O Peso do “Eu Sou Assim”

Créditos: Freepik

Vivemos tempos em que o discurso da autenticidade tem se transformado em desculpa para comportamentos nocivos. “Eu sou assim mesmo” virou justificativa para a falta de empatia, de limites e de bom senso. E o mais preocupante: isso tem sido normalizado e até valorizado.

Estamos virando refém de uma autenticidade distorcida, que se recusa a ouvir, que tem dificuldade com limites e transforma a correção em ataque.

Mas será que ser “você mesmo” precisa significar ser impulsivo ou insuportável, sem trazer consciência para o lugar que você ocupa no mundo?
Quando foi que confundimos ser autêntico com ser intolerante?

Uma geração aprendendo a não ceder, a não se questionar, a levantar a bandeira do “não devo nada a ninguém”. Mas…

Será que não devemos mesmo?

Será que viver em sociedade não exige um mínimo de autorresponsabilidade, cuidado com o outro e disposição para evoluir?

Autocuidado não é só sobre skincare, descanso ou alimentação saudável. É, acima de tudo, sobre cultivar saúde emocional, rever atitudes e escolher ser uma versão mais consciente de si.

Você tem se observado com honestidade?

Tem coragem de reconhecer o que em você machuca os outros?

Hoje, parece que amadurecer virou sinônimo de se oprimir. Mas será que não estamos apenas dando ouvidos demais ao ego? Ego que grita, que não tolera ser contrariado, que veste a fantasia da autenticidade para evitar o trabalho duro de crescer.

Educar-se emocionalmente é uma forma de amar. Ser gentil, ouvir, refletir antes de reagir, tudo isso exige força, consciência e intenção diária. E ao contrário do que muitos pensam, colocar limites não é opressão. Corrigir não é atacar. Dizer “não” pode ser um ato de respeito mútuo.

Veja Também  Você está liderando o seu tempo ou o tempo está liderando você?

Você se permite crescer ou só quer ser aceito do jeito que está?

Ser você mesmo é um presente, mas só quando essa versão sua é capaz de conviver em harmonia com o mundo. Não é sobre deixar de ser você, mas sobre ser alguém com quem os outros queiram (e consigam) relacionar. Alguém que se responsabiliza pelo impacto que causa no mundo.

Como você tem reagido às críticas? Por que alguns “nãos” ainda te doem tanto? O que suas reações dizem sobre as suas feridas?

Cuidar de si é reconhecer que há partes em nós que ainda precisam de atenção, de cura, de amadurecimento. E isso não nos torna mais frágeis, mas mais humanos.

Seja você, sim. Mas que esse “você” esteja em constante evolução, por si e pelos outros. Isso é ser humano de verdade.

É importante lembrarmos: autenticidade sem consciência é ego travestido de verdade.
E o ego, quando fala mais alto, costuma silenciar a empatia.

Loading

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens