Fábio Muniz: “Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus”

“Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus”.

Albert Einstein

Não há guerra santa. Não há tampouco guerra justa. Todos perdem. Milhares de crianças se tornam órfãs. Você pode imaginar quantas famílias separadas? Você pode imaginar a quantidade de jovens viúvas? Você pode imaginar a quantidade de jovens esposos morrendo por uma causa que na maioria das vezes era uma causa não necessária? E os feridos, aleijados…

Eu quando vivia em Barcelona, visitei tudo sobre as guerras mundiais. Não há um museu na Alemanha, Inglaterra, Holanda que eu não tenha visitado. Eu me calei quando entrei em Sachsenhausen. Era a minha primeira experiência em um campo de concentração. Depois fui até Auschwitz. A minha vida nunca mais foi a mesma. Se você quer saber mais, eu escrevi uma coluna que se chama “Deixa o trem passar, eu, as minhas filhas e Auschwitz”.

O mais importante de todos estes memoriais talvez seja o de Caluire-et-Cuire onde o líder da resistência francesa, Jean Moulin foi pego pelo líder da GESTAPO, Klaus Barbie durante a ocupação nazista na II Guerra Mundial.

Pois bem, eu comecei a ler as histórias e ficar cada vez mais familiarizado e “amigo” de gente como a Anne Frank…

Finalmente, morando no Japão tive acesso aos museus em Hiroshima…

Sincera e honestamente, nós brasileiros não sabemos o significado de tal contexto porque jamais vivemos uma guerra com as dimensões, contornos e formatos que a Europa e muitos países da Ásia experimentaram…

Ora, eu não tenho receio de afirmar que 99,9% das guerras poderiam ser evitadas. Em última análise, as guerras têm a ver com o egoísmo humano. As guerras têm a ver com a busca do poder e da afirmação de uma suposta supremacia de cor e raça. As guerras têm a ver inegavelmente com a religião vestida de uma justiça e um pseudo discurso político que justifica os fins independentemente dos meios…

Basta olharmos para as guerras mais recentes a partir do Vietnã, passando pelo Iraque e Líbia, até chegarmos no Afeganistão…

Basta olharmos para os Impérios do passado: Egípcio, Babilônico, Sírio, Grego, Romano…

Na realidade, uma guerra leva à outra, ao menos que haja paz…

Na França, as crianças aprendem e estudam sobre as duas guerras mundiais desde cedo. É um tema sério. É um tema que requer um profundo respeito pelos milhares de seres humanos que morreram. Cada cidade, por mais pequena que seja, possui um monumento e os nomes dos seus cidadãos que deram as suas vidas…

Saint-Romain-au-Mont-d’Or é uma cidade de 1.200 habitantes. Está ao lado de onde moramos. Conquanto seja uma cidade pequena, ela é um exemplo do que acabo de escrever. Sempre encontramos um memorial com os nomes das vítimas das guerras.

Pois bem, recentemente a Sophia voltou da escola e me explicou que todos os alunos estudaram sobre a I Guerra Mundial. A flor azul representava a França. A flor vermelha representava a Inglaterra. O fato da Sophia estudar em uma escola bilingue fez ela viajar pelas terras francesas e britânicas…

Foi no dia 11 de novembro de 1918, exatamente às 5h15. O Armistício foi assinado pelos representantes dos países aliados (França, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos) e também do exército alemão.

A ilustração alude ao momento da assinatura do armistício, dentro da carruagem-restaurante de um comboio estacionado na floresta de Compiègne, em França, a 11 de novembro de 1918 –  Stefano Bianchetti

De modo que o tal Armistício fora assinado em um vagão-restaurante localizado no meio da floresta de Compiègne, França. O anúncio estava feito. Fim da Primeira Guerra Mundial de 1914-1918.

Talvez você me pergunte, “Quais são os números da guerra, Fábio?”

Mortos em Guerra –  Aula Zen

Os números variam, mas falam de aproximadamente 10 milhões de mortos, incluindo 9 milhões de civis e 20 milhões de feridos.

– “Porque papai aconteceu esta guerra na Europa?”, pergunta a Sophia curiosa e esperando a minha resposta.

– “O egoísmo humano, filha. A busca pelo poder e da suposta supremacia…”

– “Porque as mulheres não iam para a guerra, papai?” A Sophia segue com o seu pensamento rápido e com muitas perguntas complexas.

– “Olha filha, eu acredito que a razão pela qual os homens iam à guerra era sobretudo para evitar que a familia perdesse a mamãe. A mamãe cuidava dos filhos. A mamãe amamentava os bebês. Portanto, se alguém tivesse que se sacrificar, este alguém seria o homem da casa”.

– “Papai, o teu vovô foi para a guerra?”

– “Boa pergunta, Sophia. O meu vovô nasceu no Brasil. Mas, o papai do meu vovô e da minha vovó, que por sinal são os teus bisavós, fugiram da Itália exatamente devido a I Guerra Mundial…”

Nesta semana, de tudo o que eu ouvi, conversei, e li sobre a I Guerra Mundial, o que mais me chamou a atenção foi a “oração” de um soldado britânico e ateu…

Um poema foi encontrado no seu corpo. O soldado britânico já estava morto. Era mais uma vítima da sangrenta I Guerra Mundial que foi lutada e feita no corpo a corpo, uma guerra de trincheiras, uma guerra que trouxe um cenário horroroso…

Olha, Deus, eu nunca falei com você antes. Mas agora quero te perguntar: “Tudo bem com você?” Veja Deus, eles me disseram que você não existia, e como um tolo, eu acreditei em tudo isso.

Ontem à noite, dentro de um buraco provocado por uma granada, eu vi o céu…

Naquele exato momento, eu percebi então que eles tinham me contado uma mentira.

Se eu tivesse dedicado tempo para ver as coisas que você fez, tudo teria sido diferente. Eu me pergunto, “Deus, e se você apertasse a minha mão…”

De alguma forma, sinto que você me entenderia. Engraçado eu ter que vir para este lugar infernal, um pouquinho antes de ver o teu rosto. Bem, acho que não há muito mais o que dizer, mas tenho uma certeza: “Deus, eu te conheci hoje”.

Eu acho que a “hora final” logo estará aqui. Mas eu não estou com medo, pois eu sei que você está aqui. O sinal! Bem, Deus, eu tenho que ir… Eu gosto muito de você, quero que você apenas saiba isto! Olha agora! Esta vai ser uma luta horrível…Quem sabe, posso ir à tua casa esta noite… Embora eu não tenha sido gentil e amigável com você antes.  Eu te pergunto: Deus, você se importa de me esperar na tua porta?” Olha, eu estou chorando! Estou derramando lágrimas! Eu gostaria de ter conhecido você antes… Bem, agora tenho que realmente ir. Estão me chamando. Nós vamos! Eu tenho que ir agora, Deus.  Adeus! Mas saiba que agora que eu te conheço, não tenho medo de morrer…

 

Fábio Muniz

Collonges-au-Mont-d’Or

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3 respostas

  1. Creio que.nos todos cedo ou mais tarde,aprendemos na escola sobre
    a primeira guerra mundial e sobre segunda .
    Mas,hoje li e aprendi muito muito,qto as guerras….mas estamos enfrentando atualmente outra guerra MUNDIAL,A covid 19…Q com certeza será inscrita ,em livros e também divulgada nas escolas ,como as guerras anteriores.
    E infelizmente,ainda a guerra não terminou.
    ATÉ A PRÓXIMA Fábio.
    Bjos

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