Crítica: The Monster Project (2017)

Mesmo sendo um fã inveterado do gênero horror, já venho há algum tempo evitando as produções filmadas em primeira pessoa, as famigeradas found-footage. Compondo um subgênero que chegou à completa exaustão, as found-footage hoje pouco tem a agregar ao horror, e nas últimas produções do estilo pelas quais me aventurei, quebrei a cara seguidamente. O novo Bruxa de Blair que o diga!

No entanto, resolvi dar uma chance à este The Monster Project (EUA, 2017), nova produção do estilo citado acima, que ao menos pelo trailer e algumas primeiras impressões, parecia trazer algo de novo à vertente, que ultimamente empilha exemplares de gosto duvidoso e execução cada vez mais paupérrima, onde a narrativa é praticamente inexistente, e o gore e a violência transbordam em cena. Ao terminar de ver o filme, confesso que cheguei à conclusão de que minha decisão não foi completamente acertada, mas também não foi um equívoco completo. The Monster Project não traz nada de novo ao gênero, mas também não figura como um exemplar vexatório. Longe disso.

O principal motivo que me fez apostar na produção, foi sua bem interessante ideia central, que consiste em uma equipe de filmagem amadora que decide convidar pela internet, pessoas que supostamente seriam monstros de verdade, com o intuito de produzir um documentário. A equipe consegue três possíveis candidatos para participar do documentário: uma tatuadora que diz ser uma vampira, um guarda florestal de origem indígena que clama ser um lobisomem, e uma jovem oriental que afirma estar possuída por um demônio. Os documentaristas alugam uma velha casa para realizar as entrevistas, e na noite combinada, ficam no aguardo dos supostos monstros da vida real. É claro que as entrevistas não saem bem como o planejado, e logo, a equipe terá de lutar por suas próprias vidas.

Escrito e dirigido por Victor Mathieu, cineasta de poucas referências, The Monster Project entrega menos do que promete. A boa ideia central é muito pouco aproveitada, já que a produção usa e abusa do gore e da correria, e dedica pouquíssimo tempo para desenvolver a intrigante possibilidade de discutir o papel dos monstros reais na sociedade atual.

O elenco central é bastante genérico, e ninguém se destaca, principalmente pelo fato de que boa parte dos diálogos destes personagens resumem-se à expressões de espanto e pavor. Contudo, quando decide explorar um pouco o cerne principal de sua narrativa, The Monster Project consegue entreter o espectador, especialmente em uma sequência onde a personagem Shayla (a bela Yvonne Zima), que afirma ser uma vampira, é entrevistada pelos documentaristas. A cena é sexy e o diálogo bem explorado, e chega a ser uma pena o filme não explorar mais este tipo de sequência no restante de sua narrativa.

Os efeitos visuais e de gore também são acima da média, especialmente os que se concentram no personagem do lobisomem (chamado de skinwalker na produção), e também ajudam a evitar que a produção descambe para o fracasso completo. Porém, realmente lamento que Mathieu e seus co-roteiristas tenham preferido levar sua produção para o rumo mais genérico do gênero found-footage. Um cuidado um pouco maior com sua narrativa, teria feito de The Monster Project um pequeno novo expoente do horror em primeira pessoa.

The Monster Project está disponível em sistemas de streaming.

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