Fabio Muniz:  “…friends for a season, for reason, for life and forever”

Bom dia meus queridos amigos!

Hoje eu escrevo a nossa coluna da linda cidade de Torino, na Itália. Talvez você me pergunte: “Fábio, o que você está fazendo em Torino?”

Pois bem. A resposta parte do princípio que eu sou absolutamente apaixonado pela cultura italiana, culinária italiana, e idioma italiano…

Dito isto, já são quase dois anos que organizo atividades onde franceses, estrangeiros e italianos se reúnem para tomar café, praticar o idioma, e criar uma comunidade leve, descontraída e orgânica. E você talvez me pergunte, “Onde são estes encontros, pois até eu gostaria de participar!?”

Pois bem. Nos reunimos em Lyon, na França. No período do “lockdown”, eu fiz algumas destas atividades e encontros on-line através do Zoom.

A minha alegria hoje é dupla: Em primeiro lugar, eu consegui trazer um grupo, ainda que pequeno devido as circunstâncias de nível global que tem a ver com o COVID-19 que infelizmente todos nós ainda estamos sofrendo, e uma agenda “apertada” que todos nós começamos a enfrentar porque na Europa o “ano letivo” começa depois das férias de verão, a saber, a partir de setembro.

Em segundo lugar, além de trazer um grupo que expressa a multiculturalidade dos trabalhos e projetos que eu e a minha esposa desenvolvemos na França, pois o grupo é composto das nacionalidades francesa, alemã, paquistanesa e brasileira, tivemos o previlégio de encontrar uma grande amiga, Nara que é peruana-italiana.

Nara e eu, uma jornada de tantos capítulos e estações…

Ora, é sobre este tema que eu gostaria de falar na coluna de hoje. No entanto, se você não leu a minha coluna da semana passada, por favor eu te encorajo a dar uma “voltinha” por lá porque eu explico como situações aparentemente desastrosas e inesperadas podem fazer florescer amizades eternas.

Aliás, foi o meu querido amigo Devan quando nos conhecemos em Toronto em 2000 e nos vimos outras vezes em 2004, 2005 e 2019 em Toronto, e em 2011 em Chicago, que me disse “Fábio, you have friends for a season, for a reason, for life and forever”. 

Eu nunca mais me esqueci disto…

“Fábio, você tem amigos por uma temporada, por uma determinada razão e motivo, para a vida e para sempre”.

A minha querida amiga Nara, se encontra neste contexto, dimensão filosófica e simplicidade prática exatamente como a vida nos convida a viver…

Talvez você queira me perguntar, “Como vocês se conheceram?”

É uma longa história. Mas, vamos lá…

Nos conhecemos quando morávamos em Barcelona. Eu acredito que era provavelmente entre 2005 e 2006. Eu já desenvolvia projetos similares aos projetos que desenvolvo em Lyon, mas tudo era muito espontâneo e não existia nenhuma ONG por trás. Eram dezenas e talvez centenas de pessoas que vieram aos projetos, e eu tive o prazer de conhecer cada um deles ao longo dos 6 anos que vivi em Barcelona. Era gente de tantos países. Eu aprendi demais com as diferenças culturais, diversidades de pensamentos políticos, expressões sinceras de espiritualidade, culinárias de sabores exóticos e apaixonantes, mas sobretudo, percebendo que o ser humano independentemente da cor, raça, expressão religiosa, classe social, e nível educacional, ele anseia, busca, e anela viver irremediavelmente em comunidade criando vínculos sinceros, honestos, fraternos que se tornam em amizades saudáveis para o momento, a circustância, a “estação da hora”, seja ela uma primavera cheia de flores de esperanças, seja um verão cheio de risos, um pouco de vinho e dança, seja um outono que faz a gente andar de mãos juntas no parque enquanto ouvimos as folhas coloridas e secas se estalando debaixo dos nossos pés ao pisar sobre elas, ou… seja ainda…e apesar da dificuldade e dor inevitável que a vida traz inegavelmente para todos nós, um inverno que nos faz sentir sozinhos, sem esperanças aparente de que o verão um dia voltará no chão das nossas existências, um inverno que faz a gente se calar e ficar dentro das nossas casas encurralados pelas tempestades, e geadas que surgem de todos os lados enquanto caminhamos na esteira da jornada humana.

