Crítica: Perfect (2018)

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Mantendo a tradição do festival South by Southwest, ou SXSW para os íntimos, este enigmático Perfect (EUA, 2018), é mais uma produção exibida na edição deste ano do evento que habita o surreal e o imaginário, nem sempre agradando ou nem mesmo fazendo sentido, mas sempre propelindo o espectador a buscar respostas estando completamente fora de sua zona de conforto. Perfect entrega à seu público um esmagador assalto sensorial.

O filme consiste em um claustrofóbico pesadelo construído sobre imagens psicodélicas e ideias bastante ousadas. Transcorrendo como uma espécie de versão moderna da aterrorizante sci-fi existencial Viagens Alucinantes (Altered States, 1980), em que o ótimo William Hurt interpreta um cientista de Harvard que conduz experimentos em si mesmo que o fazem regredir geneticamente, Perfect é uma produção pequena porém ambiciosa, tão impressionante quanto confusa.

O filme conta a história de um adolescente rebelde (Garrett Wareing, de Independence Day: O Ressurgimento), que após cometer um terrível crime, é enviado por sua mãe (a bela Abbie Cornish, de Candy e Três Anúncios para um Crime, cuja crítica você também confere aqui no Portal do Andreoli), para um luxuoso e moderno retiro. Isolado neste novo lugar, repleto de pessoas estranhas e máquinas inteligentes, o garoto é introduzido à uma terapia experimental, que pode curar seus males e ainda fazê-lo descobrir a si mesmo. Porém, com estranhas e perigosas consequências…

Além do citado Viagens Alucinantes, Perfect lembra um pouco também o recente thriller A Cura, dirigido pelo especialista do gênero Gore Verbinski (O Chamado, 2002). Mas ao invés da narrativa linear e convencional do filme de Verbinski, Perfect utiliza-se de uma galeria de imagens surreais e grotescas, dirigidas com mão pesada pelo estreante em longas Eddie Alcazar, também responsável pelo inconstante roteiro, ao lado do também estreante Ted Kupper. Além das imagens perturbadoras, Alcazar também usa e abusa de efeitos sonoros distorcidos e atordoantes, causando reações inesperadas e incômodas por parte do público.

Visualmente, Perfect reflete a fraturada psique de seu protagonista. A edição frenética, sequências chocantes e alguns trechos de animação de saltar os olhos, ajudam a criar um mundo que se alterna subitamente entre a calma pacífica e o caos puro. Mas em meio à tempestade visual e sonora existe uma interessante história que discorre sobre temas como Inteligência Artificial, engenharia genética e esoterismo.

Em diversos momentos, a narrativa deste Perfect é opaca e por vezes, até impenetrável. No entanto, decodificar sua intrincada narrativa é parte do que torna o filme uma experiência cinematográfica tão cativante. Não é um filme para todos, mas tem elementos para agradar uma boa fatia do público.

Perfect não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros, e deve chegar ao país através de sistemas de streaming e VOD.

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