Fábio Muniz: Você sabia que Jesus quase foi para a Grécia?

“Abgar, Rei de Edessa, saudações à Jesus, o bom Salvador que apareceu em Jerusalém: Eu tenho ouvido muito sobre você e das muitas curas que você tem realizado sem qualquer tipo de ajuda de ervas medicinais ou de medicamentos. Eu também ouvi que os judeus estão conspirando e querem te matar. Por favor, considere e saiba que o meu reino é pequeno. No entanto, ainda que seja pequeno a minha cidade é nobre, e no meu reino há espaço para nós dois”.

(Carta de Abgar, rei de Edessa para Jesus)

Bom dia meus amigos!

A tão conhecida Agora Romana.

É da linda Atenas que eu escrevo a coluna de hoje. Atenas de um pouco mais de 3 milhões de habitantes. Atenas do governador Péricles que foi um orador extraordinário e de uma eloquência inegavelmente fascinante. Atenas do Partenon que nos leva ao século IV a.C.

Partenon dedicado à deusa Atenas. Considerada pelos atenienses a patrona da cidade de Atenas. O Partenon durou apenas 9 anos para ser construído. A construção foi completada no ano 432 a.C.

Atenas de Platão e Sócrates…

Atenas de Alexandre, o Grande, e das muitas lições do seu mentor Aristóteles.

Areópago: palco de filósofos e oradores tais como Platão, Sócrates, Pericles e o apóstolo Paulo.

Atenas…

Atenas do apóstolo Paulo que discursa e prega o seu conhecido sermão: “O Deus Desconhecido” descrito na narrativa dos Atos dos Apóstolos no capítulo 17.

Atenas da influência romana…

Atenas, capital da Grécia.

Ora, eu poderia seguir e escrever um livro sobre esta civilização que nos deu o significado da democracia, da filosofia, do teatro e das suas muitas vertentes tais como a tragédia grega tanto quanto o drama grego. No entanto, a “bola da vez” é talvez algo que você nunca ouviu falar…

Você leu o título da coluna de hoje?

Você leu o primeiro parágrafo da coluna?

Pois bem, a primeira vez que eu ouvi sobre Jesus e a possibilidade de ter sido convidado para vir à Grécia eu me assustei, mas ao mesmo tempo eu me interessei muitíssimo para descobrir e ler mais sobre tal assunto.

Na realidade, eu ouvi tal assunto pela primeira vez em uma palestra de um intelectual extremamente culto que domina a teologia bíblica tanto quanto a história universal. No entanto, jamais tinha me deparado com qualquer material. Os “googles” e ferramentas globais não existiam para que eu pudesse fazer uma viagem na Internet e discernir entre “fake news” e material para ser estudado e avaliado…

Isto posto, o tema de Jesus e a Grécia voltou quando ao começar estudar a História da Igreja no meu Mestrado, eu li o excelente livro do Justo González, The Story of Christianity: Volume 1: The Early Church to the Dawn of the Reformation.

De modo que eu fui introduzido ao assunto no seu curto capítulo chamado Beyond the Borders of the Empire, que traduzido ao Português seria “Para além das Fronteiras do Império”.

Ora, González está se referindo aos ensinamentos de Jesus e a sua vida pública que teriam viajado para além do Império Romano. González ainda dirá que o teólogo e historiador do século IV Eusébio de Cesaréia escreveu sobre o assunto no seu conhecidíssimo livro Historia da Igreja ou Histórias Eclesiásticas que conta detalhes da história da Igreja ao longo dos primeiros quatro séculos.

Dito isto, o pano de fundo tem a ver com o rei de Edessa que segundo a tradição ou lenda tinha uma lepra incurável. Ele ouve sobre Jesus e tem consciência que os judeus estariam conspirando contra ele, pois Jesus já havia se tornado um indivíduo insuportável tamanha era a inveja nutrida no meio da elite religiosa judaica.

Pois bem, Abgar decide enviar tal carta para Jesus: carta que eu mesmo traduzi do livro do González e você acaba de ler no início da coluna. Abgar faz uma proposta para que Jesus venha à Grécia e fique salvo em território grego. Abgar imaginou o grande êxito de Jesus, dos seus princípios de vida, e ensinamentos no berço da filosofia e do pensamento grego.

Eu sei que você me perguntará: “E o que aconteceu depois, Fábio?”

Segundo a tradição há uma versão que Tadeu de Edessa, um dos discípulos de Jesus, foi enviado à Edessa com uma carta do próprio Jesus.

Ora, o que se segue é pura tradição e para alguns, muito mais uma lenda do que uma tradição…

O rei Abgar de Edessa se converte e se torna um cristão tanto quanto os principais homens do seu reino. Não foi uma conversão “Constantiniana” regada por motivos políticos. Não! Não foi….

Aliás, o Cristianismo como fenômeno social-religioso-institucional-econômico e político ainda não existia…

E mais ainda: o que nos deixa mais intrigados é o fato de ler que os gregos estavam buscando Jesus e queriam falar com ele. Encontramos esta narrativa no livro de João capítulo 12.

Pois bem, não temos quase nenhuma informação histórica ou de qualquer outra natureza de tal evento. O que lemos tem a ver com alguns gregos que vêm à Jerusalém para a festa da Páscoa. Diz o texto que tais indivíduos vieram para adorar a Deus, mostrando que eles tinham abraçado a fé judaica. Mas, nos ficam muitas perguntas sem respostas…

Como estes gregos ouviram falar de Jesus? Será que foi na Grécia, ainda estando em território grego e sob a influência da possível “fama” de Jesus em Edessa que eles ficaram curiosos?

Não tenho respostas. Não sei.

Aliás, nos primeiros quatro séculos tal assunto entre Jesus e Abgar se tornou uma tradição forte no meio da igreja…

Qual é a importância deste assunto?

Sinceramente, nenhuma!

Eu só estou escrevendo porque sou apaixonado por história e provavelmente não haveria uma outra oportunidade de falar e escrever sobre o tema se não estivesse hoje caminhando pelas ruas antiquíssimas de Atenas. E mais ainda: Jesus escolheu a cruz e não Edessa. Jesus escolheu a cruz, não a potencial fama filosófica no meio dos gregos. Jesus escolheu a cruz, ainda que pudesse ter dito no Getsêmani “Pai, se possível, afasta de mim este cálice!”. Ele seguiu escolhendo a cruz…

Um bom dia a todos vocês!

Até a próxima.

Fábio Muniz

Atenas

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem: Arquivo pessoal do Colunista

2 respostas

  1. Filho muito lindo e maravilhoso seu trabalho.
    Cada Dia aprendemos mais e mais com você.
    Você,um homem cristão abençoado e um abençoador.
    Orando sempre por tudo e por todos.
    Até breve.

  2. Filho maravilhoso muito lindo,o que você nos apresentou e nos ensinou.
    Você um cristão abençoado e um abençoador.
    Cada dia,aprendemos mais e mais,com sua sabedoria e dedicação ao trabalho do Senhor.
    Sempre orando por tds vocês.
    Você como Josué FORTE E CORAJOSO.
    ATE BREVE
    DEUS TE ABENÇOE SEMPRE.

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