A jornada “azarada” do Apóstolo Paulo em Malta. E a tua?

Bom dia meus queridos amigos,

Eu acabo de voltar à Lyon. Estivemos em Malta trabalhando com dezenas de colegas que fazem projetos semelhantes aos nossos projetos na Europa, Estados Unidos, Canadá e Oriente Médio. Tivemos o privilégio de ter conosco o meu amigo professor Edward Warrington.

O meu querido amigo e professor Edward nos explicando sobre Paulo

Ele é maltese e cresceu na ilha. O professor nos deu uma palestra extraordinária sobre o apóstolo Paulo em Malta tanto quanto nos levou a todos os lugares relacionados aos capítulos 27 e 28 dos Atos dos Apóstolos no Novo Testamento da Bíblia Sagrada.

Pois bem, você conhece a trajetória de Paulo na ilha de Malta?

Os diferentes pontos da ilha e as vistas do mar nos direcionam para as histórias do naufrágio descritas em Atos dos Apóstolos.

Eu cresci ouvindo as histórias de Paulo e lendo os textos descritos pelo médico e evangelista Lucas. Eu jamais imaginei que estaria em Malta algum dia!

Ora, Paulo provavelmente pisou na ilha no ano 60 da era cristã. Caso você um dia visite Malta, você ouvirá: “segundo a tradição…” “talvez, este seja o lugar…” “muito provável esta é a região…”

O fato é que independentemente de ser no porto da entrada da cidade antiga ou na conhecida “Salina Bay”, o naufrágio ocorreu naquelas águas tanto quanto foram encontradas evidências de outros naufrágios na mesma região. Inclusive âncoras de navios com o brasão do Império Romano. Independentemente de Paulo ter encontrado o chefe da ilha Públio no local onde foi construída a igreja de São Paulo no centro da ilha, há registros históricos e arqueológicos de um tal Públio que se converteu a mensagem de Paulo e se tornou o primeiro bispo de Malta. E mais ainda, independentemente de ser ou não o lugar da prisão em Rabat onde Paulo foi visitar o pai de Públio que estava de cama, doente com febre, com disenteria, e foi curado pelas suas mãos; há evidências arqueológicas que na região a fé cristã chegou nos primeiros séculos.

Vamos lá!

Quem lê a história de Paulo sabe que no final de tudo, “houve um final feliz”, todos os outros doentes da ilha vieram e foram curados. Os nativos da ilha prestaram muitas honras e, deram tudo o que eles precisavam para seguir viagem. Aliás, no dia 10 de fevereiro de cada ano, há uma enorme celebração na ilha para comemorar a chegada de Paulo em Malta – o carinho pelo apóstolo se nota no meio das tradições cristãs tanto quanto entre os malteses que não são cristãos. Todavia, quem lê o texto sem conhecer o seu final, tem a inegável impressão que Paulo é um sujeito muito, mas muito azarado.

Estátua de Publio, chefe da ilha nos dias de Paulo que se tornou bispo de Malta. Estátua do apóstolo Paulo no interior da bela igreja chamada São Paulo. É o lugar que eles se encontraram pela primeira vez segundo a tradição. A catedral está construída em cima dos restos da primeira catedral edificada nos tempos medievais, mas destruída pelo terremoto de 1693 que devastou grande parte da cidade de Mdina.

Ora, Paulo já era um prisioneiro, seria julgado em Roma, passou por um naufrágio horroroso, chegou na ilha e fazia frio, os nativos fizeram uma fogueira, mas quando Paulo foi jogar um feixe de galhos no fogo, uma víbora, por causa do calor, se prendeu na mão dele. Ao verem a cobra pendurada em sua mão, os nativos comentaram uns com os outros: “Este homem deve ser um assassino. Ele escapou do mar, mas mesmo assim a Justiça não permite que continue vivendo”.

Na realidade, a narrativa do texto diz que Paulo, porém, sacudiu a cobra para dentro da fogueira sem sofrer nada. De modo que os nativos esperavam que ele fosse inchar ou cair morto de repente. Mas, como não aconteceu nada, mesmo depois de terem esperado por um longo tempo, eles mudaram de idéia e começaram a dizer que Paulo era um deus.

Talvez você me diga, “Fábio o que este texto tem a ver comigo?”

Você se considera alguém azarado? Você conhece alguém azarado?

Há fases e momentos da nossa vida que a impressão que temos é apenas uma: tudo, mas absolutamente tudo dá errado. Você já viveu algo assim? Eu sei que você é de carne e osso como eu, todos nós em um grau maior ou menor, já passamos por algo desta natureza.

O indivíduo perde o emprego, ele é assaltado, a filha não fala mais com ele, ele começa ter problemas no casamento, se sente traído pelos melhores amigos, há amigos que não conversam mais com ele, e ele não sabe os “porquês”. É a garota que está sendo perseguida no trabalho, volta para casa e encontra vazamento na cozinha, liga a máquina de lavar e percebe que não está funcionando, vai sair com o carro, e bate o carro na garagem. O empresário perde o melhor cliente, tem problemas com os funcionários, não tem dinheiro para pagar os impostos do mês, está com problemas com fornecedores. O casal não encontra mais alegria no casamento, estão sofrendo para entender os filhos, recebem uma notícia desagradável, parece que nada dá certo.

As catacumbas de Malta e o lugar onde tradicionalmente representa o encontro de Paulo com o pai de Públio tanto quanto o local onde o apóstolo permaneceu antes de seguir viagem à Roma.

Uma das lições mais importantes que eu aprendo com o Paulo é a resiliência, a perseverança contra o apesar de tudo, a capacidade de não se impressionar com tanta coisa negativa que está acontecendo. E mais ainda: ele jamais se veste com as vestes da auto-comiseração, da vitimização, do “coitadinho de mim”. Ele se levanta. Ele ergue a cabeça. Ele segue. Ele sabe que apesar de tudo, do ponto de vista humano, a vida pode até estar conspirando contra ele, mas a vida do ponto de vista celestial e divino lhe dá uma força inimaginável para seguir.

Eu desejo a todos vocês que esta força extraordinária e uma consciência de fé inimaginável te visitem no dia de hoje. Eu espero de todo o meu coração que você se vista com as vestes da esperança e da resiliência para começar esta semana.

O meu querido amigo e professor Edward nos explicando e nos levando a todos os lugares da sua jornada em Malta.

Que eu e você vivamos o dia chamado hoje com uma percepção otimista, mas não evasiva da realidade. Que eu e você possamos chamar as coisas pelos seus nomes, mas que eu e você não nos tornemos reféns de tais coisas.

Que eu e você possamos viver esta semana cheios de coragem: uma coragem que transcende, uma coragem que nos catapulta pra além do horizonte imediato.

O presente momento pode até mesmo nos assustar, mas não nos deixará abatidos para seguir adiante.

Um beijo grande a todos vocês. Até a próxima!

Fábio

Collonges-au-Mont-d’Or

 

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Imagens: Arquivos pessoais do colunista

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