Fábio Muniz: A Espiritualidade e a Natureza

Bom dia meus queridos amigos!

Eu estou na Islândia nesta semana. Hoje precisamente em Skálholt.

E você me pergunta: “O que você está fazendo nesta terra do gelo, nesta terra tão distante?”

Somos 40 participantes que chegamos de muitas partes da Europa. Nos reunimos para uma jornada espiritual. Muitos de nós somos conselheiros e acompanhadores espirituais. Há protestantes, luteranos, católicos, quakers, anglicanos, sacerdotes entre outros.

Pois bem, o tema proposto é “Hear the Land Speak!”, ou seja, Ouça a Terra/ Natureza Falar!

Indubitavelmente se existe um lugar deste planeta que a natureza se expressa, certamente um destes lugares é a Islândia!

Desde sempre a espiritualidade e a natureza estiveram intrinsicamente conectadas. É inegável o efeito extraordinariamente chocante que a natureza provoca na alma humana.

Dos aborigines australianos até as ilhas mais distantes do oceano Pacífico, das terras quase nunca mencionadas da Ilha da Páscoa aos primeiros nativos americanos. Das civilizações mais antigas da América Latina, maias, astecas ou incas aos primeiros habitantes da Polinésia.

É possível ver em Thingvellir as fissuras provocadas pelas placas tectônicas. Elas se separam em média um centímetro por ano.

Ora, o que todos estes seres humanos tão distantes dentro de um mundo sem qualquer tipo de conexão Internetiana ou Facebookiana tinham em comum?

O olhar!

De modo que olhar para a natureza era um olhar terrivelmente assustador, e paradoxalmente, um olhar cheio de temor e tremor. Era uma mistura de estar diante do inexplicável e divino. Era uma mistura de estar diante do incontrolável e do mais profundo mistério.

Na realidade, não é a toa que muitos destes povos tinham o sol, a lua, as estrelas, os fenômenos naturais das estações do ano, o trovão, a chuva como manifestações da alegria ou ira divina. Muitos deles consideravam o próprio sol ou lua como deuses.

Gullfoss é formada por duas cascatas que carregam aproximadamente 109 metros cúbicos de água por segundo. A primeira, mede 11 metros. A segunda cascata mede 20 metros. Portanto, juntas somam 31 metros de altura.

E mais ainda. Nesta esteira seguimos pensando e falando da tradição judaica onde diz que os “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo”.

Isto posto, a tradição judaica nos convida a olhar para o alto e perceber que no mínimo estamos diante de um Criador.

Estamos diante de um Criador ao observar a perfeição da dança entre as montanhas, o barulho da brisa forte, as imensas regiões glaciais que se derretem e formam cascatas intermináveis, tanto quanto as inimagináveis crateras e vulcões. Estamos diante de um Criador!

Ouça a Natureza Falar!

Na mesma esteira e jornada, temos a tradição cristã que afirma que “os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas”.

O fato é que sendo alguém religioso ou não, espiritualista ou não, ficamos inegavelmente estupefatos diante da natureza que nos abraça carinhosamente e paradoxalmente tem o poder de nos engolir.

Skálholt, Islândia no amanhecer.

Se o Sol estivesse um pouquinho mais próximo da Terra, seríamos fritados pela insuportabilidade dos raios que penetram pela imensidão do universo. Se o Sol estivesse um pouquinho mais distante da Terra, ficaríamos irremediavelmente congelados.

Aliás, eu me lembro que a primeira vez que este sentimento indizível me visitou, eu estava dirigindo no Alasca. Conquanto eu nunca tenha ido à Marte, parecia que eu estava dirigindo em Marte!

Eu dirigia e cada olhar, era um olhar de perplexidade e de adoração ao criador de tudo aquilo que se percebia ao redor. Eu pensava comigo mesmo, qualquer humano, no mínimo deveria ser um agnóstico diante de tal dança e contraste do sol com o mar; tal harmonia entre as montanhas e o vento.

As chamadas “hot springs” onde as erupções podem acontecer devido as temperaturas debaixo factors que podem chegar até 200 graus.

As seguiam: Eu sou surdo de um ouvido. Não posso mergulhar e fazer qualquer tipo de atividade debaixo do mar que ponha pressão no único ouvido bom que eu tenho. No entanto, a minha única e superficial experiência de “snorkeling” nas terras mexicanas de Yucatan, me colocaram cara a cara com figuras e seres inimagináveis. Um mundo a ser descoberto. Não me esquecerei jamais de plantas com forexperiências matos redondos, coloridos e brilhantes. Estavam a apenas alguns metros abaixo do nível do mar. Uma imagem jamais vista por mim. Salvador Dali e Picasso não seriam capazes de imaginar e pintar tal obra prima do nada.

E se eu falasse da natureza no Japão?

A minha jornada no Japão me fez mais apaixonado pela natureza. Me fez um ser humano que fecha os olhos e “caça” o canto dos pássaros e a sinfonia das brisas.

Subir o Monte Fuji e do alto dele olhar para as nuvens que se encontravam debaixo dos meus pés, me trouxeram uma sensação inimaginável de conquista tanto quanto de impotência diante da grandeza de algo incontrolável.

Dito isto, eu fiz este preâmbulo simplesmente para dizer que nas terras islandesas o que eu tenho mais pensado é sobre o conceito celta que diz: a natureza é a catedral de Deus!

Grutas de Gelo no museu da capital islandesa Reykjavík.

Ora, o universo é composto de quase 14 bilhões de anos e continua se expandindo, as múltiplas galáxias continuam sendo objeto de estudos e descobertas dos cientistas, e bem aqui do lado de mim, as placas tectônicas nos dão sinais de um mundo imprevisível com vulcões e terremotos, as termas de águas naturais com as suas temperaturas de 38 graus que são aquecidas pelo interior da Terra de uma profundidade de 2.000 metros nos deixam sem palavras diante da tentativa científica de explicar o não explicável.

O baile das montanhas seguem. A ópera das auroras boreais estão bem diante dos nossos olhos. O sol que brilha em meio a um frio e clima de urso polar nos convidam a olhar para fora e para dentro.

Eu termino esta coluna com as palavras do poeta Fernando Pessoa, “As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”

 

Até a próxima!

Fábio Muniz

Skálholt, Islândia

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagem de Capa: Arquivo pessoal do Colunista – Regiões glaciais vistas de Gulfoss, Islândia

Uma resposta

  1. O nosso DEUS eterno Soberano.
    Príncipe da Paz.
    Só ELE tem poder de fazer esta NATUREZA SER REAL..

    DEUS TE ABENÇOE E ILUMINE SEMPRE SUA VIDA …SABEDORIA…CORAGEM…SEMPRE SEMPRE

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