Crítica: The Endless (2017)

Exibido com ressonância do público no Tribeca Film Festival 2017, este The Endless (EUA, 2017), marca o aguardado retorno da dupla de jovens diretores e roteiristas Justin Benson e Aaron Moorhead, depois de obras promissoras do gênero horror como o tenso Resolution (2012), e principalmente o assustadoramente belo Spring (2014), este praticamente uma amálgama do cinema do diretor Richard Linklater, com a literatura do mestre H.P. Lovecraft. Spring chamou demais minha atenção para o cinema da dupla, e fico feliz em poder dizer que em seu retorno às telas, Benson e Moorhead não decepcionam.

Curiosamente, a dupla encarna também os protagonistas deste mesmerizante The Endless, no papel de dois irmãos que atingiram um certo nível de notoriedade após conseguirem escapar de uma espécie de culto, há uma década atrás. O mais velho, Justin, contou diversas histórias para a imprensa sobre o tal culto, envolvendo controle da mente, abuso, castração e um inevitável suicídio em massa. Aaron era mais jovem e não se lembra de nada disso, e tudo o que ele se recorda é de uma comunidade de pessoas que o amava.

Um dia, eles recebem uma fita de vídeo de uma pessoa da comunidade indicando que uma tal “ascensão” (o objetivo-mor dos integrantes do culto) ainda não aconteceu, e a dupla decide retornar ao local por apenas um dia, para assim confirmar as memórias de Justin e mostrar para Aaron a verdade. Quando os irmãos chegam ao local, chamado Acampamento Arcadia, ambos são surpreendidos com a afabilidade dos moradores da comunidade e também com a rotina pacífica do acampamento. Eles produzem sua própria cerveja, encorajam a busca de alguns residentes pela arte, e passam noites conversando ao redor de uma fogueira. Mas é claro que nem tudo é o que parece…

Obviamente, Benson e Moorehead começam imediatamente a brincar com a percepção e a expectativa do público, espalhando pistas e personagens excêntricos que podem ou não estar ali por acaso. Entretanto, qualquer previsão por parte do público sobre para onde exatamente a narrativa de The Endless está indo acaba sendo infrutífera, já que Moorhead e Benson tem algo muito mais ambicioso em mente do que apenas um filme sobre “cultos de morte”, etc…

Assim como nos citados Resolution e Spring, aqui a dupla de diretores está mais interessada no horror como uma manifestação da necessidade humana e da emoção, do que no sentido do gênero propriamente dito. É nesta pegada do horror metafórico que The Endless, antes de qualquer coisa, se torna um filme sobre os padrões destrutivos do indivíduo, e sobre como é fácil para o indivíduo cair em rotinas que o deixam estagnado, impedido de seguir qualquer rumo na vida. Trata-se de um filme esperto, que une de maneira inteligente o impossível com o factível, encontrando as histórias humanas que permitem ao espectador colocar a verossimilhança de lado a cada passo mais distante da realidade que a intrincada trama do filme dá. Benson e Moorhead constroem a base de seu filme com emoção, para em seguida levar o espectador para onde quiserem com a maneira com que contam sua história.

E a maneira com que contam suas histórias só tem melhorado a cada novo projeto. Começou eficiente mas um tanto canhestra em Resolution; se refinou demais no belo Spring; e em The Endless atinge um ritmo e um tom que apenas cineastas em total controle de suas aptidões conseguem atingir. Boa parte do filme se passa ao ar livre, no Acampamento Arcadia, e Moorhead e Benson têm uma notável habilidade de transportar seu público para este estranho e místico lugar.

Sendo um pouco chato (ou seja, fazendo o meu papel de crítico), o filme poderia ter uns minutos a menos para ser perfeito. Não que sua duração seja exagerada, pelo contrário, mas creio que o filme poderia literalmente explicar menos sobre seus temas em seu ato final. Mas esta é uma reclamação pequena perto do que é um dos melhores filmes de horror do ano.

The Endless não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros, e deve chegar ao país diretamente em sistemas de streaming e VOD.

10 respostas

  1. Pior porcaria que já assisti, parece caverna do dragão e tem o final igual, ou seja não tem final. É 1h e 51 min que nunca mais vou recuperar.

  2. Não entendi muitas coisas, tipo porque aquele cara que fumava cachimbo do acampamento deixava a porta trancada com cadeado e no final ele destranca.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens