Fábio Muniz: Você já aprendeu a viver o aqui, e o agora?

Bom dia meus queridos amigos!

O título da coluna de hoje, tem a ver com uma pergunta que requer uma profunda disciplina. Viver o aqui, e o agora é um exercício diário que o ser humano deve buscar intencionalmente, praticar repetidamente, até que ele aprenda.

Na realidade, a tendência humana não é viver o aqui, e o agora!

Somos constantemente tentados pelas incontáveis distrações que nos remetem para viver sonhando com o futuro, e somos também tentados pelas inúmeras angústias de remorsos que nos querem manter reféns do passado.

Seja no futuro, ou no passado: eu me encontrarei encurralado, e não estarei vivendo o aqui, e o agora!

Do meu lado se encontra a Sophia, a minha filha que acaba de completar 9 anos de idade. Estamos dentro do avião, e em aproximadamente 11h30min chegaremos em Los Angeles para depois nos encontrarmos com a minha esposa Johnna, e a minha filha mais nova, Júlia em Santa Bárbara. Nos próximos dois meses, estaremos intensamente trabalhando nos Estados Unidos e falando com organizações, apresentando os nossos projetos, agradecendo parceiros que colaboram conosco, e certamente, aproveitaremos as férias das crianças para encontrar um tempinho para visitar amigos queridos e passar tempo com a familia.

Uma odisseia: pegamos um trem de Lyon a Paris. Depois pegamos um ônibus de Paris que nos conecta ao aeroporto. Depois, e finalmente, entre uma partida de “Uno”, bate-papo, e muito “Aqui, e agora”, pegamos o avião que nos trouxe à Los Angeles.

Eu fiz este pequeno preâmbulo apenas para te situar no tempo e no espaço, pois na semana passada, ficamos eu e a Sophia sozinhos em Lyon. Muitos de vocês me conhecem bem, outros nem tanto; há gente que apenas me lê, e nunca tivemos o privilégio de nos conhecer pessoalmente.

Portanto, eu te convido a ler um dos meus textos que escrevi sobre o nascimento da Sophia, em Saint Petersburg, na Flórida. O texto está disponível no portal do Andreoli e se chama: “E Deus?! Existe?”

Alegria na simplicidade de celebrar o aniversário da Sophia no Starbucks de Lyon. Trouxe de casa e fiz uma surpresa: coloquei a velinha em cima do bolinho de canela e cantei “parabéns pra você…”

Isto posto, o dia do aniversário da Sophia, foi um dos dias mais agradáveis já vividos entre nós: um verdadeiro aqui, e agora!

E talvez você me pergunte: “E por que você está dizendo-me isto, Fábio?”

Cada ano que passa, o meu coração se enche mais de alegria, mais de responsabilidade, e mais de gratidão pela sua vidinha. Mais uma vez, leia o meu texto “E Deus?! Existe?, e você saberá como a Sophia nasceu, e o contexto no qual me fez ver a sua vinda como um presente extraordinário de Deus para mim, e para a minha esposa.

Olha só. Eu estou neste processo: eu tenho aprendido a viver e praticar o aqui, e o agora.

No mês passado, todos nós fomos ao sul da França para uma conferência de trabalho, na linda cidade de Sète, e as crianças foram convidadas para nos acompanhar porque a nossa organização planejou ter alguém para cuidar da Sophia, da Júlia e de mais 4 crianças que são filhas dos nossos colegas que trabalham na Alemanha.

A garota que era responsável pelo grupo me chamou de lado no final da tarde e me disse:

– “Fábio, eu quero te dizer uma coisa”. Ela me dizia enquanto me olhava com os seus olhos assustados.

– “Sim, diga”. Eu percebi que ela estava surpresa e me diria algo que tinha a ver com a Sophia.

– “Eu fiquei sem palavras ao ver a Sophia se apresentando para uma garotinha que não estava no nosso grupo. Esta garotinha é surda e muda. A Sophia se apresentou. Disse o seu nome. E além disso, convidou a garotinha para se juntar, e brincar com todas as crianças”.

Não preciso mencionar que esta pessoa estava chocada. Os seus olhos estavam cheios de lágrimas. E os meus olhos obviamente se encheram de lágrimas também; estávamos, nós dois, tocados pela sensibilidade da Sophia de incluir, tocados pela intencionalidade e coragem da Sophia para se comunicar com o mínimo que ela aprendeu da linguagem não falada, ou seja, linguagem de sinais.

Parei tudo. Fui até a Sophia. Conversamos. Sem distrações. Eu lhe disse o quanto eu tinha sido tocado e me sentira orgulhoso da sua atitude. Aqui, e o agora!

