Crítica: What The Waters Left Behind (Los Olvidados)

Quando falamos de cinema argentino, logo nos salta à mente os ótimos dramas produzidos no país, como o vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro O Segredo dos Seus Olhos (Juan José Campanella, 2009), ou o excelente Relatos Selvagens (Damián Szifron, 2014), ambos estrelados pelo onipresente Ricardo Darín, que também está em tantas outras produções da terra dos nossos hermanos. Mas a Argentina também tem cinema de horror, e um dos novos exemplares do país dentro do gênero é este What The Waters Left Behind (Los Olvidados, ARG/ZEL, 2017), filme dirigido pelos irmãos Nicolás e Luciano Onetti (dos thrillers Francesca, 2013 e Sonno Profondo, 2015), que aqui homenageiam clássicos do horror da década de setenta onde famílias psicopatas faziam o diabo nas vidas de suas pobres vítimas, ao estilo de O Massacre da Serra-Elétrica (Tobe Hooper, 1974) e Quadrilha de Sádicos (Wes Craven, 1977).

Os irmãos Onetti dirigem, escrevem, produzem, editam e compõem a trilha-sonora (UFA!) de sua história sobre uma pequena equipe de documentaristas que se dirige para a cidade de Epecuen, na Argentina, localidade que foi completamente destruída e abandonada por mais de trinta anos, depois que obras numa barragem praticamente alagaram a cidade. Uma das sobreviventes da cidade, Carla (Victoria Maurette), será a protagonista do documentário, e apesar de ela ser bem jovem na época do alagamento de Epecuen, ela viveu com a avó no local, e é capaz de fornecer alguns insights que a equipe precisa para o filme. Depois da já manjada cena em que o grupo para em um posto de gasolina e se estranha com o proprietário e alguns moradores das redondezas (clichê n°1), a equipe parte para dentro da cidade para começar as filmagens. Mas obviamente o carro deles quebra (clichê n°2), deixando-os à mercê de uma família de assassinos psicopatas que passaram a fazer da cidade abandonada o seu lar doce lar. Agora, a equipe terá de lutar por suas vidas em meio à um cenário de total e macabra ruína (clichê n°3).


Demonstrando talento e energia atrás das câmeras, os irmãos Onetti conseguem criar uma obra visualmente rica e impactante, utilizando-se de uma bela fotografia apoiada na saturação das cores em meio ao cenário estático e sem vida de Epecuen. O score musical de Luc Onetti é perturbador e o filme ganha bastante em tensão graças à ele. A violência é bastante explícita, com uma pitada de violência sexual só para demonstrar o quão realmente perturbada a tal família de psicopatas é. Uma antiga fábrica abandonada onde se processava carne serve de base para a operação da família, e os melhores momentos de gore transbordante acontecem no local, é claro. Destaque para a cena onde uma serra gigante faz um estrago danado no pobre infeliz que tem o infortúnio de ser destroçado por ela. No geral, o filme segue a batidíssima fórmula do famoso “esconde-esconde”, com os protagonistas fugindo e se escondendo para não virar suco de carne nas mãos do clã de degenerados, enquanto o público torce para que eles sejam de fato encontrados e transformados em suco de carne.

What the Waters Left Behind é um exemplar válido do gênero, porém falta ao filme um cuidado maior com o suspense, com a antecipação dos atos violentos que a produção retrata tão bem. A própria ambientação do filme merecia uma abordagem mais caprichada, já que toda a história envolvendo a cidade e sua destruição é bastante interessante, e fico me perguntando o que esta trama não teria rendido na mão de um Alexandre Aja (Viagem Maldita, Alta Tensão) ou um Neil Marshall (Abismo do Medo, Dog Soldiers), por exemplo.

Mas independente de minha opinião sobre o que considero serem problemas do filme, What the Waters Left Behind, como comentei, ainda é um bom exemplar do terror explícito, mais precisamente os que envolvem alguma família de loucos psicopatas prontos para cometerem todo tipo de atrocidade. Com certeza não pertence ao panteão dos clássicos citados lá no início do texto ou mesmo ao de alguns outros exemplares que vieram depois, mas em nenhum momento insulta os fãs do horror com personagens acéfalos os quais o espectador torce para morrerem. O nível de violência agrada em cheio aos entusiastas do gore, e uma surpresinha final envolvendo a árvore genealógica da família de psicopatas funciona como a cereja deste bolo sangrento, divertido e nada original. Para mim, está valendo.

What the Waters Left Behind não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros, e deve chegar ao país diretamente para o mercado de streaming e VOD.

5 respostas

  1. Kkkkkk pra onde foram os barulhos das portas do carro quando eles a fechavam???? Os cara economizaram até no barulho das palmas do atores.kkkkk filme lixo

  2. Ta de sacanagem com essa crítica né? Não pode ser, cara.
    Pior filme que vi na vida. Totalmente previsível, atores horríveis, personagens sem contexto e inúmeras cenas que não fazem o menor sentido com a ligação da história. Um desastre total. Uma ofensa fazer as pessoas assistirem essa carniça. Muito clichê e sem sentido. Não indico esse filme nem pro meu pior inimigo.
    O terror desse filme é você assisti-lo por 1h30.

  3. Que filme horrível! Extremamente amador, sem roteiro e sem nenhuma direção. O enredo é muito interessante e teria tudo para ser bem explorado, estilo chenobil. De 0 a 10,nota 2.

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