Fábio Muniz: Ocupados demais para discernir os “sinais dos céus”

Olá queridos amigos!

Hoje eu estava pensando como parece que estamos sempre ocupados demais para discernir os “sinais dos céus”.

Você já teve a sensação de encontrar alguém no lugar certo, momento apropriado, e não saber como explicar tal conexão natural que se imiscuiu com o inexplicável?

Você já teve a impressão que o sobrenatural se encontrava com o natural e tal encontro só poderia ser algo “divino”? Ou no mínimo, algo que está pra além da ordem deste mundo linear e da física newtoniana

Eu, por exemplo, me lembro de ter ficado sem saída na Flórida em setembro de 2005 porque o ciclone mais intenso que já passara pelo Golfo do México estava chegando em Fort Lauderdale. O chamado ciclone Rita. Vôos cancelados. Uma situação caótica nas ruas. O pânico estampado no rosto de todos. E eu, pensando comigo mesmo, “Como vim parar aqui?”

Estava vindo do Canadá onde havia morado, e visitava amigos nos Estados Unidos. Tinha estado em Nova York, Scranton e Allentown, na Pensilvânia, e acabava de chegar na região de Miami, Flórida. Enquanto fazia algumas palestras naquela semana de calor tropical, me encontrei “sequestrado” por um contexto que fugia total e completamente das minhas mãos. O tal do ciclone Rita!

Ainda me recordo do barulho de um vento assustador na noite que o ciclone passara pelas ruas de Fort Lauderdale.

Pois bem, um dia depois do ciclone, o que eu não esperava aconteceu. Fui convidado para fazer uma última palestra enquanto aguardava o meu novo vôo que me levaria à La Coruña, na Espanha, no dia seguinte.

Naquele dia, naquela hora, naquele contexto, eu conheceria uma casal que se tornaria peças chaves para a minha chegada na Europa. Um encontro. Um convite. Uma oportunidade. Tudo mudou! Um sinal dos céus. Quase que literal!

Se não fora aquele ciclone…

Se não fosse por aquele encontro inesperado…

Eu não estaria onde estou.

Se não fora por aquele susto inexplicável…

Eu não teria conhecido a minha esposa na Europa, eu não teria…

Eu não seria…

Aliás, é o filósofo dinamarquês, Søren Kierkegaard, quem diz: “A vida é entendida e compreendida quando a olhamos para trás…”

Talvez você me pergunte: Porque você está dizendo isto, Fábio?

Toda hora a gente está recebendo “sinais dos céus” para poder alinhar a nossa existência e fazer leituras na vida. Toda hora a gente tem a chance de discernir  e escolher como se tornar um melhor marido, uma mãe mais paciente com os filhos, um empresário justo e honesto, um ser humano do bem.

Toda hora a gente está recebendo mensagens que nos convidam para aprender a perdoar. Toda hora a gente está sendo visitado por um sentimento que lateja no nosso interior e nos diz: “Ligue para ele. Escreva uma mensagem para ela. Deixe para trás o rancor. Perdoe! Bola pra frente. A vida é curta demais para perder tempo com o que não vale a pena se importar.”

Recentemente um dos meus amigos agnósticos com uma mente científica me procurou. Este rapaz italiano trabalhou para o CERN, Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, que está na Suíça perto de Genebra. Pois bem, caso você não saiba, é o mesmo centro de pesquisas que possui o tão conhecido e enorme acelerador de partículas que estuda a chamada partícula de Deus e a teoria do Big Bang.

Ele me disse: “Fábio, eu não sei o que está acontecendo comigo, mas tudo ao meu redor me fala de vida, e morte, alegria e dor nesta existência. Olho para os passarinhos. Olho para a natureza. Cada encontro parece ser algo que me faz pensar em mim mesmo e como se tornar um melhor ser humano.

Eu acho isto fantástico. Quem me conhece sabe quantos amigos ateus e agnósticos eu tenho. Eles sabem que eu acredito em algo infinitamente maior e superior neste universo. Inexplicável, intangível ao olho humano, e incapaz de ser perceptível ainda que aceleradores de partículas batam na porta do início de tudo e de toda a existência. No entanto, se qualquer ser humano, tiver um mínimo de percepção para ver o que nos cerca, e fazer a leitura do “acaso” ou do que chamamos “coincidência”, notará e reconhecerá que não existe a tal dicotomia que a religião nos ensina entre secular, e sagrado; natural e sobrenatural, pois em última análise tudo é sagrado, e tudo é sobrenatural.

Estamos cercados por um universo que não conseguiremos jamais explicar.

Acabam de descobrir um ecossistema debaixo de uma das camadas de gelo da Antártica.

Estamos cercados por uma existência que nos assusta. A formação dos ossos de um bebê no ventre de uma mãe é algo inegavelmente extraordinário.

Estamos cercados por “sinais dos céus” que querem nos por na trilha do amor, no chão da paz, no caminho do altruísmo, na estrada da generosidade, mas parece que estamos ocupados demais para ouvir a voz destes sinais e ver o óbvio.

Isto me faz lembrar da simplicidade das palavras de Jesus que se encontram na narrativa de um dos evangelhos. Aliás, é no evangelho de Lucas, sujeito que era médico e tinha uma mente lógica, calculista e científica: Jesus disse também às multidões: Quando vedes aparecer uma nuvem no poente, logo dizeis que vem chuva, e assim acontece; e, quando vedes soprar o vento sul, dizeis que haverá calor, e assim acontece. Hipócritas, sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu e, entretanto, não sabeis discernir esta época?”

Eu espero de todo o meu coração que você não esteja ocupado demais para ouvir o coral dos passarinhos que te convidam a se juntar a esta sinfonia da criação. Eu espero de todo o meu coração que você não esteja ocupado demais para aceitar o convite da tua filha que te convida para passear e brincar com ela no parque. Eu espero de todo o meu coração que você não esteja ocupado demais para ligar para a tua mãe, preparar um jantar para a tua esposa, tomar um café com o teu melhor amigo, e sobretudo, discernir os “sinais dos céus”.

Um beijo grande a todos vocês e até a próxima!

Fábio  Muniz

Collonges-au-Mont-d’Or

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2 respostas

  1. Ah meu amigo, li seu artigo hj cheio de memórias e saudades. Me veio a mente o nosso mais recente encontro, enquanto comíamos um belo Cheese Salada paulistano, quando falávamos sobre as coincidências da vida. Que eu chamara de ¨convergências espirituais no mundo natural¨ rsrs. Esse texto incrível de hj completa aquele nosso papo. grande benção meu brother. Abç.

    1. Meu querido amigo, amigo de tantas lembranças…
      Eu me emocionei ao ler a tua mensagem. Obrigado.

      “As convergências espirituais no mundo natural…”

      Que privilégio. É isto mesmo.

      Que Deus nos ajude a perceber cada uma destas convergências enquanto vivemos este período chamado “vida”, que é tão curto, com toda alegria e discernimento para aproveitar cada minuto, cada segundo da nossa existência.

      Se cuida. Saudades!
      Fábio

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