Crítica: Night Hunter (Nomis) | 2018

Nomis

Os bons thrillers de mistério meio que se tornaram coisa rara em Hollywood hoje em dia. Com o público cada vez mais focado em filmes-evento (leia-se Marvel, DC e semelhantes), e em ficar em casa vendo qualquer coisa na Netflix, a produção de suspenses em geral diminuiu bastante. No ano passado, o excelente thriller Buscando… (Searching, cuja crítica está disponível aqui no Portal do Andreoli), foi um dos únicos expoentes do gênero, o que é uma triste realidade do cinema atual. Outro suspense menor, mas também concebido com bastante eficiência é este Night Hunter (Nomis, EUA/CAN, 2018), filme que se segura longe da mediocridade que abraçou tal tipo de filme nos últimos anos.

Inclusive, Night Hunter carrega consigo uma até que considerável quantidade de reviravoltas, ao contar a história de Marshall (o ex-Superman Henry Cavill), um experiente tenente-investigador da polícia que ao lado de sua força-tarefa e de Cooper (o grande Ben Kingsley, de A Lista de Schindler), um ex-juiz que agora age como uma espécie de vigilante, se envolvem em uma perigosa investigação que envolve o sequestro e assassinato de diversas mulheres.

Falar mais sobre a trama de Night Hunter pode entregar algumas das reviravoltas que mencionei acima, e como um thriller de mistério, o filme escrito e dirigido pelo promissor estreante David Raymond mantém o espectador na beira da poltrona o tempo todo. As surpresas contidas nestas reviravoltas são intensas e garantem um senso de perigo à narrativa, que não garante a integridade física nem dos protagonistas do filme. Ou seja, ninguém está a salvo do assassino.

Graças à esta construção narrativa, a produção ganha uma atmosfera bastante imprevisível, mesmo para quem já assistiu uma infinidade de filmes do gênero, que convenhamos, não são poucos. Vale ressaltar que felizmente, Night Hunter não depende apenas das reviravoltas para ser um bom suspense, já que o filme não se apoia somente em sua revelação final. A caçada em si acaba sendo mais interessante, especialmente quando o público vai compreendendo cada vez mais a natureza pérfida do serial killer em questão.

Entretanto, Night Hunter peca na maneira com que lida com seus muitos personagens coadjuvantes, que contam com nomes de peso como Stanley Tucci (Spotlight: Segredos Revelados, 2015), Nathan Fillion (de Seres Rastejantes, cuja crítica também está disponível aqui no Portal do Andreoli), e a bela Minka Kelly (da série da DC Titans). Os personagens secundários entram e saem da trama e nunca são utilizados de maneira totalmente satisfatória. Por consequência, o desenvolvimento dos coadjuvantes também deixa a desejar, e essencialmente, o único personagem que efetivamente evolui dentro da produção é o Marshall interpretado por Cavill.

Cavill, aliás, faz de seu carisma o grande chamariz da produção. Mesmo com seu personagem demorando para ganhar a simpatia do público, Cavill cresce no filme à medida em que a narrativa progride, e sua presença definitivamente faz a diferença. Quem também aparece bem é a beldade Alexandra Daddario (da comédia When We First Met, cuja crítica também está disponível aqui no Portal do Andreoli), em uma performance bastante crível no papel de uma analista de perfis criminosos. Sua personagem possui uma fúria silenciosa que revela-se bem interessante ao longo da produção, e marca um novo patamar na carreira da atriz. Para variar, o veterano Ben Kingsley rouba a cena quando aparece, engolindo quem quer que esteja ao redor.

Entretanto, o filme gira em torno do personagem de Simon (Brendan Fletcher, de O Regresso, 2015), em uma performance extremamente versátil. Não vou revelar o papel dele aqui para não vazar nenhum spoiler, mas é baseado no perfil de Simon que Night Hunter trabalha a questão da intriga em torno da investigação. É Fletcher e seu Simon quem fazem o filme ser o que é.

No geral, Night Hunter é um thriller de mistério bem acima da média, que facilmente prende a atenção do público e funciona na medida como veículo para o astro Henry Cavill. Já está mais do que na hora do ator emplacar um papel de protagonista de uma grande produção, que não seja o Superman ou o coadjuvante do Tom Cruise.

Night Hunter não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros, e deve chegar ao país diretamente através de serviços de streaming e VOD.

https://www.youtube.com/watch?v=m-z8Gjb_23E

2 respostas

  1. Não gostei desse filme não. A reviravolta é até interessante, mas acontece tudo muito rápido, que não dá nem tempo de “sofrer” aquela tensão que a gente gosta nesse tipo de filme. Achei fraco.

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