Quais são as pessoinhas que te cercam e te inspiram? Quais são as responsabilidades que você têm, e papéis na vida que você desenvolve e são mais valorosos do que projetos e prazos que você possui? Quais são as pessoinhas que te convidam a passar tempo com elas, e viver o aqui, e o agora?

Eu encontro pais que infelizmente correram tanto atrás das suas carreiras, buscaram tanto as “tão esperadas promoções” que nunca foram à um estádio de futebol curtir uma partida com o filhão.

Eu vejo mães que no processo de cuidar dos filhos, sentiram-se tão frustradas que os filhos se tornaram muito mais um peso do que uma alegria na casa.

Eu encontro com filhos adultos que quando se reunem com os seus pais, não sabem o que conversar, porque nunca tiveram a intimidade e prazer de sentar com eles e bater um papo gosto.

Eu lamento as desavenças entre irmãos. Eu vejo toda hora, irmãos que não se falam. Irmãos que estão em competição. Irmãos que são alimentados pela inveja. Irmãos que são irmãos de carne, mas não nutrem nada em comum. Não possuem afeto. Não possuem carinho um pelo outro. Não possuem admiração.

Entre uma conversa séria, uma partida de “Uno”, um filme com uma pipoca, uma viagem de carro, trem ou avião, uma leitura ou prece antes de dormir, eu vejo o quanto sou privilegiado de aprender sendo pai: errando, mas aprendendo com os equívocos; não sabendo responder inúmeras perguntas, mas consciente que tenho que viver o dia chamado hoje, o aqui e agora.

No dia do seu aniversário almoçamos no restaurante japonês. A experiência de ter vivido no Japão, fez a Sophia ser apaixonada pela comida japonesa!

Um dos maiores desafios de ser pai, ou mãe; filho, ou irmão, tio, ou avó; seja qualquer papel que você desempenhe na tua família, um dos maiores obstáculos é a incapacidade de viver o aqui e agora.

As crianças crescem. E a gente nem vê elas crescendo.

Papai envelhece, e a gente é tentado a pensar que sempre haverá uma chance no futuro de a gente se conhecer melhor.

Vovó mora longe, então vamos fazer um WhatsApp e isto nos basta para tirar o peso da consciência.

O aqui, e agora é o presente. O aqui, e agora é o momento que você pode abraçar.

O aqui, e agora dura uma fração que não está no passado, nem no futuro.

O aqui, e agora deve ser vivido com prazer e gratidão: gratidão por cada encontro, gratidão por cada abraço, gratidão por cada lágrima também, gratidão por cada sorriso, gratidão por viver, e não meramente existir.

Eu te convido a viver o aqui, e agora e estar presente no chamado presente.

Não se distraia. Nunca é tarde demais!

Olhe ao redor, e não será difícil perceber quais são as pessoinhas que são os valores mais preciosos, e o maior patrimônio que você tem debaixo do Sol.

Comece hoje! Ame-os. Cuide deles. E você certamente provará uma alegria indizível.

Boa semana a todos vocês, e até a próxima.

Fábio Muniz

Em algum lugar do Oceano Atlântico, entre a Europa e a América do Norte.

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem de capa: Freepik

Imagens 02 a 05: Arquivo pessoal do colunista

Imagens 06: YouTube

 

 

6 respostas

  1. Mais um texto maravilhosamente simples e profundo. Viver no presente é a única coisa que realmente importa. Parece simples, mas não é fácil de colocar em prática. Parabéns pelo texto, meu amigo. Aproveitem bem o tempo nos EUA.

    1. Meu amigo Francisco,
      Que coisa boa ver você por aqui.
      Isto mesmo. Bem dito: “Parece simples, mas não é…”
      Eu ainda acrescentaria, o tal ditado “se fosse fácil, qualquer um faria:-)”

      Obrigado.
      Faremos de tudo para aproveitar os Estados Unidos. Já estamos aproveitando…
      Entre um workshop, reunião e qualquer outra atividade, sempre sobra um tempinho para relaxar, um café, um passeio na praia…

      Espero te ver em breve.
      Um forte abraço.
      Fábio

        1. Que bom! Fico feliz, mãe!
          Fico muito grato pela tua mensagem. Obrigado.
          Deus abençoe a vocês todos em São Paulo também.
          Até!
          Fábio

    1. Loriete,
      Obrigado e obrigado!
      Amanhã embarcamos para Tampa de Los Angeles. Espero ver você na semana que vem.
      Um beijo grande. Até breve.
      Fábio

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