Frank (Evans) e sua sobrinha superdotada, Mary (a gracinha Mckenna Grace, do ótimo drama Mr. Church, cuja crítica você também confere aqui no Portal do Andreoli). Após a morte da irmã, Frank assumiu a guarda da criança, a quem cria com amor, mas com visível dificuldade. Especialmente financeira. E quando a inacreditável inteligência de Mary vem à tona na escola onde a menina estuda, entra em cena a rígida Evelyn (a estupenda Lindsay Duncan, de Birdman), a avó da criança, que acredita que Frank não tem como suportar a menina, tanto financeiramente, como intelectualmente.

O tema das crianças-prodígio, ou mesmo de jovens prodígios, já ganhou algumas adaptações cinematográficas bem interessantes. Me salta à memória filmes como Mentes Que Brilham (Little Man Tate, 1991), filme dirigido por Jodie Foster, e é claro, o excelente Gênio Indomável (Good Will Hunting, 1997), produção dirigida por Gus Van Sant e protagonizada por Matt Damon e Robin Williams.

Gifted continua esta boa tradição, e a produção, escrita pelo desconhecido Tom Flynn, não decepciona. Muito bem dirigido por Webb, o filme trabalha com bastante inteligência a dinâmica envolvendo a relação turbulenta entre Frank e sua mãe, assim como as relações entre Frank e a garota, e de Mary e sua avó. A história ainda introduz a vencedora do Oscar Octavia Spencer (do recente sucesso A Cabana), no papel de uma amiga de Frank, que o ajuda a criar a pequena Mary.

A produção também trabalha de maneira curiosa a assombrosa inteligência de Mary, e de como ser diferente das outras crianças influencia na vida da garotinha. Gifted também emociona bastante em algumas passagens, é claro. Mas sempre o faz de maneira sutil e verdadeira, sem excessos melodramáticos, o que é um alívio em produções com esta temática. Uma das sequências, em que Frank precisa deixar a garota com uma outra família por um período de tempo, é de literalmente partir o coração, e onde brilham as atuações de Evans e da garotinha Mckenna.

Uma boa e sólida produção do gênero, Gifted é um drama de bom coração, de narrativa comum, mas enriquecida com senso moral e permeada por bastante delicadeza e aura comovente, valorizada por um elenco bastante acima da média, e um Chris Evans mais uma vez mostrando que pode ser o protagonista de qualquer tipo de filme. Boa pedida!

Gifted ainda não recebeu título nacional, e também não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros.

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