Isto posto, quero dizer que a Nara e eu passamos e vivemos todas estas estações tanto quanto muitos outros encontros e desencontros humanos…

De modo que a vida nos trouxe para literalmente fazer a gente viver em comunidade dentro de uma única casa enquanto dividíamos tudo entre 5 pessoas na cidade de Barcelona, e depois nos separar física e geograficamente por quase 10 anos, ironicamente, a vida tem nos feito “vizinhos” de aproximadamente 400 quilômetros de distâncias, e uma fronteira que não se pede passaporte, e sobretudo não nos impede de visitar-nos um ao outro…

Que alegria rever mais uma vez a minha querida amiga. Que alegria fazer com ela, hoje parte de um novo, mas antigo, e paradoxalmente, mesmo projeto desde sempre: Gente que conhece gente, gente que se reune com gente com o interesse de ter um único interesse, a saber, o desinteresse de julgar o outro, o desinteresse de se comparar com o outro, o desinteresse de criar “guetos culturais” e muros de Berlim…

Que gostoso. Um encontro humano. Uma troca de experiências culturais. Uma visita simples e singela com sabores da arte, cultura, história, língua e culinária italiana.

Porque em última análise, uma amizade que nasce de um encontro simples, de um café, de um “walking tour”, de uma troca de e-mail, uma reunião de Zoom, de um aperto de mão ou abraço, poderá ser uma amizade por um certa e específica razão, por uma temporada e período de estudos ou passagem e visita de uma cidade ou país, pode ser que se torne uma amizade para toda a vida, e quem sabe para além dela, pois assim estamos conectados para além daquilo que os nossos olhos e experiências cognitivas e sensoriais são capazes de perceber…

Achei algumas fotos de 2007 de amigos de tantas nacionalidades e culturas em Barcelona. A música, culinária, projetos humanitários, vínculos os mais diversos e variados fizeram daquele momento e estação na minha vida um aprendizado inimaginável. E mais ainda: amigos que até hoje seguem na jornada de uma amizade para a vida e “para além dela”, apesar das distâncias geográficas e os caminhos inexplicáveis que a própria existência nos levou…

Um beijo a todos vocês.

Até a próxima.

Fábio

Torino, Itália

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagem: Arquivo pessoal do Colunista

 

6 respostas

    1. Olá Rosangela, querida!
      Que bom ver você por aqui na coluna. Vínculos de amizade…
      É isto mesmo…
      Tem a ver com a vida, com a escola, com o trabalho, com a familia, com a irmandade eterna…
      Beijo grande.
      Fábio

  1. Fábio, is my friend for a lifetime! Passionate? Yes! Genuine? Yes!! In his presence, you feel like the most important person in the world at that moment. He has a “memory like an elephant”…which means he never forgets!! If you have the opportunity to attend one of his groups, tours, or talks you will certainly leave encouraged, challenged and inspired!!

    1. Devan, what a great surprise to read your comment.
      Thank you for coming and “crossing” borders, languages and cultures 🙂 We definitely live in a global world. I hope to see you and your beautiful family next year in Canada. May God bless you my dear friend. Take care.
      Fábio

  2. Filho a amizade verdadeira é abrigo para o nosso coração e paz para nossa alma.
    Também,um alimento nutritivo da alma.
    Você,um cidadão do mundo,nasceu e vive para tantas amizades puras,sinceras .

    Amei este texto.

    Bjs

    1. É verdade, mãe.
      O mundo carece de amizades puras e sinceras. Todos nós podemos nutrir tais amizades. Basta cada um ter a consciência do que é justo, bom, respeitoso, sincero, honesto e verdadeiro.
      Beijo grande!
      Espero que a gente se veja em breve! 🙂
      Fábio

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