Fábio Muniz: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti…” Santo Agostinho

Bom dia meus amigos queridos,

Eu estou em Milão neste fim de semana prolongado na Europa.

Aliás, eu vim a esta linda cidade aproximadamente 15 anos atrás pela primeira vez.

Hoje estou de volta. São 15 anos passados da minha primeira viagem à Milão.

Hoje eu tenho um outro olhar da vida.

Hoje as minhas experiências existenciais me levam a refletir.

Hoje vejo que cada dor, cada susto, cada aflição me fizeram ser quem eu sou hoje.

A estrada segue. A jornada seguirá.

Eu espero continuar crescendo como gente, crescendo como ser humano.

Milão é a segunda cidade mais populosa da Itália, apenas atrás de Roma.

Milão é rica. Milão é a capital da moda.

Milão é sinônimo de cultura, economia, e de uma arte inegavelmente extraordinária.

Em Milão, temos a linda obra de Leonardo da Vinci, a famosa e conhecidíssima Última Cena.

É na parede do refeitório da bela igreja Santa Maria delle Grazia que encontra uma das obras mas conhecidas de Leonardo da Vinci: A Última Ceia

Em Milão, temos a chamada Pietà Rondanini de Miguel Ângelo. Foi a última e inacabada obra deste gênio.

Dentro de um dos muitos museus do Castelo Sforzesco encontramos a última e inacabada obra de Miguel Ângelo: A Pietà Rondanini

Milão é a cidade que abriga um das mais belas catedrais da Europa.

Uma catedral fascinante. Uma das mais charmosas e claramente góticas do continente.

No entanto, o que pouca gente sabe é o fato de que a catedral de Milão construída no ano 1461, foi construída após a demolição de uma igreja construída no ano 350.

Isto mesmo!

Estamos fazendo esta viagem de volta para o IV século.

Ora, tal igreja que se chamava Basílica de Santa Tecla possuía um batistério octogonal.

Caso você não saiba os batistérios dos primeiros séculos que eram octogonais carregavam o significado da ressurreição de Jesus. De modo que os batistérios hexagonais apontavam para a cruz de Cristo.

Vestígios do batistério octagonal da Basílica de Santa Tecla do IV século. Foi neste lugar onde Agostinho recebeu o seu batismo

Pois bem, foi no dia 25 de Abril de 387 que Agostinho de Hipona foi batizado exatamente no batistério que ainda podemos visitar na área arqueológica da catedral de Milão.

E quem batizou o tão conhecido Agostinho?

Foi um dos pais da igreja e santo padroeiro da cidade de Milão, o bispo Ombrósio, que foi o mentor de Agostinho e um dos quatro doutores da igreja latina.

Eu poderia seguir e fazer uma viagem de horas na esteira da história da igreja com Ambrósio e Agostinho. No entanto, o mais importante é saber o que eu e você podemos aprender e carregar para esta semana que acaba de começar.

Em primeiro lugar, que a história das pedras podem ficar no esquecimento e virar pó. Mas, as histórias humanas se tornarão um legado e exemplo para gerações que virão. Eu acho fascinante ver os detalhes destas construções. Eu acho extraordinário ver cada vitral e pensar como pilares gigantescos foram erguidos sem os aparatos que temos hoje. Eu fico chocado ao pensar nas milhares de pessoas que trabalhavam nestas catedrais.

Todavia, são os escritos de Agostinho e Ambrósio, são as suas jornadas existenciais que me fazem pensar se eu quero deixar para as minhas filhas uma conta bancária ou um exemplo de vida, a saber, o significado de ser um bom pai.

O que não se torna efêmero ou passageiro são os exemplos de gente imperfeita que buscou viver a melhor versão do ser em verdade e sinceridade do que a criação de um “avatar” que pode até impressionar, mas não é real.

Em segundo lugar, eu aprendo que existe uma viagem para dentro que está pra além de construções feitas por mãos humanas.

Isto posto, o único lugar geográfico que Deus habita verdadeiramente não é de estilo gótico, barroco, ou romano. É a geografia do meu coração. Eu não posso fugir dela.

Na realidade, você não a conhece, você não a vê, porque ela é minha, ela me habita.

Eu posso até te enganar. Mas, eu não me engano e tampouco consigo enganar Aquele que fará o meu coração encontrar descanso, apenas e tão somente quando eu descansar nEle.

Catedral Gótica de Milão

 

Um beijo grande a todos vocês.

Até a próxima!

 

Escrita de Milão

 

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Imagens: Arquivo pessoal do colunista

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