Um sequestro relâmpago: Eu apenas gostaria de me casar, e ser pai!

Bom dia meus queridos amigos,

Na semana passada eu passei pela Rua Lituânia, no bairro da Mooca. Eu me lembrei de algo que aconteceu naquela rua quando eu tinha apenas 19 anos de idade.

Eu tinha acabado de tocar o meu violão e participado de uma reunião de oração quando entrei na Parati Atlanta do meu pai. Um carro se aproximou. Eram por volta das 11 horas da noite. Um Palio entrou na minha frente e me cortou. Eu fiquei sem ação. Dois rapazes saltaram do Palio e entraram na Parati. Um terceiro permaneceu no Palio e nos seguia. Uma arma estava apontada na minha cabeça. Eu estava no banco do passageiro. O rapaz dirigia a minha Parati em alta velocidade pela Rua Oratório. Havia um outro que estava no banco traseiro e tinha a sua arma na minha direção. As suas mãos tremiam. Os seus olhos brilhavam. Eu sabia que o garoto da arma estava completamente fora de si. Era perceptível a influência de drogas no seu corpo pela maneira que ele me olhava, pela maneira que ele me falava, pela maneira que ele dizia: “Quero o teu cartão de crédito!!!”

Ele gritava e insistia. Eu não tinha nada. Eu era apenas um garoto saindo de uma reunião de oração. Eu tinha apenas um violão Di Giorgio. Aliás, eu disse isto para eles. Eu ofereci o meu violão, mas eles não queriam saber do violão. Eles queriam o meu cartão de crédito. Eu não tinha dinheiro. Eu não tinha nenhum cartão de crédito!

Seguimos pelas ruas do bairro da Mooca. Parecia uma eternidade. Naquele momento “eterno” e que paradoxalmente carregava o poder significativo da velocidade do som, eu fiz uma oração: “Meu Deus, eu gostaria de viver mais. Eu não sei como é transcender desta vida para outra dimensão. Receba o meu espírito nesta noite. Eu vivi apenas 19 anos. Eu apenas gostaria de me casar, e ser pai!”

Eles me largaram. Corri para uma casa e chamei por ajuda. Contei o que havia sucedido e entrei em contato com a minha familia. Depois de algumas horas, a polícia localizaria a Parati Atlanta boiando em um rio na região de São Bernardo do Campo. Os sequestrados nunca foram encontrados.

“Fábio, por que você está fazendo esta introdução?”

Pois bem, os anos passaram. Hoje, estou escrevendo esta coluna de Serra Negra.

Há 20 anos eu não celebrava o Dia dos Pais no Brasil. Há 20 anos eu não passava o Dia dos Pais com o meu paizinho. Hoje, celebramos juntos o Dia dos Pais em Atibaia. Tomamos um gostoso café da manhã antes de viajar para Serra Negra com a minha esposa.

Depois de 20 anos, voltamos a celebrar juntos o Dia dos Pais no Brasil!

E mais ainda, é a primeira vez que as minhas filhas, Sophia e Júlia passaram o Dia dos Pais no Brasil. É a primeira vez que o Dia dos Pais ocorre no dia 13 de Agosto e coincide exatamente com o dia do nosso casamento.

Isto mesmo! Eu e a Johnna estamos celebrando hoje 12 anos de casados.

Chicago, 2011: Alessandra (a minha irmã), e a Johnna entre as suas irmãs Tanya e Lara.

Nos casamos em Chicago no dia 13 de Agosto de 2011.

Quem nos conhece sabe que vivemos em Lyon sem a presença gostosa dos avós, sem as brincadeiras e aniversários dos primos e primas, sem o paparico dos tios e das tias.

De modo que eu e a Johnna hoje conseguimos deixar a Sophia e a Júlia com os avós em Atibaia e passar 24 horas somente para nós. Hoje é um dia muito especial para mim!

Eu jamais imaginei que a minha oração seria ouvida e relembrada depois de quase 30 anos. No entanto, ela foi ouvida e atendida.Eu apenas gostaria de me casar, e ser pai!

Talvez você esteja lendo esta coluna e tenha a possibilidade de conversar com o teu pai todos os dias e celebrar o dia dos pais todos os anos, mas por algum motivo, por alguma razão, por algum desentendimento, você não o faz. Talvez você tenha a oportunidade de jantar com a tua esposa e curtir um cinema com ela quando você quiser, pois as crianças podem ficar na casa dos avós sem problemas, mas a tua agenda está sempre muito cheia. Aliás, volta e meia a tua esposa te pergunta: “Tem lugar para mim na tua agenda?”

Fontana Di Trevi – Serra Negra/SP

Talvez você está sempre muito ocupada no celular e não valoriza o café da manhã a sós com o teu marido que deseja começar o dia com você.

Talvez o tempo está passando e você tem se tornado refém da ingratidão, vive no teu dia a dia a personificação do Hardy da Hanna-Barbera. Você conhece ele? Você já se pegou dizendo, “Oh céus! Oh vida! Oh azar!”

Talvez você seja uma mãe e sempre diz que está sem tempo para os teus filhos. Não há conversa. Não há diálogo. Não há encontro.

Isto posto, eu te convido a viver a vida com toda alegria e intensidade.

Eu te convido a viver cada dia como se fora o teu último dia na existência debaixo do Sol.

Eu te convido a celebrar o Dia dos Pais todos os dias. E mais ainda, celebre o Dia das Mães todos os dias, celebre o Dia das Crianças todos os dias, celebre o Dia dos Filhos todos os dias, celebre o Dia do Vovô e da Vovó todos os dias, celebre o Dia do Amigo todos os dias!

Um beijo grande a todos vocês. Até a próxima!

 

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagens: Arquivo pessoal do colunsita

4 respostas

    1. Olá Loriete,
      Você tem razão. São orações que fazemos que nem nos damos conta que são orações quando as fazemos. Nos daremos conta quando olhamos para trás e percebemos que foram ouvidas.
      Um beijo grande!
      Fábio

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