Sacheto: A negação de Ceni

O São Paulo perdeu mais uma partida no Brasileirão e entrou na zona da degola. Faltando 27 rodadas para o encerramento do campeonato, seria quase desrespeitoso colocar o time tricolor paulista como um dos candidatos ao rebaixamento neste momento. Mas é preciso ter atenção, pois o aspecto emocional é muito forte quando um gigante do futebol brasileiro entra nessa faixa da tabela. Muitos entram em uma crise que vai minando a confiança do grupo, contamina os torcedores e leva a todos para o fundo do poço.

 

Apesar de todos os sinais, me parece que o treinador Rogério Ceni ainda não aceitou a situação atual do time. Parece aquele integrante da elite de nossa sociedade, de nome pomposo, porém falido, que insiste em viver de foie gras quando só tem condições mesmo de comprar um bom frango assado de padaria. E não há mal algum nisso. Um franguinho é bem gostoso e mata a fome. Mas é preciso enfrentar os problemas, sem maquiá-los.

 

Ceni, em entrevista após a queda diante do Flamengo, no estádio Luso Brasileiro, por 2 a 0, neste domingo, creditou o insucesso à atuação do árbitro Leandro Vuaden, que marcou uma falta de Petros em Guerrero que originou o primeiro gol do adversário – na cobrança, o próprio atacante peruano colocou a bola nas redes para abrir o marcador. Bem, para o técnico são-paulino, a infração não existiu e a barreira estava muito longe, detalhe que facilitou a batida e, consequentemente, o gol do time rubro-negro. Na mesma entrevista, ele disse que se sente incomodado com a zona de rebaixamento, mas que há muito tempo para a recuperação.

 

Bem, ainda estamos longe do fim do torneio, mas esse discurso do treinador deveria deixar os torcedores tricolores com as orelhas em pé. Ceni vem negando a realidade desde que voltou dos Estados Unidos, ao vencer a Florida Cup. Em menos de seis meses, o M1to (como jogador) já amargou três eliminações e detém um dos piores índices de aproveitamento para um início de Brasileirão dos últimos 40 anos. O time ainda não tem um padrão de jogo, vai de mal a pior e sofre com muitas mudanças forçadas pelas negociações de jogadores importantes.

 

Mas Rogério Ceni continua em tom arrogante, enfatizando uma numeralha estatisticamente incorreta que não justifica os resultados atingidos e demonstrando desconexão com a gravidade da situação do clube. O próprio presidente do São Paulo já admitiu em entrevistas que, fosse outro, o treinador já teria sido demitido. Somente este detalhe deveria ligar o desconfiômetro de Ceni e de seus assessores – aqueles com quem eventualmente se aconselha em momentos de crise.

 

Se o time virar o primeiro turno entre os quatro últimos do Campeonato Brasileiro, será muito difícil – e perigoso – sustentar o treinador no cargo. Por mais que o torcedor respeite a história do ex-goleiro no clube, ele ama acima de tudo o São Paulo e vai cobrar uma medida para evitar o pior. Entretanto, no caso de Rogério Ceni, não acredito em demissão. Vejo um acordo para que o treinador desista do cargo, talvez alegando algum problema pessoal ou assumindo uma função interna no clube para justificar a decisão.

 

De qualquer forma, o sinal de alerta no Morumbi já deveria estar passando do amarelo para o laranja. Mais algumas rodadas assim e chegará no vermelho. Daí por diante, só por Deus.

 

Para tentar mudar a situação e diante da postura de Ceni, a diretoria decidiu por demiti-lo nesta segunda-feira.

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