Paty Santos: As meninas do Taboão.

Campeonato Paulista Feminino, São Paulo enfrenta o Taboão da Serra e vence por 29 a 0. Os méritos com certeza não foram para a vitória das tricolores, mas sim para o time derrotado que neste último fim de semana, perdeu para o Ferroviária por 14 a 0.

O microfone na mão de Alieni me deixou atenta. O que a capitã do time tinha a nos dizer? Tudo. Elas não ganham para jogar, não possuem roupas de treino, não ganham uma ajuda de custo sequer para transporte, tiveram apenas três treinos antes da primeira goleada, não vivem do futebol e algumas atletas demoram duas horas para chegar ao treino. São tantas as dificuldades, que mesmo sabendo da desigualdade entre os times e da diferença de estrutura do futebol feminino com o masculino, eu me pergunto, e o mínimo? O mínimo que o clube pode oferecer e o mínimo que a Federação possa fazer?

Esta não é uma realidade muito diferente de outros times pequenos que estão no Campeonato Paulista e indo em linha que há males que vem para o bem, as meninas do Taboão chamaram atenção. Estão recebendo doações, e até vaquinha virtual existe para ajudá-las, mas além de refletir sobre esta realidade no futebol feminino que precisa mudar, porque não dá pra viver de caridade pra sempre, algo que me chamou atenção e está sendo o motivo de escrever mais seriamente do que o normal, é o quanto eu aprendi naqueles minutos em que eu ouvi a Alieni, e no decorrer da semana as demais jogadoras.

Apesar das dificuldades, só pelo fato de estarem treinando e fazendo o que ama, as motivam para não desistirem. Elas passam um perrengue danado, e às vezes eu quero desistir por tão menos. As meninas do Taboão me deram um tapa, bem doído, mas merecido.  Vocês imaginem um moleque que sonha em ser jogador de futebol, o quanto já é difícil para ele, imagine para uma menina. Elas torcem para que o departamento feminino não seja fechado, e eu vou torcer para que empresas invistam neste time e assim, elas possam conseguir continuar lutando pelo que mais desejam.

Como eu queria dormir e acordar com os times femininos sendo um Lyon da vida (já falei aqui na coluna sobre elas), mas é algo impossível. Extrair das dificuldades, ânimo para persistir e continuar é lição de vida que temos que ter, eu sei, mas escrever sobre esporte é ter o reforço desta mensagem, sempre.  São histórias como das meninas do Taboão, Jimmy Bluter, José Aldo, Edvaldo Valério…e tantos outros atletas que me inspiram.

Se você gosta de futebol, não deixe de falar sobre o futebol feminino. Divulgue os jogos do seu time sempre quando puder, compartilhe matérias, ajude a dar voz e espaço para este esporte. Elas merecem!

Até semana que vem! Vocês estão muito preguiçosos, estão comentando menos. Fico de olho, viu? Quem mandou me deixarem mal acostumada, hahahaha.

 

Paty Santos

 

Imagens: Clube Atletico Taboão da Serra – CATS

 

 

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