Fábio Muniz: E se acontecesse…

Bom dia meus amigos da jornada!

E se acontecesse…

Eu não sei você, mas na minha jornada eu tive algumas pessoas que me inspiraram. Algumas delas estão muito perto de mim, tem a ver com gente de casa, gente amiga, gente companheira, gente que eu tenho acesso facilmente. No entanto, outras pessoas me influenciaram de alguma maneira e eu as via distantes e impossível de serem alcançadas…

Pois bem, eu apenas e tão somente as apreciava e me alegrava por fazer parte da mesma geração de cada uma delas…

De modo que entre nós, oceanos nos separavam, culturas eram barreiras intransponíveis, idiomas faziam com que os nossos mundos fossem irremediavelmente diferentes.

Ora, eu era apenas um menino, um garoto…

Eu era apenas alguém que sonhava aprender Inglês.

Aliás, eu nunca fui bom de Inglês.

Conquanto, sempre fui muito aplicado em todas as matérias da escola, com ótimas notas, sendo um dos 5 (cinco) melhores alunos da classe, o Inglês era o meu “Calcanhar de Aquiles”.

Eu tenho que confessar que sempre colei nas provas de Inglês. É verdade…

Por esta você não esperava…

Enfim, estou sendo transparente e sincero…

Como eu fazia para tirar as notas? Eu simplesmente pedia para amigos traduzir livros atrás de livros, palavra por palavra, porque eu não entendia nada de nada em Inglês…

Ironicamente, hoje o meu mundo gira em torno da língua Inglesa…

Esta é uma outra história.

Claro que um dia parei de colar, caso contrário não estaria onde hoje estou…

De fato, eu me esfolava para aprender um idioma que sempre tive uma relação de “ódio e paixão”. No entanto, se não fora pelo Inglês eu não teria me casado e tampouco encontrado a jornada que trilhei indo de trabalhos internacionais, aos estudos internacionais e projetos por todas as partes do mundo…

Isto posto, em um determinado momento da minha jornada na esteira da língua inglesa, eu comecei a ouvir muito Blues. Sempre fui apaixonado por Jazz e Blues…

Eu dizia para mim mesmo..

Porque não estudar Inglês ouvindo música? Assim, eu comecei…

Alguns amigos que me conhecem sabem do que eu estou falando. Eles entravam no meu carro e enquanto eu viajava por horas para visitar à uma igrejinha no interior de São Paulo, em outros estados, ou até mesmo ir em direção à uma empresa para fechar um contrato relacionado com o meu trabalho de Recursos Humanos, o meu “grande amigo e companheiro” estava lá: Glenn Kaiser.

Eu posso até estar enganado, mas creio que o primeiro CD do Glenn que veio às minhas mãos eu deveria ter entre 19 e 21 anos de idade no máximo. Eu me apaixonei. Os meus amigos se apaixonaram. Ninguém conhecia o Glenn no Brasil. Mesmo no mundo chamado “Gospel” que estava começando, era raro encontrar CD’s do Glenn, mas eles chegaram para mim…

 

Pois bem, a viagem seguiu…

Eu saí do Brasil, fui para Toronto, depois conheci a minha esposa na Bélgica enquanto morava em Barcelona, fomos para os Estados Unidos, nos casamos em Chicago e comecei a trabalhar para a Evangelical Covenant Church através da ONG Serve Globally, fomos para o Japão…

E enquanto eu viajava pelos Estados Unidos, fazendo palestras entre os nossos mundos do Japão e França, eu me encontrava no “fim do mundo”, em um dos lugares mais frios dos Estados Unido, em International Falls, uma cidadezinha localizada na linda Minnesota…

Então, um dos nossos parceiros me disse que havia estudado com o Glenn Kaiser no North Park Theological Seminary em Chicago.

E se acontecesse…

Ora, aconteceu…

Quando estivemos em Chicago, Johnna e eu conhecemos o Glenn Kaiser, e o mais surpreendente é que o Glenn tem dedicado a sua vida ao trabalho dos mais pobres e carentes, moradores de ruas e gente marginalizada através do movimento Jesus People.

Foi uma alegria expressar a minha gratidão ao Glenn neste encontro em Chicago. Tive a oportunidade de abraçá-lo e entregar-lhe um exemplar do meu livro Upside Down Evangelism: How Not to Manipulate People in a Post-Modern, Post-Christian, Spiritually Alive Globalized World.

Não vou me esquecer. Nos encontramos na igreja…

Eu lhe disse que nos últimos 20 anos as suas músicas, guitarra, gaita e voz estavam no meu carro, em casa, no meu telefone, e faziam parte da minha jornada…

Eu jamais imaginei que nos encontraríamos pessoalmente. Eu jamais imaginei que Glenn Kaiser fazia parte da mesma Evangelical Covenant Church da qual eu também faço parte. Eu jamais imaginei que Glenn havia estudado no mesmo seminário teológico no qual hoje tem me formado. Eu jamais…

E se acontecesse…

Ora, aconteceu…

Na realidade, o mais fantástico foi quando ele convidou a minha esposa e eu para almoçar…

O convite estava feito. A comida estava pronta. A festa estava preparada. Os convidados eram os mesmos.

  • “Comemos?”, ele nos perguntou.
  • “Claro, estamos prontos!”, eu lhe respondi com muita alegria e satisfação.
  • “Iremos comer um pouco de arroz, pão e acredito que será purê de batata”.

Eu e a Johnna nos entreolhamos, não entendendo que tipo de restaurante ele nos levaria na grande e famosa Chicago…

A surpresa veio….

  • “Todos os domingos eu me junto aos rapazes que moram no prédio do Jesus People e almoçamos juntos. Vocês são bem-vindos!”, Glenn nos disse com todo carinho e ternura..

Ora, não preciso dizer que foi uma das experiências mais nobres e singelas que eu e a minha esposa tivemos. Até porque, a festa sempre está pronta, o convite sempre está sendo feito, se os convidados que se acham dignos se negam a participar deste banquete do amor, da fraternidade, da “não-supremacia”, da “não-arrogância”, inegavelmente outros convidados serão convidados…

E as sábias palavras de Jesus se cumprirão sempre em cada geração independentemente do contexto histórico e cultural: “A festa de casamento está pronta, mas as pessoas que tinham sido convidadas não mereciam estar nela. Portanto, vão pelas esquinas e convidem para a festa todas as pessoas que encontrarem. Os servos, então, foram pelas ruas e convidaram todas as pessoas que encontraram, fossem elas boas ou más, e o salão da festa ficou lotado.”

Este era um dos CDs do Glenn Kaiser que chegou nas minhas mãos há mais de 20 anos. Era raro encontrar músicos e CDs desta natureza no Brasil. Hoje, ironicamente, tudo está disponível no YouTube e Spotify.

Um beijo grande a todos vocês!

Fábio

Collonges-au-Mont-d’Or

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5 respostas

  1. Fábio me apresentou Kaiser e Mansfield por volta de 2005.
    Nunca tinha visto nada parecido e com tanta qualidade e delicadeza musical no meio gospel.
    Foi meu melhor achado musical das últimas décadas.

    1. Meu querido Olver,
      Quem sabe na próxima vez, você vem à Chicago, e batemos um papo com o Glenn.
      Um forte abraço!
      Bom te ver por aqui. Take care.
      Fábio

    1. Olá Shirlei,
      É verdade. “Deus e as suas surpresas”.
      Coisas inexplicáveis do “mimo” de Deus que nos fazem sorrir e estarmos cheios de gratidão.

      Um beijo grande a você, ao Gilson e as crianças. Até!
      Fábio

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