Iramaia Loiola: Carvalho Francês X Carvalho Americano

Querido Vinho,

Continuando com o assunto barrica de carvalho, que começamos semana passada, hoje trago mais algumas curiosidades a esse respeito. São tantos os detalhes que compõe a nossa bebida favorita, que quase não imaginamos tamanha complexidade. Você que pensava que era somente o trabalho do enólogo na composição do vinho, saiba que, se essa bebida irá estagiar em barris, então o tanoeiro, ou quem fabrica os barris, também tem sua importância. Uso correto da madeira e qualidade das uvas, é o que vai determinar a característica final do vinho.

A tanoaria é uma arte milenar na confecção de barricas de madeira, pois barricas são usadas desde que se sabe da existência do vinho, tanto para armazená-lo quanto para transportá-lo.

Na coluna passada contei que a madeira mais utilizada na fabricação dos barris é o carvalho. São mais de 600 espécies. A mais predominante na França é o Quercus robur, enquanto que nos Estados Unidos é a Quercus alba.

O carvalho francês é mais caro que o americano. Isso acontece por uma série de fatores. Primeiro porque leva mais de 100 anos para que uma árvore seja usada para este fim. Depois de colhida são mais 18 a 36 meses para o processo de secagem que é feito ao ar livre. O tronco não pode apresentar defeitos. O corte segue os veios da madeira para que a vedação seja perfeita. Todo um cuidado especial para produzir as melhores barricas. Isso diminui a produtividade, e acaba aumentando o custo da operação. Gente, vocês podem imaginar um trabalho tão minucioso aqui no Brasil? Eu, sinceramente, não consigo. Desde o século XVIII quem controla a retirada de madeira das florestas de lá é o governo francês, justamente para evitar a exploração exagerada como temos por aqui.

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No carvalho americano, o custo de produção cai porque ao contrário do francês, a árvore americana já pode ser utilizada com 60 anos. Por ser bem mais poroso, pode ser serrado, enquanto que o francês só pode ser rachado. No americano o aproveitamento é de cerca de 50% da matéria-prima e no francês são 15%.

Muitas vezes os enólogos optam por estagiar seus vinhos em ambos os barris, porque ambos tem suas características distintas. O francês transfere ao vinho aromas mais sutis e complexos e taninos mais redondos e elegantes. O americano dá mais corpo e robustez ao vinho, conferindo-lhe aromas amadeirados mais potentes e evidentes, e taninos mais rústicos.

Apesar de ler bastante sobre a tal granulação das árvores de carvalho, ser mais poroso ou não, permitir uma maior entrada de oxigênio ou não, ainda assim fiquei um pouco confusa. Mas quando vi a imagem abaixo, entendi de pronto. Como dizem: mais vale uma imagem que mil palavras…haha

Procurei saber se no Brasil fabricam barris de carvalho francês. Achei somente uma menção. Se ficar curioso também, abaixo o link para um vídeo curtinho que mostra um pouco da arte da tanoaria

https://www.youtube.com/watch?v=SWU8eQ0vEXg

Ufa, acho que já me estendi nesse assunto. Volto com ele em outra oportunidade.

Como sugestão de música, fiquemos com Josh Turner. Não sei se já falei dele aqui, mas sou fã de carteirinha. Baby Driver – Simon & Garfunkel Cover (Live from The Bus)

https://www.youtube.com/watch?v=0OxP5nrI6u8

Bom fim de semana! Cheers ??

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