Fábio Muniz: Perdemos a Arte de Escutar!

Bom dia meus amigos queridos,

Esta semana eu estou em Chicago.

Para seguir a jornada do meu mestrado, entrei dentro de um mundo que sou apaixonado e me fascina. No entanto, não é um tema que agrada a todos. Para muitos é um tema delicado. Para outros, é um tema que ainda machuca.

Estou mergulhando em aulas sobre aconselhamento psicológico, traumas da infância, esquisitices familiares que carregamos para os nossos casamentos, sentimentos de seres imperfeitos e incapazes de educar as criaturas mais importantes das nossas vidas, ou seja, os nossos filhos…

E a lista segue: transferências das nossas culpas e fracassos, discussões em grupos sobre ansiedade, depressão, “burned out” e os efeitos da pandemia na sociedade, entre tantos outros temas tais como os conceitos Freudianos e Jungianos sobre sexualidade, individuação, sonhos, etc.

Isto posto, confesso que um livro tem me chamado muito a atenção: “The Lost Art of Listening” do autor Michael P. Nichols. Em Português seria traduzido por “A Arte Perdida de Escutar”.

Ora, a afirmação é inegável. Nós perdemos a capacidade de escutar. Ponto.

Nós ouvimos, mas não escutamos.

E quando escutamos, não praticamos a “arte de escutar” porque escutar é uma prática que requer prática. Simples assim.

Você me pergunta, “Fábio o que você quer dizer com isto? ”

Pois bem, podemos até “escutar”, mas se a nossa mente estiver vagando enquanto o outro fala, nos perderemos na tentativa de escutar sem perceber.

Por exemplo: Se eu estou mais preocupado em desenvolver o meu papel de advogado, pastor, psicólogo, padre, conselheiro ao invés de demonstrar genuíno interesse em escutar atenta e pacientemente o outro. Sinto muito dizer, mas nos perderemos no processo outra vez.

Quantas vezes queremos interromper ou interrompemos enquanto estamos escutando?

E mais ainda: Quantas vezes perguntamos para alguém “Como você está? ” No entanto, não temos interesse nenhum em escutar como está sendo o dia dele ou dela.

De modo que a nossa pergunta é muito mais parte de uma mecânica que estabelecemos, do que uma pergunta sincera que espera uma resposta. Até porque não queremos ter nenhuma resposta. Não temos tempo!

Isto posto, perdemos a arte de escutar.

Na realidade, a premissa para se perder “algo”, parte do princípio que um dia tínhamos “algo”. Mas a pergunta que eu faço é: “Será que praticávamos tal arte e a perdemos, ou nunca a tivemos?

Você é alguém que salta em conclusões antes de alguém terminar frases? Você é alguém que mostra simpatia, mas raramente empatia enquanto você está escutando alguém?

Aliás, o nosso “laboratório” da arte de escutar são as pessoas em teoria mais importantes da nossa existência. Elas fazem parte do nosso horizonte imediato!

Eu estou falando de saber escutar atentamente aos teus filhos. Não interrompendo o processo de escutar enquanto eles falam com você. Eu estou falando de não usar palavras defensivas quando o teu esposo está conversando com você. Eu estou falando de parar para ouvir a tua esposa quando ela está tentando dizer algo que significa muito para ela. Eu estou falando de ouvir os teus pais ainda que pareça existir um universo quântico de gerações, ideias e maneiras de ver a vida que nos separam.

Eu já estou concluindo.

O fato é que escutar com empatia e atentamente é uma arte. É muito mais profundo e sério do que ser simpático e demonstrar simpatia!

Escutar com empatia: Requer de nós uma disciplina. Requer de nós muita paciência. Requer de nós uma sincera intenção. Requer de nós uma estrada feita com um pavimento de humildade.

Se eu não estiver presente de alma, mente, corpo e coração, eu posso até ouvir; mas jamais escutarei verdadeiramente.

Se eu não estiver genuinamente interessado no outro, eu vou escutar com simpatia; mas jamais escutarei com empatia.

Eu desejo a vocês um bom dia, uma boa semana e uma boa prática de uma arte que está perdida. No entanto, não nos faltam oportunidades de praticá-la, pois temos 7 bilhões de chances todos os dias disponíveis para tal “treinamento”.

Sabe por quê? Porque temos 7 bilhões de habitantes no planeta Terra!

Que tal começarmos com o nosso horizonte imediato?

Comece praticando a tal arte de escutar com gente muito querida e que vive bem debaixo do mesmo teto que você.

Até a próxima.

Fábio Muniz

Collonges-au-Mont-d’Or

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

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