Bom dia meus amigos,
Para muitos, a Páscoa é apenas um feriado, um momento de pausa europeia, onde as crianças se deliciam com ovos de chocolate e viajam com as suas famílias nas esperadas férias de primavera. Para outros, é um domingo de reunião familiar, um almoço cheio de afeto e tradição. Mas, para aqueles que se declaram cristãos, a Páscoa carrega um peso transcendente: é o coração da fé, a celebração da ressurreição de Jesus de Nazaré, aquele que segundo os Evangelhos, venceu a morte e abriu caminho para uma nova realidade cósmica.
Ora, há também os ateus, os agnósticos, os que seguem outras religiões ou nenhuma – e todos navegam em suas próprias interpretações (ou ausência delas).
Aliás, vivendo na Europa pós-cristã, num dos países mais seculares do mundo, eu e a Johnna cruzamos com todas estas perspectivas diariamente. E mais ainda, os nossos projetos nos colocam em contato com dezenas de culturas, e é justamente essa troca sem barreiras culturais e muros étnicos que nos move.
Apesar deste preâmbulo, eu não vou falar das muitas conversas que tivemos esta semana – como a da minha amiga francesa, sem religião, que me disse que a sua espiritualidade não passa por dogmas, mas por uma busca sincera, nascida nas sombras e nas vulnerabilidades mais profundas do seu ser, que a levou a decidir peregrinar por seis semanas até Santiago de Compostela. Este tema ficará para uma outra coluna.
Hoje, eu quero compartilhar algo que aconteceu em casa. Pois bem, ontem, a Sophia participou de um grupo de estudos online em Português, organizado pela nossa querida amiga Jacira. Lá, falaram sobre servir uns aos outros, seguindo o exemplo de Jesus, que lavou os pés dos seus discípulos antes da sua crucificação. Mal terminou o encontro, a Sophia anunciou: “Papai, mamãe, Júlia, eu vou lavar os pés de vocês para mostrar como podemos servir!” E começou pela irmã mais nova.
Não há palavras para descrever a alegria que nos abraçou. E, quando ela terminou, a irmã mais velha disse: “Agora é a minha vez de lavar os seus pés.”
Não importa se a Páscoa, para vocês, é um símbolo cristão ou apenas um momento de reflexão. O que vi ali, na simplicidade daquela atitude, foi o espírito do Evangelho vivo – não em discursos, mas em gestos. E este mesmo espírito eu vejo todos os dias em nossos projetos: ateus ajudando aos muçulmanos, agnósticos acolhendo aos refugiados, muçulmanos ensinando Francês aos cristãos. Vejo pessoas servindo umas às outras, sem soberba, sem a pretensão de superioridade cultural, religiosa ou linguística.
A maior alegria minha e da Johnna é ver as nossas filhas aprendendo, na prática, o que na realidade o mundo precisa desesperadamente!
Porque, no fim das contas, é assim que se constrói o Céu na Terra – não por grandiosidade cultural, acadêmica ou étnica, mas pela humildade de quem se doa.
Nestes dias que nos aproximam da Páscoa, desejo que todos – crianças e, principalmente, adultos – possam parar e imaginar um mundo onde servir não é fraqueza, mas a maior força. Porque, se cuidarmos uns dos outros, sempre haverá alguém que cuidará de nós também.
Até a próxima!
Respostas de 2
Lindo demais. Obrigado por compartilhar.
Glória a Deus por esse tempo vivido em seu lar, meu irmão! A Boa Semente dando frutos. Que o Espírito Santo nos ajude em nossas fraquezas e termos um coração segundo o do nosso Salvador Jesus Cristo. Que tenhamos vida verdadeira com Cristo. Um abraço.