Crítica: Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2)

Meu principal problema com as produções do MCU – o universo cinematográfico da Marvel – é a similaridade entre suas produções. Tirando as particularidades de cada personagem que protagoniza as referidas obras, e um ou outro artifício narrativo, o estúdio apenas recicla sua batida fórmula produção após produção.

Quando foi lançado em 2014, o primeiro Guardiões da Galáxia foi o primeiro filme do selo a realmente inovar narrativamente, e principalmente, conceitualmente. Com doses cavalares de humor, personagens politicamente incorretos e bastante fantasia espacial (coisa até então praticamente inédita nos filmes da Marvel), o diretor e roteirista James Gunn introduziu sangue novo às produções do selo, e abriu caminho para novas possibilidades dentro dos lançamentos da produtora. Vide o mega-sucesso Deadpool, que apesar de ter sido produzido pela Fox, sem dúvidas bebeu na fonte aberta por Gunn e cia.

Três anos depois, chega aos cinemas esta inevitável e aguardada sequência, Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2, EUA, 2017), que apesar de levemente inferior ao primeiro filme, continua mantendo um alto patamar de entretenimento, trazendo inclusive, um humor mais explícito e afiado do que o do filme anterior, além de introduzir novos e interessantes personagens ao universo de seus improváveis heróis.

Neste “segundo volume”, os Guardiões da Galáxia são agora heróis sancionados pela Tropa Nova, e juntos, os heróis seguem sua rotina de missões, viajando por diferentes planetas e galáxias, enfrentando todos os tipos de perigos imagináveis. Apesar de não precisarem mais viver fugindo como foras-da-lei, o grupo não convive em total harmonia, principalmente devido aos arrogantes entreveros entre Peter Quill (Chris Pratt) e Rocket (voz de Bradley Cooper), que não entram em acordo em nenhuma questão sequer, e também aos desarranjos entre Quill e Gamora (Zoe Saldana), que podem ou não estar engatando um romance.

Veja Também  Crítica: A Mula (The Mule) | 2018

Após Rocket roubar um ítem valioso durante uma das missões do grupo, os Guardiões acabam cruzando o caminho de Ego (o sempre ótimo Kurt Russell), um poderoso ser espacial que é criador e dono de seu próprio planeta, e cuja existência está diretamente ligada à do próprio Peter. Ao mesmo tempo, o saqueador-espacial Yondu (Michael Rooker, o Merle Dixon da série The Walking Dead) e seu time, planejam chegar novamente aos Guardiões da Galáxia, antes que uma perigosa e ascendente força, faça com que tal aproximação seja tarde demais.

Mais uma vez comandando o roteiro e a direção da franquia, James Gunn imprime ritmo e estilo próprios à produção, usando e abusando do humor, que por vezes chega a ser até cartunesco (uma das sequências, envolvendo Yondu, Rocket e o bebê Groot, é praticamente um desenho animado). Falando no bebê Groot, a adorável criatura é outro ponto alto do filme. Sua figura encanta crianças e adultos, e aliada aos personagens de Rocket (em mais um belo trabalho da equipe de efeitos-visuais, e de voz por parte de Bradley Cooper), e do impagável Drax (o fortão Dave Bautista, de 007 Contra Spectre), arranca diversas gargalhadas do público. Drax é, inclusive, o melhor personagem do filme, em uma performance humoristicamente irrepreensível de Dave Bautista.

Quem também ganha bastante destaque nesta sequência, é Michael Rooker e seu bandidão azul Yondu. Ao longo da produção, o personagem vai ganhando cada vez mais peso dentro da narrativa, e ao lado do sempre carismático Kurt Russell no papel do enigmático Ego, também acaba introduzindo uma interessante nova dinâmica à produção. Outra presença veterana que dá as caras na produção é Sylvester Stallone, em um papel pequeno, mas que pode ganhar novos desdobramentos em futuras produções da Marvel.

Veja Também  Crítica: VFW (2020)

Nem vou entrar no mérito de destacar os efeitos-especiais da produção, como sempre impecáveis dentro das produções do universo Marvel. Mas posso falar um pouquinho da trilha-sonora da produção, que assim como a soundtrack do primeiro filme, traz algumas verdadeiras pérolas musicais dos anos setenta, oitenta e noventa, todas incorporadas muito bem às sequências de que fazem parte.

A produção entretanto, carrega um certo exagero visual em seu clímax excessivamente barulhento, mas nada que chegue nem perto de comprometer o ótimo resultado final da produção, que além de todas as qualidades que citei ao longo desta crítica, conta com muitas outras que não posso citar por aqui para não estragar a experiência de quem vai conferir a produção. Posso entretanto adiantar que a sequência inicial do filme é talvez a mais perfeitamente executada de todo o universo MCU, e que a produção traz ainda cinco cenas pós-créditos, mas nenhuma propriamente empolgante demais.

Mais um triunfo do inventivo cineasta James Gunn, Guardiões da Galáxia Vol. 2 é uma excelente sequência, que enriquece o universo do sensacional primeiro filme, e deixa as portas mais do que escancaradas para um terceiro filme. E o melhor: Sem desgastar nenhuma fórmula, já que o maior mérito de Gunn e seus filmes, é o de justamente flutuar à parte do cada vez mais batido universo dos Vingadores e cia.

Guardiões da Galáxia Vol. 2 estreia nos cinemas brasileiros nesta próxima quinta-feira, 27 de Abril.

Loading

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens