Crítica: Shimmer Lake (2017)

Nova produção original da gigante do entretenimento Netflix, este modesto suspense Shimmer Lake (EUA, 2017), é o típico filme que você precisa ver duas vezes. Graças à sua narrativa não-linear, o filme exige um pouco mais de atenção do espectador, especialmente em seus confusos minutos iniciais. Contudo, a produção ganha ritmo e atmosfera surpreendente, recompensando o espectador, principalmente aquele menos treinado a adivinhar os desfechos de filmes em geral.

O filme mostra os desdobramentos de um assalto à banco, em uma pequena cidade americana. O jovem chefe de polícia Zeke Sikes (Benjamin Walker, de Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros), é o encarregado da investigação, que vai se mostrando cada vez mais complicada, já que um dos suspeitos do assalto é seu próprio irmão, Andy (Rainn Wilson, da série The Office).

Falar mais sobre a produção pode estragar algumas das várias reviravoltas do filme. Ou melhor, Shimmer Lake é, por si só, uma grande reviravolta. Contado de trás para frente, o filme primeiro mostra os resultados do assalto e sua posterior investigação, e aos poucos, ao longo de seus ligeiros 86 minutos de duração, vai evidenciando os personagens centrais dos eventos citados, e suas verdadeiras intenções.

Escrito e dirigido pelo estreante e promissor Oren Uziel (roteirista do novo filme do universo Cloverfield no cinema, batizado de God Particle e com estreia prometida ainda para 2017), Shimmer Lake apresenta, sem exageros, um dos melhores roteiros dos últimos anos. Uziel organiza suas peças com maestria dentro do tabuleiro do filme, e com sua narrativa “reversa”, cria um divertido jogo de adivinhação onde o prêmio é descobrir quem é inocente, e quem é culpado.

O elenco é afiado, com destaque para o firme protagonista Benjamin Walker, o esquisitão Rainn Wilson, no papel do irmão gaiato do protagonista, e com destaque também para nomes coadjuvantes com bagagem no humor, como John Michael Higgins (da comédia Sim Senhor), Ron Livingston (Como Enlouquecer seu Chefe) e Rob Corddry (A Ressaca). Essa bagagem humorística do elenco ajuda a garantir um tom bastante ácido a produção, que transcorre praticamente como uma comédia de humor-negro.

Entretanto, apesar de seu excelente roteiro, Shimmer Lake não é totalmente imprevisível, e fiquei com a impressão de que Uziel revela um pouco cedo demais o verdadeiro rumo que seu filme está tomando, eliminando, pelo menos para mim, a grande surpresa da trama. O curioso é que, mesmo eu já tendo adivinhado o rumo da produção, não desclassifico a solução dada, principalmente quando você se arrisca a dar aquela segunda assistida no filme, como mencionei lá em cima. O roteiro da produção é extremamente bem amarrado.

Mesmo sem grandes ambições, este Shimmer Lake é um suspense bastante interessante, valorizado por um excelente roteiro e um elenco extremamente bem selecionado. Junto de outra produção bastante recente da própria Netflix, o thriller criminal Pequenos Delitos (Small Crimes, cuja crítica você também confere aqui no Portal do Andreoli), o filme de Oren Uziel forma uma dobradinha bastante curiosa, sobre o novo cinema de crime norte-americano.

Shimmer Lake está disponível no catálogo da Netflix.

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