VOCÊ NÃO É OS SEUS PENSAMENTOS

Você já ficou preso em um ciclo de pensamentos que pareciam verdade absoluta? Imagine que você manda uma mensagem para alguém e não recebe resposta. Sua mente começa a criar histórias: “Será que fiz algo errado?”, “Será que essa pessoa está me evitando?”, “Ela não gosta mais de mim”. Antes que perceba, sua ansiedade aumenta, seu humor muda, e o dia inteiro é afetado por essa suposição. Mas e se eu te dissesse que você não é os seus pensamentos?

A mente produz pensamentos o tempo todo, muitas vezes de forma automática e exagerada. Criamos cenários, interpretamos situações e até prevemos problemas que podem nem acontecer. O desafio não está em ter pensamentos negativos, mas em acreditar neles como se fossem verdades absolutas. O que a prática do mindfulness nos ensina é que podemos observar nossos pensamentos sem nos identificar com eles.

Pensamentos não são verdades absolutas

Imagine que você está em uma reunião e, ao apresentar uma ideia, percebe que um colega franze a testa. Sua mente dispara: “Ele achou minha ideia ridícula!”. Isso gera insegurança, você se retrai e começa a duvidar de si mesmo. Mas será que ele realmente achou sua ideia ruim? Ou estava apenas pensando em outra coisa? A forma como interpretamos as situações impacta diretamente nossas emoções e reações, e muitas vezes nossas interpretações não correspondem à realidade.

O impacto dos pensamentos no sofrimento

Existe uma frase que diz: “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”. Imagine que você está no trânsito, atrasado para um compromisso. O carro à frente está devagar, e sua mente começa a reclamar: “Isso sempre acontece comigo!”, “Meu dia já começou mal!”. Esses pensamentos geram frustração e irritação. Mas se preocupar ou se estressar mudará o trânsito? Não. No entanto, mudar sua forma de encarar a situação pode fazer com que o momento seja menos sofrido. O sofrimento não está na situação em si, mas na maneira como nos relacionamos com ela. Mas muitas vezes insistimos em nos apegar a pensamentos negativos e os alimentamos repetidamente, reagimos mais ao que pensamos sobre uma situação do que à situação em si.

Como o mindfulness pode ajudar?

O mindfulness, ou atenção plena, nos convida a observar nossos pensamentos como se fossem nuvens passando no céu: algumas são leves e brancas, outras são escuras e carregadas, mas todas passageiras. Quando entendemos que um pensamento não é um fato, mas apenas um evento mental, ganhamos mais liberdade para escolher nossa reação.

Algumas práticas simples para lidar melhor com seus pensamentos:

1. Observe sem julgar – Quando perceber um pensamento negativo, em vez de se envolver nele, apenas observe. Pergunte-se: “Esse pensamento é útil? Ele reflete a realidade?”
2. Nomeie seus pensamentos – Em vez de dizer “Eu sou um fracasso”, tente reformular para: “Estou tendo um pensamento de que sou um fracasso”. Isso cria um distanciamento e evita que você se confunda com sua própria narrativa interna.
3. Respire e traga sua atenção para o presente – Em muitos momentos, pensamentos negativos nos levam para o passado (remoendo erros) ou para o futuro (criando cenários catastróficos). Respirar de forma consciente nos ancora no momento presente, onde a vida de fato acontece.
4. Escolha conscientemente suas respostas – Se um colega de trabalho não responde sua mensagem imediatamente, sua mente pode criar histórias: “Ele está me ignorando”. Mas será que isso é verdade? Talvez ele apenas esteja ocupado. Considere outras possibilidades antes de tirar conclusões precipitadas.

Você não é sua mente, você é quem a observa

A grande virada de chave acontece quando entendemos que não precisamos ser reféns de nossos pensamentos. Pode observá-la, questioná-la e escolher no que acreditar. Da próxima vez que um pensamento negativo aparecer, lembre-se: ele não define você, ele é apenas uma nuvem passageira no grande céu da sua consciência.

Que tal experimentar essa mudança? Sua mente continuará gerando pensamentos, mas você pode escolher quais deles realmente merecem a sua atenção.