Meninos pobres que viviam a margem da sociedade em um mundo cada vez mais capitalista conquistaram o planeta e entram para a história do futebol mundial.
Vamos citar apenas Kante e Mbappé. As margens da sociedade e na face do preconceito – exacerbado na Europa, mas não apenas lá – eles vivem o que parece ser um conto de filme. Um catador de lixo quando a França conquistava seu primeiro mundial, poderia sonhar com o desfecho do mundial da Rússia? Poderia, mas seria muito imaginar. E Kante, o menino de rua em 1998, alcançava o topo, vinte anos depois.
Mbappé foi jogar em um time de estrelas da França – entre elas, Neymar – para, quem sabe, arrebanhar experiência para seu futuro. Mas o jovem atleta, com força, habilidade e extrema qualidade, driblou o improvável. Retorna ao PSG como campeão mundial e uma das estrelas da Copa da Rússia. Para mim, a maior revelação. O menino pobre que vivia a margem da sociedade na abastada sociedade francesa, em Paris.
Todos os atletas, dos experientes como Griezmann e Lloris, com um comandante que sabia o que estava fazendo. A França foi cirúrgica no mundial 2018. Soube quando acelerar e como segurar os seus adversários. Mas sobretudo, como surpreendê-los. Foi assim que Didier Deschamps também entrou para a história.
Deschamps entra em um grupo seleto do planeta do futebol. Iguala França a Brasil e Alemanha. Os três países, agora, tem personagens que conquistaram o mundo como jogador e também treinador.
Didier Deschamps, Franz Beckenbauer e Mário Zagallo. Só três personagens conquistaram o mundo desta maneira. Os dois últimos já não trabalham mais. Deschamps ainda tem o futuro pela frente. Ele e seus “meninos pobres” ainda podem ir mais longe. A França é uma seleção jovem que ainda vai surpreender muito mais.
O país que no passado encarou com preconceito jogadores negros em suas seleções, definitivamente, partiu para o futuro. E a taça do mundo é apenas simbólica diante desta grandiosidade social. A periferia, os excluídos, usaram o futebol para conquistar o mundo.