Sueli Oliveira: O Demônio de Codinome Ciúmes.

O ciúme é considerado um sentimento afetivo normal manifestado em diversos tipos de relacionamentos interpessoais quando saudável é a forma de zelar e cuidar do outro, transcendendo sua demonstração de carinho em silêncio ou mesmo em doces palavras explicitando à admiração pela beleza ou mesmo pelo charme do outro como uma forma gentil de demonstrar afeição e admiração ao ser amado.

Não há um padrão estabelecido para uma pessoa ciumenta, todos nós somos ciumentos, ser ciumento ou ter ciúmes não é uma demonstração de amor ou excesso do mesmo é um comportamento aprendido por isso pode ser modificado.

Há quem diga que não sente ciúmes, será? Importante saber que tanto o homem quanto a mulher podem desenvolver ou projetar este sentimento, que varia do normal ao patológico como; dominador, obsessivo possessivo, delirante com ou sem transtorno de conduta em forma de perseguição e sequestro da privacidade do outro.

A causa do ciúme é projeção da frustração sobre o outro através dos seus próprios medos, baixo-autoestima, insegurança, aliado a uma fantasia, por falta de segurança agindo de tal maneira a não enxergar o tão quanto ciumento é, transferindo a culpa do ciúme ao outro por suas manifestações de sentimento de posse.

O excesso de ideações, assim como seus impulsos são imagens criadas pela própria mente, que o leva a criar e cultivar fantasmas inexistentes a ponto de o ciumento confiscar bolsas, celulares, roubar senhas das redes sociais, querendo provar a qualquer custo que o outro está o enganando.

O ciumento é um desequilibrado comportamental com alteração psíquica em função de suas próprias loucuras, faz da vida do outro um inferno, veste-se de demônio em forma de gente quando quer constranger sua vítima.

Como é de o ciumento enxergar tudo distorcido, persegue, ameaça e indaga seu parceiro, aonde foi com quem estava é o horário que se encontrava no local, verifica o waze e as informações contidas sobre as rotas, tudo isso como forma de intimidar e ter o controle da rotina diária do outro.

A perversidade do ciumento não para por aí, ultrapassa seus próprios limites, alguns desenvolvem   agressividade pela fixação de uma infidelidade inexistente. O cárcere e tanto que faz questão de escolher as vestimentas, cor de cabelos, corte de cabelo, esmalte, sapatos e maquiagem no qual sua parceira deve usar.

Tal como esperado a pessoa vítima do ciúme também adoece e desenvolve dentro de si emoções e sentimentos, como raiva, medo, dor, frustração, depressão, sentimentos de desamparo, desamor, desvalor e ressentimentos por ser acusada de algo que não cometeu, levando a mágoas, desesperança e inquietude.

Traumas como este se não trabalhado internamente ao longo da vida pode interferir e atrapalhar relacionamentos futuros.

 

A manifestação somática deste sentimento é um sofrimento para quem sente ciúmes, vai da emoção a lesão, como taquicardia, mãos frias, dor no peito, dor no estomago, insônia, ansiedade, depressão, angustia, sensação de morte eminente, dor no peito, cefaleia, perda de apetite entre muitos outras, trazendo prejuízo social, como; focar nos estudo, trabalho e atividades rotineiras por idealizar que a pessoa tem outro em sua vida.

Mas de onde vem este ciúme?  Pode vir da infância, pode vir das perdas da infância, como o pano de cheirar, a chupeta, separação de pais, perda de um dos genitores ou cuidador, no jardim da pré-infância a maneira como os educadores ensinavam a dividir o brinquedo com os coleguinhas, até mesmo vivências afetivas de relacionamentos abusivos por ciúmes no seio familiar e a excitação preferencial entre irmãos e primos.

A psicoterapia ajuda muito a identificar de onde surgiu e como ressignificar este sentimento, falar sobre ajuda a expulsar o dragão de cem cabeças que mora dentro da mente do ciumento, evitando que estes sentimentos tomem uma proporção incontrolável e doentia, só assim se pode desmistificar a nascente do ciúme, alguns indivíduos precisam de medicamentos anti-psicóticos quando o ciúme é patológico.  O importante é tratar não deixar o monstro crescer é não ter vergonha de falar e conversar sobre assunto.

Quem ama não prende quem ama liberta quanto mais se prende mais a pessoa se afasta. Quanto mais a pessoa deixa outra livre mais perto ela fica. Cada escolha é uma renúncia, estar bem consigo corpo e mente ajuda no desvio de pensamento sobre o outro.

Não se pode viver bem com alguém que não se confia, não se pode viver desconfiando a todo instante, isso não é amor é controle quem ama respeita, tudo começa pelo respeito, respeito próprio, autocontrole, administração do seu próprio self e autoestima.

O outro é apenas um coadjuvante na sua vida, não seu objeto de posse.  Não deu certo vamos em busca do próximo, mas calma antes de sair de um relacionamento doentio, faça uma faxina na sua vida, olhe para dentro de si, seja sua prioridade modifique o que deve ser modificado, tire aprendizados, caso contrário, atrairá para si outro relacionamento como o anterior, daí não adianta reclamar e dizer que tem dedo podre.

A base de um relacionamento saudável é construída pela confiança e respeito, se falta equilíbrio no relacionamento reveja seus valores aceitáveis dentro de uma normalidade e procure a paz interior afinal ninguém merece isso, viver em pé de guerra e ser vigiado o tempo todo.

A Psicóloga – Sueli Oliveira

 

Imagens: Freepik

2 respostas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens