A Espiritualidade “para fora” versus Espiritualidade “para dentro”

Bom dia meus amigos queridos,

Eu acabo de conversar com a minha filhinha Sophia sobre a importância de caminhar com humildade, sem exibicionismos, e sobretudo, com a consciência de esperar a hora certa, o lugar certo, e a palavra certa para se expressar.

As nossas conversas sempre giram em torno das diferenças de muitos religiosos que faziam perguntas maldosas nas narrativas dos Evangelhos. Aliás, quando eu era criança, eu aprendi com o meu avô a expressão “pegar no alçapão”. Parece que estes religiosos que se encontram nas dezenas dos capítulos dos Evangelhos queriam certamente pegar Jesus no alçapão e surpreendê-lo através de uma situação inesperada e fazê-lo cair em uma armadilha caso ele estivesse distraído e desprevenido.

Qual é o tipo de espiritualidade que você vê ao teu redor ou no teu horizonte imediato? Qual o tipo de espiritualidade você encontra ao fazer a leitura simples dos Evangelhos e comparar estes religiosos com gente simples que carregava a fama de serem “pecadores”?

A espiritualidade “para fora” está por todos os lados.

Às vezes, é fácil percebê-la. Às vezes, nem tanto.

A espiritualidade “para fora” é egoísta, antropocêntrica e muitas vezes ela se dissimula tanto que não é fácil notá-la. A espiritualidade “para fora” pode ser um alçapão ou uma grande arapuca para gente que não tem muito discernimento, e para gente que está desesperada na busca de transcendência.

A espiritualidade “para fora”  tem a ver com a busca de aplausos, de reconhecimentos humanos, de uma jornada “cheia de confetes”. A espiritualidade “para fora” dita regras moralistas que não ajuda a transformar os indivíduos para se tornarem seres humanos que podem carregar a compaixão, mostrar a verdadeira empatia, e abraçar a fraternidade.

Na realidade, tal espiritualidade “para fora” faz com que indivíduos se tornem juízes de outras pessoinhas que estão carentes e vulneráveis. Muita gente se torna impermeável e vive uma espiritualidade de maquiagens e grandes performances teatrais. A impressão que nos dá é que tais indivíduos são seres de uma dimensão espiritual tão elevada que até mesmo Deus necessita deles.

No entanto, eles estão vazios e ocos por dentro.

Por outro lado, a espiritualidade “para dentro” é a espiritualidade da sinceridade que carrega uma singeleza inegável. O indivíduo pode até ser anônimo para o mundo, mas ele sabe quem ele é diante dos filhos, diante da esposa, quando conversa com o marido, quando cuida com carinho dos pais que estão ficando mais velhos, e sobretudo, tais indivíduos sabem quem eles são diante de Deus que faz da vida ser um constante flagrante.

A espiritualidade “para dentro” convida o indivíduo para fechar a porta do seu quarto e fazer a sua prece sem holofotes e sem as preocupações dos seguidores Internetianos, Facebookianos ou Instagramianos.

A espiritualidade “para dentro” não há aplausos humanos, não há garantia de sucesso, tampouco garantia de uma possível carreira profissional invejável. A espiritualidade “para dentro” não te oferece garantias para aquisição de muitos bens e propriedades. A espiritualidade “para dentro” não nos convida para a perfeição, mas para uma reflexão honesta. A espiritualidade “para dentro” não nos convida para seguir regras, mas para encontrar equilíbrio e bom senso.

A espiritualidade “para dentro” não nos convida para sermos mestres, mas para sermos discípulos. A espiritualidade “para dentro” nos convida a caminharmos todos juntos sem discriminação e sem preconceito no chão empoeirado desta existência que carrega as suas relatividades e paradoxos enquanto aprendemos a lavar os pés uns dos outros.

Uma ótima semana a todos vocês!

Até a próxima.

Collonges-au-Mont-d’Or

 

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem: Freepik

Uma resposta

  1. Oi filho amei ….sua coluna…como de sempre
    A espiritualidade para dentro, faz cada um ser simples como JESUS FOI SIMPLES.
    A ESPIRITUALIDADE PARA DENTRO ,ensina cada um de nós orarmos uns pelos outros…com amor…
    Até a próxima
    Rosa e Gilberto

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